Urinálise: fatores pré-analíticos a serem considerados

Como outras áreas do laboratório clínico, a urinálise também foi impactada com a introdução de novas tecnologias e de processos de automação.

A urina é um dos principais materiais biológicos solicitados na prática clínica, sendo de interesse comum às mais variadas especialidades médicas. Por ser um material de fácil obtenção e extremamente “rico” de informações, sua análise fornece dados valiosos ao raciocínio clínico-diagnóstico, que vão além da fisiopatologia do trato gênito-urinário em si. 

Assim como em outras áreas do laboratório clínico, a urinálise também foi muito impactada com a introdução de novas tecnologias e de processos de automação. Esses avanços proporcionaram uma melhora da padronização, aumento da capacidade de produção e acurácia, contribuindo para uma diminuição significativa dos erros analíticos nos últimos anos. 

Entretanto, a parte pré-analítica (àquela etapa dos exames laboratoriais que vão desde o momento da requisição médica até a sua análise propriamente dita), ainda impacta diretamente na qualidade e confiabilidade dos exames de urina, sendo certamente um dos maiores desafios a serem superados atualmente.

Saiba mais: A proteína de Bence Jones na urina possui valor no diagnóstico do mieloma múltiplo?

urinálise

Instrução, preparo, coleta e armazenamento da urina em amostra isolada

O laboratório clínico é quem possui os meios e a responsabilidade de informar, detalhadamente, sobre todo o processo do exame, favorecendo que a amostra analisada reflita a real condição clínica de cada paciente.  

De uma forma genérica, não há a necessidade de nenhum preparo específico para a coleta de uma amostra isolada de urina. Contudo, fatores como dieta, tempo de jejum, menstruação, uso de medicamentos, atividade física (ex.: proteinúria, hematúria, cilindros) e sexual (ex.: proteinúria, aumento de células epiteliais, contaminação por fluídos sexuais), podem proporcionar alterações em algumas características da urina que devem ser levadas em consideração quando da interpretação dos resultados. 

Deve ser entregue ao paciente um frasco próprio para a coleta de urina, com um rótulo contendo o nome, e espaço para a colocação da data e hora da coleta, além de informações sobre assepsia (preferir sabonetes neutros) e coleta do material.  

A coleta de urina de rotina deve ser feita com, no mínimo, duas horas de intervalo da última micção. O paciente deve se abster de praticar exercícios físicos intensos ou atividade sexual por pelo menos seis horas. Recomenda-se evitar a coleta da urina em mulheres no período menstrual, porém, se a mesma for inadiável, a utilização de tampões vaginais pode ajudar a evitar a contaminação com o fluxo menstrual. 

Nos pacientes com controle esfincteriano, a coleta do jato médio com assepsia (seja da primeira ou segunda urina da manhã) é a preferível. Para os demais pacientes que não possuem esse controle (ex.: crianças, pacientes idosos acamados, etc.), o uso de sacos coletores é frequentemente utilizado. Apesar de simples, sua aplicação deve ser feita por profissionais treinados. 

A urina necessita ser entregue ao laboratório o mais rapidamente possível, em até duas horas após a coleta. Passando desse período, a amostra precisa ser refrigerada (não congelar).

Quiz: Resultados divergentes de proteína urinária. O que será?

Mensagem final 

Os fatores pré-analíticos são, nos dias de hoje, a maior fonte de erros dos exames laboratoriais. Dessa forma, essa etapa dos exames é de grande preocupação dos laboratórios clínicos, já que alguns fatores pré-analíticos dependem dos pacientes e são mais difíceis de serem controlados. É sempre importante que, ao interpretar um resultado de exame de urina, os médicos levem em consideração os possíveis fatores interferentes e suas implicações.

A fim de que seus resultados sejam os mais fidedignos possíveis, proporcionando assim uma correta interpretação e tomada de conduta médica, as amostras de urina devem ser representativas e sem fatores interferentes. Para tanto, o laboratório deve seguir fielmente seus protocolos institucionais, além de informar clara e precisamente seus pacientes sobre todos os aspectos que envolvem o exame.

Referências bibliográficas:

  • SBPC/ML. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): fatores pré-analíticos e interferentes em ensaios laboratoriais. 1.ed. Barueri: Manole, 2018.
  • Saramela MM, Fernandes TRL. Avaliação da fase pré-analítica do exame de urina de rotina em laboratório privado da cidade de Maringá, Paraná, Brasil. J. Bras. Patol. Med. Lab.2021;57(1):1-6. doi: 10.5935/1676-2444.20210013
  • Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Revista Informativa da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, 115ª ed; 2021. Disponível em: http://www.sbpc.org.br/noticias-e-comunicacao/revista-noticias-medicina-laboratorial-115/ 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Tags