USG é útil na monitoração de cateter central de inserção periférica?

É importante reduzir a exposição de RN em UTIN à radiação. O monitoramento radiográfico de cateter central de inserção periférica contribui para a exposição

Uma meta extremamente relevante em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é a redução da exposição dos recém-nascidos (RN) à radiação. O monitoramento radiográfico de cateter venoso central de inserção periférica (Peripherally Inserted Central Catheters – PICCs) contribui muito para essa exposição.

Dados sobre exposição à radiação específica para PICC em RN não estão disponíveis. Há relatos, no entanto, de que RN com peso muito baixo ao nascer recebem uma média de 25 a 26 radiografias durante sua internação em UTIN.

Embora o significado em longo prazo dessa exposição à radiação seja incerto, faz sentido explorar modalidades práticas e seguras de geração de imagens alternativas para confirmar a posição do PICC. A ultrassonografia (USG) pode fornecer essa alternativa, caso realizada por um operador experiente. A USG tem a vantagem de evitar a radiação ionizante e pode ser usada como uma ferramenta prática para monitorar a posição do PICC à beira do leito.

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recém-nascido em uti neonatal para inserção de cateter central

Monitorização do cateter central de inserção periférica

A colocação de PICC guiada por USG demonstrou diminuir as manipulações e radiografias para verificar a posição do cateter, mas o uso de USG para monitoramento contínuo de PICC ainda não foi amplamente explorado.

Dessa forma, com o objetivo de avaliar a viabilidade e a precisão da USG point-of-care (Point-Of-Care Ultrasound – POCUS) no monitoramento da posição do PICC em RN por médicos não radiologistas, Motz e colaboradores (2019) realizaram o estudo piloto intitulado Point-of-care ultrasound for peripherally inserted central catheter monitoring: a pilot study, publicado no Journal of Perinatal Medicine.

Metodologia

Motz e colaboradores (2019) conduziram um estudo de coorte prospectivo, comparando a localização da posição do PICC por USG em RN com uma radiografia recente. A USG foi realizada usando um protocolo padronizado com transdutores lineares de 13 a 6 MHz e 8 a 4 MHz por um fellow neonatal-perinatal cego para a localização do PICC na radiografia.

Resultados

  • Foram incluídos 30 RN; Destes, 96,6% (n = 29) eram prematuros, com 63,3% (n = 19) com peso inferior a 1500 g;
  • A idade gestacional média e o peso da população estudada foram 29,4 semanas [desvio padrão (DP) 4,6] e 1404,3 g (DP 907,3), respectivamente;
  • O operador de USG foi capaz de identificar o PICC em todos os exames. A localização do PICC por USG correlacionou-se com as radiografias de tórax, em relação ao mesmo vaso, em 94% dos exames;
  • A duração média da inserção do PICC foi de 18,9 dias (DP 13,8 dias);
  • O tamanho do PICC variou de 1,2 a 3,0 French;
  • O tempo de varredura dependeu da localização: 5 a 10 minutos para os PICC inseridos na extremidade inferior e 10 a 15 minutos para os PICC colocados na extremidade superior;
  • O protocolo apresentou sensibilidade de 0,97, especificidade de 0,66, valor preditivo positivo de 0,98 e valor preditivo negativo de 0,571.

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Conclusão

Os pesquisadores demonstraram que o POCUS realizado por um único operador pode ser viável e preciso na avaliação da localização do PICC. A generalização desses resultados é limitada pela abordagem de usuário único do POCUS, mas pode ser avaliada com maior abrangência em estudos futuros.

O treinamento necessário para uso da USG também precisa ser considerado. Todavia este estudo é um exemplo de apoio ao crescente uso de POCUS em UTIN.

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Referência bibliográfica:

  • MOTZ, P. et al. Point-of-care ultrasound for peripherally inserted central catheter monitoring: a pilot study. J. Perinat. Med. 2019.

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