Uso de ferramentas de rastreio de distúrbios de ansiedade para as adolescentes e mulheres

A coalisão Women’s Preventive Services Initiative publicou uma diretriz de rastreio de distúrbios de ansiedade para as adolescentes (> 12 anos) e mulheres.

A coalisão norte-americana Women’s Preventive Services Initiative (WPSI) formada por organizações de profissionais de saúde voltados para mulheres e representantes de pacientes publicou, em julho de 2020, uma diretriz de rastreio de distúrbios de ansiedade para as adolescentes a partir de 13 anos e mulheres (incluindo gestantes e puérperas) com o objetivo de promover a saúde com diagnóstico precoce e tratamento. Nesta resenha, destacaremos os principais pontos dessa diretriz.

Os distúrbios de ansiedade englobam o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno do pânico, os distúrbios de ansiedade de separação, social ou escolar, fobias específicas, mutismo seletivo e agorafobia. Esses distúrbios são mais prevalentes no sexo feminino e podem iniciar na infância em média a partir dos 11 anos de idade ou na idade adulta e geralmente diminuem a partir de 60 anos. É importante destacar que os distúrbios de ansiedade aumentam em frequência e intensidade na gestação e no puerpério. Também impactam a vida social, escolar, laboral e afetiva, podendo estar associado a depressão e suicídio. É importante excluir distúrbios tireoideanos e uso de drogas.

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Mulher em meio a natureza em tratamento para distúrbios de ansiedade

Metodologia usada na diretriz

A diretriz foi feita por meio de uma revisão sistemática que avaliou 171 estudos, dos quais foram incluídos 33 estudos e duas revisões sistemáticas. E visou responder as seguintes perguntas:

  1. Qual é a efetividade de rastrear e avaliar distúrbios de ansiedade na melhora de sintomas, função e qualidade de vida?
  2. Qual é a acurácia dos métodos de rastreio para distúrbios de ansiedade incluindo diferenças entre grupos populacionais?
  3. Quais são os potenciais riscos desse rastreio? 

Resultados da revisão sistemática

Sobre as questões 1 e 3 referentes à efetividade e aos riscos de fazer o rastreio de distúrbios de ansiedade, não foram identificados estudos que avaliassem diretamente a efetividade global ou os riscos do rastreio.

Já sobre a questão 2 sobre a acurácia dos métodos de rastreio para distúrbios de ansiedade incluindo diferenças entre grupos populacionais, observou-se que o uso de ferramentas de rastreio aplicadas pelo clínico ou autoaplicadas têm alta acurácia na detecção desses distúrbios. Quando a ferramenta de rastreio for positiva para distúrbio de ansiedade, é necessário fazer avaliação mais aprofundada com ferramentas diagnósticas como o DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) e estabelecer o tratamento adequado. Os estudos ainda não avaliaram diferenças entre grupos populacionais.

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A diretriz sugere usar ferramentas validadas que fazem rastreio simultâneo para a depressão como “Patient Health Questionnaire–4 for anxiety and depression” e “Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS)” para mulheres adultas, “Edinburgh Postnatal Depression Scale” para gestantes e puérperas e “Bright Futures Pediatric Symptom Checklist–Youth Report” para adolescentes e mulheres jovens. Ainda não se sabe qual é a frequência adequada para aplicação dessas ferramentas de rastreio. Recomenda-se que sejam aplicadas para as adolescentes e mulheres que não tenham sido rastreadas recentemente.

O tratamento inicial desses distúrbios geralmente é feito com terapia cognitiva comportamental e outros tipos de psicoterapia com efetividade moderada a alta, e baixo risco de danos. Se for necessário tratamento medicamentoso, as medicações mais usadas são inibidores seletivos da receptação de serotonina e inibidores da recaptação de noradrenalina com risco moderado de efeitos colaterais.

Conclusão

Essa diretriz é pioneira na recomendação do uso de ferramentas de rastreio de distúrbios de ansiedade, que tem alta acurácia e parecem potencializar sua detecção a fim de conduzir a tratamento adequado. São necessários mais estudos para avaliar a efetividade geral e os potenciais danos do rastreio de distúrbios de ansiedade como diagnóstico falso e excessivo.

Referências bibliográficas:

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  • Kroenke K, Spitzer RL, Williams JB, Löwe B. An ultra-brief screening scale for anxiety and depression: the PHQ-4.  2009;50(6):613-621. doi:10.1176/appi.psy.50.6.613
  • Faro A. Análise Fatorial Confirmatória e Normatização da Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). : Teor. e Pesq. Brasília, 2015 set;31(3):349-353.   Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722015000300349&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 21 jul. 2020.
  • Cox JL, Holden JM, Sagovsky R. Detection of postnatal depression. Development of the 10-item Edinburgh Postnatal Depression Scale. Br J Psychiatry. 1987;150:782-786. doi:10.1192/bjp.150.6.782
  • BRIGHT FUTURES TOOL FOR PROFESSIONALS. Pediatric Symptom Checklist (PSC). Disponível em https://www.brightfutures.org/mentalhealth/pdf/professionals/ped_sympton_chklst.pdf. Acesso em 21 de julho de 2020.

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