Pequeno estudo realizado em Taiwan demonstrou benefício significativo do uso da membrana de circulação extracorpórea (ECMO) durante parada cardiorrespiratória (PCR), evidenciando melhora significativa na função neurológica deste pacientes a longo prazo. O uso da ECMO durante a parada cardíaca melhora a perfusão e oxigenação tecidual diminuindo o tempo de hipoxemia e determinando melhores desfechos.
O estudo, retrospectivo, observacional e unicêntrico, comparou os resultados de 20 pacientes em parada cardíaca por fibrilação ventricular que receberam ECMO durante a parada com 40 pacientes de controle, que receberam apenas a ressuscitação cardiopulmonar convencional.
Paciente que receberam ECMO tiveram tempo de reanimação mais longos (70 minutos x 34 minutos), receberam mais tentativas de desfibrilação (9,7 x 6,5) e mais doses de adrenalina (11,2 x 8,3). Obtiveram maior probabilidade de retorno da circulação espontânea (95% x 48%), e maior sobrevivência com manutenção de boa função neurológica na alta hospitalar (40% x 8%).
Embora os resultados sejam realmente impressionantes, devemos considerar as limitações deste estudo antes de investir em aparelhos de ECMO para todas as emergências. Tratando-se de um estudo observacional e retrospectivo, um viés de seleção importante pode justificar estes resultados. Afinal, como escolheram quem recebia ECMO e quem não recebia?
Pacientes com ECMO no mínimo precisam de um acesso venoso profundo, o que inviabiliza este procedimento em pacientes que chegam a unidade de emergência já em parada cardiorrespiratória e que seriam, portanto, os mais graves e de piores desfechos. Sendo assim, embora o resultado seja curioso e animador, novos estudos devem ser realizados a fim de revelar o real benefício desta intervenção. Apenas um ensaio clínico prospectivo e randomizado pode realmente demonstrar resultados que justifiquem mudanças na prática.
O artigo completo está disponível para leitura em:
https://www.resuscitationjournal.com/article/S0300-9572(15)00171-9/fulltext