Vacina contra influenza em alta dose em pacientes com alto risco cardiovascular

Alguns estudos já mostraram que a vacina de influenza pode reduzir eventos cardiovasculares em alguns grupos de pacientes.

Alguns estudos já mostraram que a vacina de influenza pode reduzir eventos cardiovasculares em alguns grupos de pacientes. Dois estudos de 2014 e 2015 mostraram que a vacina trivalente em altas doses (com maior concentração de hemaglutinina), comparada a vacina em dose padrão reduziu infecção por influenza, internações e eventos cardiopulmonares graves. Em outro estudo, moradores de casas de repouso que receberam a vacina em altas doses tiveram menos hospitalização por doença pulmonar, sem diferença de mortalidade. Foi feito então um estudo com objetivo de avaliar se a vacina em altas doses teria benefício em uma população de alto risco cardiovascular.

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Vacina contra influenza em alta dose em pacientes com alto risco cardiovascular

Método do estudo e população envolvida

Os critérios de inclusão eram: pacientes internados por infarto agudo do miocárdio (IAM) no último ano ou por insuficiência cardíaca (IC) nos últimos 2 anos associado a pelo menos um dos seguintes fatores de risco: idade maior que 65 anos, fração de ejeção do ventrículo esquerdo menor que 40%, diabetes, IMC maior ou igual a 30 kg/m2, doença renal crônica (clearence menor que 60 mL/min), AVC isquêmico, doença arterial periférica, tabagismo ou antecedente de IAM ou AVC. Os critérios de exclusão eram os relacionados a alergia ou complicações da vacina já conhecidas, infecção aguda 14 dias antes ou febre 7 dias antes da randomização.

Os participantes foram randomizados para receber a vacina trivalente em altas doses ou a vacina quadrivalente em dose padrão, anualmente, por 3 anos consecutivos. O desfecho primário foi o tempo até ocorrência de mortalidade por todas as causas ou hospitalização por causa pulmonar ou cardiovascular. O desfecho secundário era mortalidade por todas as causas, hospitalização por causa pulmonar ou cardiovascular e o tempo para ocorrência desses eventos.

Resultados

Foram avaliados 5.260 pacientes de 157 centros dos EUA e Canadá. As características dos dois grupos eram semelhantes e, em relação aos critérios de inclusão, 63% dos participantes tiveram IC e 37% IAM como critérios.

Não houve diferença entre os grupos na avaliação de desfecho primário, secundário ou na análise de subgrupos. O estudo foi encerrado antes do programado pois atingiu o número de eventos necessários e sua continuação foi considerada fútil. Os efeitos colaterais mais comuns foram dor no local da injeção (26%), mialgia (17%) e edema local (6%) e sua ocorrência foi maior no grupo que recebeu a vacina em altas doses. Eventos graves ocorreram em aproximadamente 2% dos pacientes.

Ao contrário de estudos anteriores, este não mostrou benefício no uso da vacina em altas doses. A principal diferença dos estudos prévios é que os pacientes selecionados foram de alto risco cardiovascular e a ocorrência de eventos nos dois grupos foi bastante alta, sendo que o potencial benefício da vacina pode ter se diluído. Outro motivo para possível não benefício foi o fato de a vacina em dose padrão ser quadrivalente, com proteção contra o Influenza B, que também pode trazer complicações nesta população. Além disso, a efetividade da vacina, que é variável, pode ter sido baixa neste período, o que atenuaria algum potencial benefício da alta dose.

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Nos dois grupos houve baixa taxa de hospitalização por influenza, mostrando benefício da vacinação, independente da dose. Além disso ambas foram bem toleradas e houve poucos efeitos colaterais importantes. Como conclusão, há benefício da vacinação nos pacientes de alto risco cardiovascular, visto pela baixa taxa de internação por este motivo, sendo que não há preferência nesta população por vacina em dose padrão ou altas doses.

Referências bibliográficas:

  • Vaderny O, et al. Effect of High-Dose Trivalent vs Standard-Dose Quadrivalent Influenza Vaccine on Mortality or Cardiopulmonary Hospitalization in Patients With High-risk Cardiovascular Disease. JAMA. 2021;325(1):39-49. doi:1001/jama.2020.23649

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