Urticária crônica espontânea: 79% recebem diagnóstico errado

A urticária crônica espontânea atinge 1,5 milhão de brasileiros, apresenta maior incidência nas mulheres e prejudica muito a qualidade de vida.

A urticária crônica espontânea (UCE) atinge 1,5 milhão de brasileiros, apresenta maior incidência nas mulheres e prejudica muito a qualidade de vida dos pacientes, sendo pior inclusive para aqueles com hanseníase ou psoríase.

Como a doença provoca máculas e pápulas eritematosas na pele, além de muito prurido, é comumente confundida com diferentes tipos de alergia. Até mesmo pelos profissionais de saúde, de acordo com uma pesquisa realizada pela Novartis em parceria com o Instituto Ipsos Brasil.

estetoscópio em cima de prontuário de paciente com urticária crônica espontânea

Medical records and stethoscope

Urticária crônica espontânea

O estudo, realizado em abril de 2019 com 183 pacientes, revela que 79% deles receberam o diagnóstico errado de uma alergia comum antes de finalmente descobrirem o motivo real das lesões.

Para a alergista Suzana Altenburg, preceptora do ambulatório de alergia dermatológica da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, difícil mesmo é descobrir o fator desencadeante da enfermidade o que aflige demais o paciente, que por sua vez sempre quer uma resposta concreta da sua etiologia.

“Na sua grande maioria, 50% desses pacientes continuarão a apresentar a doença um ano após a visita inicial ao médico, 20% poderão ter episódios da por mais de 20 anos e somente em 30% dos casos chegamos ao diagnóstico do fator desencadeante”, esclarece a especialista.

Sintomas e duração

Os casos de urticária crônica espontânea aparecem em surtos, podendo surgir em qualquer período do dia ou da noite, durando horas e desaparecendo sem deixarem marcas na pele.

Embora seja mais comum em adultos jovens (entre 20 e 40 anos), pode ocorrer em qualquer idade, sendo constatada quando os sintomas persistem por mais de seis semanas.

“O quadro consiste no aparecimento súbito de lesões eritematosas e pruriginosas, bordas definidas, de localização, tamanho e formas variadas e duração variável”, define a alergista.

A UCE é muito confundida com alergia, pois ambas apresentam sintomas semelhantes. Porém, ao contrário da alergia, a UCE não é causada por agentes externos como comida, produtos de limpeza ou picada de inseto, mas sim pelo próprio organismo.

As urticas coçam intensamente e mudam de lugar, ficando no máximo 24 horas no mesmo local e somem sem deixar marcas. Estas lesões duram mais de seis semanas e podem estar ou não associadas a edema de partes do corpo, principalmente lábios, olhos e boca.

“Para ser ter uma ideia do quadro, às vezes a coceira é tão intensa que há privação do sono e a imprevisibilidade das crises gera um estado mental sobrecarregado, aumentando nos pacientes com UCE o risco de transtornos de ansiedade”, afirma Luis Felipe Ensina, especialista em Alergia e Imunologia Clínica e coordenador do Centro de Referência e Excelência em Urticária (UCARE).

Confira: Quais lesões dermatológicas podem indicar doenças sistêmicas?

Dados da pesquisa

Levantamento realizado no 1° semestre de 2019 pela Novartis, tendo como base 352 pacientes do Programa Bem-Estar com Urticária Crônica Espontânea mostrou a dificuldade de se chegar ao diagnóstico correto: 66% dos consultados afirmaram que foram informados de que as máculas eritematosas apresentadas estavam associadas a quadro alérgico; quando indagados sobre quanto tempo levaram para obter o diagnóstico de UCE após o surgimento do primeiro sintoma, mais da metade (52%) levou mais de um ano.

Outros aspectos interessantes da pesquisa estão relacionados à questão emocional dos pacientes. Eles foram questionados sobre os impactos invisíveis da enfermidade e existe, de fato, uma associação entre a UCE e os transtornos como ansiedade e depressão; 63% tiveram ansiedade após o aparecimento dos sintomas e 37,7% tiveram depressão.

Os impactos não param por aí. A UCE também afeta o trabalho, 60% dos entrevistados já faltaram algumas vezes por conta da enfermidade e 29% não faltam, mas têm dificuldade de concentração ao desempenhar atividades rotineiras.

E, por fim, para 74% os sintomas de UCE afetam e muito a qualidade de vida.

Tratamentos

Com o tratamento adequado, 92% dos pacientes podem obter o controle completo dos sintomas da urticária crônica espontânea, vivendo com uma qualidade de vida equivalente à de uma pessoa sem a doença.

Como nos casos de UCE, 25% a 33% dos pacientes não respondem ao tratamento com antialérgicos, mesmo em doses aumentadas, o médico deve avaliar outras opções de tratamento mais modernas já disponíveis no Brasil.

“O tratamento medicamentoso é realizado com anti-histamínicos de segunda geração com doses que podem ser duplicadas, triplicadas ou quadruplicadas, corticosteróides; antagonista de receptor de leucotrieno (Montelucaste), imunossupressores ou imunomoduladores, como Ciclosporina, Methotrexato e Imunoglobulina intravenosa, e outros agentes, como Hidroxicloroquina; Colchicina; Dapsona e Sulfassalazina”, explica Suzana Altenburg.

Prevenção

A melhor forma de prevenir a UCE é aconselhar o paciente a se afastar dos fatores desencadeantes da enfermidade. Em seguida, é necessário descobrir quais são esses “gatilhos”. Também é indicado evitar calor, bebidas alcoólicas e estresse, pois são fatores que pioram a irritação.

“A dieta alimentar costuma ajudar a melhorar o problema mais rapidamente, evitando o reaparecimento das lesões durante o tratamento, mas essas orientações são falíveis e muitos pacientes irão manter o quadro cutâneo apesar de segui-las”, alerta a alergista.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.