Uma gravidez segura é possível para mulheres com doença pulmonar intersticial?

Mulheres que, previamente, têm doença cardiorrespiratória, podem ser aconselhadas a evitar a gravidez, ou serem contraindicadas a gestar.

O período da gravidez envolve mudanças em praticamente todos os aparelhos ou sistemas da mulher. Entre essas mudanças, os sistemas cardiovascular e respiratório em especial apresentam uma transformação de quase 80% em seus volumes, capacidades, necessitam adaptações impressionantes. Assim é que mulheres, que previamente à gestação têm alguma doença cardiorrespiratória, podem ser aconselhadas a evitar a gravidez, ou até mesmo serem contraindicadas a gestar sob risco de complicações graves, podendo culminar com a morte da mãe, feto ou de ambos no terceiro trimestre ou parto, épocas de maior requisição fisiológica.

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Uma gravidez segura é possível para mulheres com doença pulmonar intersticial?

Estudo recente

Dentre os vários grupos de doenças pulmonares, em particular o das doenças intersticiais levantou interesse de estudo num grupo da Universidade de Duke (Carolina do Norte – EUA) que levou seu estudo para a reunião anual da Academia Americana de Reumatologia, em sessão virtual em 8 de novembro de 2020. Devido a raridade dos casos, pesquisadores estudaram de forma retrospectiva de 1996 a 2019 todas as gestantes que procuraram atendimento na Universidade de Duke com doença respiratória grave intersticial secundária a doenças autoimunes. As pacientes eram classificadas em sua gravidade de acordo com sua Capacidade Vital Forçada (CVF):

  • normalidade: CVF > 80%;
  • doença leve: 60% < CVF <79%;
  • doença moderada: 40% < CVF < 59%;
  • doença grave: CVF < 40%.

Para medir os efeitos adversos dessa disfunção pulmonar na gravidez usaram como parâmetros os protocolos PROMISSE-APO:

  1. Pré-eclâmpsia;
  2. Parto prematuro antes de 36 semanas;
  3. Pequeno para idade gestacional;
  4. RN menor percentil 5 para idade;
  5. Morte fetal > 12 semanas;
  6. Morte neonatal.

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E o PROMISSE-APO SEVERO:

  1. Pré-eclâmpsia com parto prematuro antes de 34 semanas;
  2. Parto prematuro antes de 30 semanas;
  3. Morte fetal mais de 12 semanas;
  4. Morte neonatal.

Resultados

Com a inclusão de 67 gestantes com 94 gestações (5 gestações gemelares), com média de idade de 32 anos, 69% tinham sarcoidose e as outras 31% tinham doenças do tecido conjuntivo com doença pulmonar intersticial sobreposta. Em 64 gestantes conseguiram avaliar a gravidade do acometimento pulmonar:

  1. 11% acometimento severo (todas do grupo de doença tecido conjuntivo);
  2. 25% acometimento moderado;
  3. 50% acometimento leve;
  4. 14% pulmões função normal.

A apresentação do estudo durante o encontro, concluiu que, apesar do acometimento pulmonar ser comum, até podendo ser grave, a morbidade e mortalidade materna é baixa. Assim sendo essas gestantes com doença pulmonar intersticial têm possibilidade de manter a gestação sem necessidade de abreviação do parto, com monitorização rigorosa tanto do obstetra como do especialista ou até subespecialistas em doenças respiratórias. Essa monitorização cerrada deve compreender os períodos pré, intra e pós-parto também.

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