Uso de testosterona e risco de eventos tromboembólicos

Existem diversos fatores de risco para o problema, porém destaca-se a reposição hormonal, como em casos de reposição de testosterona no homem.

A trombose venosa profunda (TVP) de membros inferiores é uma condição caracterizada pela formação de um coágulo no interior de um vaso sanguíneo, podendo ser proximal (envolvendo veias poplíteas, femorais ou ilíacas) ou distal (vasos que sucedem as veias poplíteas).

Os três mecanismos fisiopatológicos principais associados ao desenvolvimento de trombose, que caracterizam a tríade de Virchow, são a lesão do endotélio vascular, estase sanguínea e hipercoagulabilidade. Quando o trombo se desprende, pode haver uma complicação potencialmente fatal, o tromboembolismo pulmonar (TEP).

Existem diversos fatores de risco para o problema, como a idade, presença de neoplasias e imobilização prolongada, porém, destaca-se a reposição hormonal relacionada ao eixo gonadal, como em casos de uso de anticoncepcionais orais, na terapia hormonal da menopausa e também na reposição de testosterona no homem.

médico indicando reposição de testosterona a paciente masculino

Terapia de reposição de testosterona

Neste último aspecto, a terapia de reposição de testosterona é indicada quando há o diagnóstico clínico e laboratorial de hipogonadismo. O que se sabe é que a administração de testosterona exógena, especialmente em concentrações muito acima das fisiológicas poderia levar a um estado de hipercoagulabilidade ao aumentar o hematócrito e promover aumento nos níveis de tromboxano A2, que ativa e favorece maior agregação de plaquetas.

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O estudo

Um grande estudo transversal recentemente publicado procurou avaliar a associação do uso de testosterona em homens com e sem hipogonadismo e o risco de TVP. As informações foram obtidas através de um banco de dados de registros médicos americanos, totalizando 39622 homens, seguidos por 12 meses antes do evento de TEP.

Eles foram analisados quanto à prescrição de testosterona um, três ou seis meses antes do evento, por diversas vias de administração (transdérmica ou intramuscular). Homens sem diagnóstico de câncer, com idade inferior a 65 anos que receberam testosterona tiveram um risco duas vezes maior de TVP\TEP comparados com os controles, sem diferença quanto à via de administração. Em relação ao tempo, o risco foi maior nos primeiros três meses de tratamento.

Outro dado significativo é que naqueles sem hipogonadismo, ou seja, naqueles sem indicação de reposição hormonal, o risco de TVP\TEP foi maior nos mais jovens, com idade inferior a 65 anos, demonstrando a necessidade de cuidado em quem adota esta prática.

As limitações deste estudo existem, como o fato de utilizar banco de dados como fonte de informação, o que faz com que o diagnóstico de hipogonadismo tenha utilizado diferentes definições, bem como havia diversidade nas doses e apresentações de testosterona não se podendo diferenciar em quais subgrupos este risco seria maior ou não.

A mensagem principal é que o risco de eventos tromboembólicos deve ser considerado quando o médico prescreve a reposição de testosterona em homens com hipogonadismo e também naqueles sem o problema em que a prescrição é feita para outros fins que não o indicado.

Referências bibliográfica:

  • Walker, RF et al. Association of Testosterone Therapy with Risk fo Venous Thomboembolism among Men with and without Hypogonadism. JAMA Internal Medicine Nov 11 2019 E1-E8.

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