Tudo o que o médico precisa saber sobre hemograma: série plaquetária

Complementando o conteúdo sobre a análise laboratorial do hemograma, chegamos a sua terceira e última parte, a série plaquetária (plaquetometria).

Complementando o conteúdo sobre a análise laboratorial do hemograma, depois de falarmos da série vermelha e da série branca em textos anteriores, chegamos a sua terceira e última parte, a série plaquetária (plaquetometria).

De uma maneira geral, a contagem absoluta de plaquetas e seus índices aparecem na porção final dos laudos de hemograma que são emitidos pelos Laboratórios Clínicos.

enfermeiro tirando sangue de paciente em laboratório para hemograma

Hemograma

As plaquetas correspondem aos fragmentos citoplasmáticos dos megacariócitos, que são produzidos na medula óssea, a partir de uma célula-tronco de linhagem megacoriocítica. Possuem a forma de pequenos discos, de 2 a 4 micrômetros e volume de 5 a 7 fL, basofílicos com grânulos azurofílicos, possuindo meia-vida de aproximadamente 8 a 10 dias.

Sua contagem pelos analisadores hematológicos modernos é muito mais precisa do que a contagem manual, já que utilizam técnicas avançadas que se baseiam nos princípios da impedância, ótico e/ou de imunologia para sua determinação. Do mesmo modo que acontece nas séries vermelha e branca, em algumas situações a visualização das plaquetas nas distensões sanguíneas por microscopia ótica faz-se necessária.

Uso, indicações e índices

A contagem de plaquetas circulantes no sangue periférico pode ser utilizada na avaliação, diagnóstico e seguimento de distúrbios hemorrágicos, trombóticos e de processos neoplásicos. Também pode ser utilizada para uma avaliação indireta do funcionamento da medula óssea, bem como em pacientes portadores de algumas doenças autoimunes ou em uso de drogas que podem induzir uma plaquetopenia.

Seus valores de referência para a contagem absoluta e, especialmente, de seus índices podem variar entre os Laboratórios e o método/aparelho empregado. Para uma contagem normal de um adulto, podemos ter como base a variação entre 150.000 e 450.000/mm3 (150 a 450 x 109/L ou 150.000 a 450.000/microlitros).

Em relação aos índices, cada aparelho/fabricante pode fornecer alguns específicos, porém os mais comuns são:

  • Volume Plaquetário Médio (VPM): É determinado a partir da média aritmética do volume das plaquetas. Em condições medulares normais, seu valor é inversamente proporcional à contagem plaquetária. Em analogia à série vermelha, se compara ao VCM (volume corpuscular médio);
  • Plaquetócrito (PCT): A partir de determinação do VPM e da contagem absoluta de plaquetas, têm-se o plaquetócrito (equivalente ao hematócrito da série vermelha);
  • Platelet Distribution Width (PDW): Corresponde à amplitude de distribuição volumétrica das plaquetas, ou seja, a diferença entre o menor e o maior tamanho das plaquetas analisadas. Semelhante ao RDW (red cell distribution width) da hematimetria.

Leia mais: Pseudoplaquetopenia induzida pelo anticoagulante presente nos tubos de hemograma (EDTA)

Interferentes e Limitações

O ritmo circadiano afeta a quantidade de plaquetas circulantes, tendo o seu nível mais alto em torno do meio-dia. Dessa forma, é recomendado a coleta sempre no mesmo horário, para fins de comparação.

Agregados de plaquetas e satelitismo plaquetário (plaquetas ligadas à membrana de neutrófilos) são capazes de causar contagens falsamente baixas. Tais situações podem ser desencadeadas pelo anticoagulante presente nos tubos para hemograma (EDTA), e por isso requer uma nova coleta de amostra com o anticoagulante presente no tubo utilizado para provas comuns de coagulação (citrato de sódio). A presença de aglutininas, agregação espontânea ou por coleta inadequada também são causas de resultados falsamente baixos.

Fragmentos de citoplasma de leucócitos associados a neoplasias linfoides e mieloides, bem como fragmentos de eritrócitos, podem “confundir” os analisadores hematológicos automáticos, causando falsos aumentos na contagem plaquetária. Crioglobulinemia e hipertrigliceridemia também são associadas a aumentos espúrios de plaquetas.

Referências bibliográficas:

  • Henry JB. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 20ª ed. São Paulo: Editora Manole; 2008.
  • Jacobs DS, Demott WR, Oxley DK. Jacobs & demott laboratory test handbook with key word index, 5th ed. Hudson, OH: Lexi-Comp, Inc; 2001.
  • Kanaan S. Laboratório com interpretações clínicas. 1a ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2019.

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