Um novo propósito para a denervação renal

Enquanto a denervação renal ainda tem resultados conflitantes em relação a redução da pressão arterial, pesquisa-se seu uso em outra patologia.

Enquanto a denervação renal ainda apresenta resultados conflitantes em relação a redução da pressão arterial, cientistas na Rússia, Polônia e Alemanha vêm pesquisando seu uso em outra patologia, a fibrilação atrial (FA).

O princípio fisiopatológico é de que o sistema nervoso autônomo influencia diretamente na perpetuação da fibrilação atrial e a denervação renal teria papel importante ao reduzir essa influência. Um estudo piloto mostrou bons resultados em um procedimento duplo de ablação da FA (isolamento das veias pulmonares) e denervação renal.

Médico analisa os dados de estudo recente sobre o uso de denervação renal em Fibrilação Atrial.

Denervação renal

O estudo ERADICATE-AF decidiu testar se a denervação renal associada ao isolamento das veias pulmonares produzia um efeito antiarrítmico mais pronunciado e prolongado em pacientes com fibrilação atrial.

Características do estudo

Foram avaliados 302 pacientes em um estudo multicêntrico, randomizado. Os pacientes randomizados eram hipertensos, ainda que só tomassem uma medicação e possuíam fibrilação atrial paroxística. Eles foram divididos em 2 grupos, um seria submetido apenas ao isolamento das veias pulmonares enquanto o segundo grupo seria submetido ao mesmo procedimento acrescido da denervação renal.

Leia também: Ablação alcoólica da veia de Marshall para fibrilação atrial persistente funciona? [ACC 2020]

Pacientes com incapacidade de realizar a ablação da FA por cateter, que possuíam IC classe IV da NYHA ou fração de ejeção menor que 25%, anatomia da artéria renal considerada inelegível para o procedimento, renais crônicos (TFG < 45 mL/min/1,73m²) , ou expectativa de vida menor que 1 ano foram excluídos do estudo.

Características populacionais:

  • Idade média: 60 anos;
  • Sexo: 60% homem 40% mulher;
  • Insuficiência cardíaca NYHA II: 77%;
  • PA média: 150×90 mmHg;
  • Principais medicamentos: IECA / BRA, Bloqueadores dos canais de cálcio/betabloqueadores.

Resultados

O desfecho primário era a não ocorrência de arritmias atriais por 12 meses. O desfecho secundário era composto por complicações do procedimento em 30 dias e controle da pressão em 6 a 12 meses.

Dos pacientes que realizaram os 2 procedimentos, 72,1% ficaram livres de arritmias atriais por 12 meses em comparação com 56,2% dos pacientes que realizaram apenas o isolamento das veias pulmonares (RR, 0.57; 95% IC, 0.38 a 0.85; P = .006).

Veja ainda: Relação entre hipertensão e doença renal crônica

Mensagem prática

Embora esses achados sejam limitados pela falta de um grupo de controle de procedimentos falsos. Estudos adicionais são necessários antes que o uso rotineiro deste procedimento adjuvante possa ser recomendado.

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Referências bibliográficas:

  • Steinberg JS, Shabanov V, Ponomarev D, et al. Effect of Renal Denervation and Catheter Ablation vs Catheter Ablation Alone on Atrial Fibrillation Recurrence Among Patients With Paroxysmal Atrial Fibrillation and Hypertension: The ERADICATE-AF Randomized Clinical Trial. JAMA. 2020;323:248.

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