Tudo o que o médico precisa saber sobre o hemograma: série branca

Dando sequência aos conteúdos sobre as três principais partes do hemograma, vamos abordar os principais dados e células que podemos extrair da série branca.

Dando sequência aos conteúdos sobre as três principais partes do hemogramasérie vermelha (hemácias), branca (leucócitos) e plaquetária (plaquetas) – vamos abordar os principais dados e células que podemos extrair da série branca do hemograma, parte fundamental do mecanismo de defesa do organismo.

Hemograma

Atualmente, aparelhos hematológicos automatizados nos fornecem, com uma boa precisão e exatidão, a contagem absoluta e relativa dos leucócitos. Por meio de técnicas que utilizam (em conjunto ou separado) princípios óticos, imunológicos, impedanciométricos e de condutividade, na maioria das situações eles conseguem distinguir os elementos. Existem aparelhos que realizam contagens diferenciais dos leucócitos em três, cinco ou sete partes, e que fornecem outras informações específicas, que variam conforme o fabricante.

Quando há alguma suspeita de anormalidade na contagem automatizada, esses aparelhos são calibrados para nos fornecerem alguns alarmes, denonimados “flags”, que chamam a atenção do laboratorista para uma análise mais detalhada do caso (extensão sanguínea corada em lâmina para avaliação microscópica).

Quais informações são disponibilizadas no laudo?

Os elementos celulares do leucograma podem ser divididos, tradicionalmente, em granulócitos polimorfonucleares (basófilos, eosinófilos e neutrófilos) e em mononucleares (linfócitos e monócitos). Os neutrófilos, por sua vez, são subdivididos em mielócitos, metamielócitos, bastões e segmentados.

A contagem global dos leucócitos (leucometria) nos dá o quantitativo absoluto de todos os leucócitos encontrados, em mm3. Seus valores de referência (VR) para um adulto jovem variam de 3.900 a 10.200/mm3.

Os basófilos são granulócitos polimorfonucleares, apresentando cerca de 10 a 14 micrômetros de diâmetro, com núcleo pouco evidente devido a sobreposição dos grânulos de coloração negro-violácia (após serem corados) presentes no citoplasma. VR: 0,00 a 0,20 x 109/L (em média 0,5% dos leucócitos).

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Assim como os basófilos, os eosinófilos também fazem parte da série granulocítica. Sua célula madura possui cerca de 12 a 17 micrômetros de diâmetro, com núcleo geralmente bilobulado, e com grânulos citoplasmáticos corados pela eosina, apresentando uma cor vermelho-alaranjada. VR: 0,02 a 0,50 x 109/L (em média 3% dos leucócitos).

Já os neutrófilos (VR: 1,5 a 7,7 x 109/L, correspondendo a aproximadamente 59% do leucócitos) se subdividem, em ordem crescente de maturação:

  • Mielócitos: 18 a 20 micrômetros de diâmetro, núcleo ovalado com cromatina mais frouxa, citoplasma rosado e grânulos neutrofílicos. Sob condições normais, não aparecem no sangue periférico. VR: 0,00;
  • Metamielócitos: 14 a 16 micrômetros de diâmetro, núcleo reniforme, com cromatina mais densa. Seu citoplasma é rosado, com grânulos primários e secundários. Sob condições normais, também não costumam aparecer no sangue periférico. VR: 0,00;
  • Bastões: 12 a 15 micrômetros de diâmetro, com núcleo em aspecto de ferradura e cromatina grosseira, com citoplasma acidófilo e granulações neutrófilas. VR: 0,00 a 1,10 x 109/L (em média 3,0% dos leucócitos totais);
  • Segmentados: 12 a 14 micrômetros de diâmetro, núcleo lobulado, com citoplasma acidófilo, e presença de grânulos finos. VR: 1,7 a 7,2 x 109/L (em torno de 56% dos leucócitos).

Os linfócitos pertencem ao grupo dos leucócitos mononucleares. Eles não possuem grânulos citoplasmáticos específicos, e podem ser chamados de pequenos (diâmetro de 6 a 10 micrômetros, alta relação núcleo-citoplasma) e grandes (10 a 16 micrômetros de diâmetro, geralmente com núcleo arredondado e cromatina densa, com citoplasma de coloração azul-celeste). Essa classificação, contudo, não apresenta nenhum significado importante. VR: 1,1 a 4,5 x 109/L (em torno de 34% dos leucócitos).

Por fim os monócitos, que também pertencem ao grupo dos mononucleares. Em condições fisiológicas, é a maior célula do sangue periférico, com 14 a 18 micrômetros de diâmetro. Seu núcleo é pleomórfico, com condensação da cromatina um pouco mais “frouxa”, citoplasma azul-acinzentado, contendo granulações finas azurófilas. Quando saem da circulação, migrando para os tecidos, passam a ser denominados de macrófagos. VR: 0,10 a 0,90 x 109/L (em média 4% dos leucócitos).

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A interpretação adequada de um leucograma depende de vários fatores, devendo-se levar em conta o valor absoluto e relativo das células, a história clínica e os achados morfológicos à microscopia.

Referências bibliográficas:

  • Henry JB. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 20ª ed. São Paulo: Editora Manole; 2008.
  • Jacobs DS, Demott WR, Oxley DK. Jacobs & demott laboratory test handbook with key word index, 5th ed. Hudson, OH: Lexi-Comp, Inc; 2001.
  • Kanaan S. Laboratório com interpretações clínicas. 1a ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2019.

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