Urticária autoimune em adultos

O teste de controle da urticária em adição ao UAS7, é importante para avaliar a qualidade de vida bem como o controle da doença.

A urticária é uma dermatose frequente que acomete de 15 a 20% da população, com, pelo menos, um episódio agudo da doença na vida. É causada por mastócitos e se apresenta com pápulas acompanhadas ou não de angioedema.

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Embora seja uma doença comum, sua patogênese não é bem definida. A pesquisa atual sobre urticária concentra-se em três tópicos: caracterizar as células e mediadores envolvidos, identificar os mecanismos de ativação de mastócitos e investigar processos autoimunes associados.

Classificação da urticária autoimune

É classificada do ponto de vista de evolução em: aguda (até seis semanas) ou crônica (além de seis semanas de curso clínico).

A urticária crônica (UC) pode ser dividida em “urticária crônica espontânea” (UCE), representada com urticas e/ou angioedema de surgimento espontâneo, resultante de causa conhecida, como a autorreatividade decorrente de mastócitos ativados por autoanticorpos, ou de causas desconhecidas; e “urticárias induzidas” (dermografismo sintomático, urticária ao frio, urticária de pressão tardia, urticária solar, urticária ao calor, angioedema vibratório, urticária colinérgica, urticária aquagênica).

Nessa classificação, outras doenças similares que podem cursar com urticas e/ou angioedema não são consideradas subtipos de urticária devido aos seus distintos mecanismos fisiopatogênicos.

Diagnóstico

A abordagem diagnóstica tem como objetivos excluir diagnósticos diferenciais, observar atividade da doença e identificar desencadeantes ou causas subjacentes. A anamnese detalhada é um componente fundamental para o diagnóstico, onde duração, frequência e possíveis gatilhos são analisados, além de história familiar, presença de sintomas sistêmicos e tempo de início das lesões.

Após anamnese e exame físico detalhados, exames complementares podem ser úteis, como hemograma, VHS (velocidade de hemossedimentação), dosagem da proteína C reativa (PCR), pesquisa de agentes infecciosos (por exemplo, Helicobacter pylori), hormônios da tireoide e autoanticorpos, testes alérgicos intradérmicos, investigação de doença sistêmica (como a dosagem sérica de triptase) e exame histopatológico da lesão.

A atividade da doença pode ser analisada pelo UAS7, um escore unificado e simples, que avalia os sinais-chave da urticária, urticas e prurido, documentados pelo doente.

O teste de controle da urticária (UCT, urticaria control test), em adição ao UAS7, é importante para avaliar a qualidade de vida bem como o controle da doença, tanto na prática clínica quanto nos protocolos de investigação. O escore de UCT varia entre 0 e 16, e quanto maior o valor, melhor o controle da doença. Representa um instrumento que permite auxiliar decisões terapêuticas.

Tratamento

O objetivo do tratamento é alcançar a remissão da doença. É necessário identificar e eliminar, quando possível, causas subjacentes; afastar fatores desencadeantes e uso de agentes farmacológicos na prevenção da desgranulação e liberação de mediadores mastocitários e/ou sobre os efeitos desses mediadores.

O tratamento anti-histamínico deve ser contínuo e sempre visar ao controle completo da doença (UAS7=0) ou UCT>12. Os anti-histamínicos orais são as drogas de primeira linha no tratamento da urticária crônica, especialmente os não sedativos, antagonistas dos receptores H1, como a cetirizina, fexofenadina, loratadina, ebastina, levocetirizina, desloratadina, rupatadina, epinastina e bilastina. A segunda linha de tratamento consiste no aumento da dose do anti-histamínico até atingir dose quadruplicada, com acompanhamento do hepatograma e orientação detalhada aos doentes.

O Omalizumabe, agente de terceira linha nas urticárias crônicas refratárias às abordagens iniciais (primeira e segunda linhas de tratamento, é um anticorpo monoclonal humanizado contra o domínio cε3 da IgE, o qual está próximo ao local de ligação com os receptores FcεRI dos mastócitos e basófilos e FcεRII. A dose ideal para urticária é de 300mg a cada quatro semanas. Em média, metade dos doentes (52%) apresenta controle da urticária após a 12ª semana e 62% após a 24ª semana nos estudos de fase III da molécula. Não apresentam resposta ao tratamento 11% dos pacientes. O tratamento inicial deve ser mantido por 24 semanas e a manutenção deve ser individualizada.

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Como quarta linha, algumas medicações podem ser utilizadas, embora sem fortes evidências publicadas, como a ciclosporina. Em caso de falha dos tratamentos anteriores, drogas como a colchicina, dapsona e metotrexato foram descritas, mas possuem baixo nível de recomendação e apresentam apenas relatos ou estudos de pequenas séries de casos.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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