Uso da azitromicina em Covid-19. Sim ou não?

Um preprint do Recovery foi divulgado, junto com um comunicado oficial dos pesquisadores responsável, sobre uso da azitromicina em Covid-19.

2020 está terminando, mas os estudos científicos importantes para a abordagem do Covid-19 continuam sendo publicados. Esta semana, mais um preprint do Recovery foi divulgado, junto com um comunicado oficial do grupo de pesquisadores responsável. Desta vez, a temática central foi o uso da azitromicina em Covid-19.

O Recovery é um ensaio clínico randomizado, coordenado pela Universidade de Oxford, iniciado em março de 2020 para testar vários medicamentos contra Covid-19. Já publicamos alguns resultados aqui no portal sobre o uso da corticoterapia e sobre antirretrovirais deste mesmo ensaio. Outras medicações, como plasma convalescente, tocilizumab, aspirina e colchicina, ainda seguem em teste no estudo.

Sobre o uso da azitromicina em Covid-19

A droga da vez é a azitromicina, que tem sido amplamente prescrita contra Covid-19, inclusive para casos ambulatoriais.  Ainda que, até o momento, não haja nenhuma evidência convincente de seu efeito nos resultados clínicos em Covid-19. Já discutimos aqui no Portal os resultados do estudo Coalizão que não mostrou benefício no uso da medicação em pacientes internados.

No Recovery foram inscritos mais de 20.000 pacientes, em 176 hospitais do NHS no Reino Unido. Um total de 2.582 pacientes foram randomizados para azitromicina e comparados com 5.182 pacientes randomizados para suporte clínico usual. Os pacientes entraram no estudo em média oito dias após o início dos sintomas. O braço da azitromicina foi encerrado em 27 de novembro.

Uma análise preliminar não mostrou nenhuma diferença significativa no desfecho primário de mortalidade em 28 dias (azitromicina 19% vs. 19% suporte clínico usual; Risco Relativo 1,00 [intervalo de confiança de 95% 0,90-1,12]; p = 0,99). Também não houve evidências de efeitos benéficos sobre o risco de progressão para ventilação mecânica ou tempo de internação hospitalar. Sobre efeitos colaterais, não foram observadas diferenças significativas na frequência de novas arritmias.

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Mensagem prática

A equipe no Recovery ressaltou que os resultados encontrados excluem qualquer benefício clínico significativo da azitromicina nos pacientes hospitalizados com Covid-19, porém não é possível tirar conclusões sobre o uso da azitromicina ambulatorialmente, já que os pacientes estudados estavam internados. 

Aguardamos a publicação oficial do manuscrito e novos estudos sobre o uso da azitromicina, principalmente, com foco ambulatorial.

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