Vacinação contra Influenza e a redução de antibioticoterapia ambulatorial

A vacinação contra a Influenza pode ajudar na redução da antibioticoterapia prescrita contra síndromes respiratórias agudas (SRA).

As síndromes respiratórias agudas (SRA) são responsáveis por uma grande parcela da prescrição de antibióticos (ATBs). Entretanto, estima-se que a infecção pelo vírus influenza seja a causa de 23-35% das SRA, dessa forma poderíamos pensar que a prevenção através da vacinação resultaria em diminuição do uso indiscriminado da antibioticoterapia e, consequentemente, menos resistência bacteriana.

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Paciente sob tratamento de antibioticoterapia para influenza

Método

Para investigar essa hipótese, um grupo de pesquisadores analisou o banco U.S Flu VE (U.S Influenza Vaccine Effectiveness Network) para estimar a proporção de SRA para quais foram prescritos antibióticos que poderiam ser evitados através da vacinação contra Influenza. Esse banco de dados é composto por 50-60 centros de saúde que estão afiliados a 5 institutos de pesquisa que contabilizam a efetividade da vacina contra Influenza anualmente. São registrados todos os pacientes com mais de 6 meses de vida que procuram atendimento por SRA (definida como tosse com menos de 7 dias de duração).

A redução do uso de antibióticos causado pela vacinação da Influenza é função da efetividade da vacina, cobertura vacinal, prevalência da infecção pelo vírus e proporção de pacientes com a infecção viral que usaram antibióticos. Assim, foram analisados os dados de 5 anos (2013-2014 até 2017-2018) e todos os pacientes foram testados para Influenza através da reação de cadeira da polimerase em tempo real (RT-PCR), porém, o resultado não estava disponível para o médico na tomada de decisão.

Os pacientes foram divididos em três classes de acordo com a adequação da prescrição de antibiótico:

  • Classe 1 – ATB quase sempre indicado: pneumonia.
  • Classe 2 – ATB pode ser indicado: faringite, sinusite, otite média.
  • Classe 3 – ATB não é indicado: infecções virais do trato superior, bronquite, alergia, asma.

Características dos pacientes

Durante o período analisado, 37.487 pacientes com SRA foram triados. Desses, 18.807 (50%) eram vacinados contra Influenza e 9.659 (26%) tinham PCR positiva, confirmando o diagnóstico. Cerca de 36% (13.316) com SRA receberam antibioticoterapia e, desses, 26% tiveram diagnóstico de Influenza. Assim, estimou-se que a vacinação contra Influenza reduziria em 3,8% a prescrição de ATBs durante o período analisado.

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Conclusão sobre vacinação e antibioticoterapia

Esses resultados são consistentes com outros estudos que mostram que há exagero na antibioticoterapia para SRA: cerca de 11-43% de pacientes com Influenza, recebem prescrição de ATB. Dessa forma, o diagnóstico rápido de síndrome respiratória aguda relacionada à Influenza (com uso métodos moleculares) facilita o início rápido de antiviral e reduz o uso indiscriminado de antibiótico. Vale ressaltar que sinais e sintomas clínicos são preditores ruins da infecção por Influenza.

Referências bibliográficas:

  • Smith ER, et al. Reducing Antibiotic Use in Ambulatory Care through Influenza Vaccination. Clinical Infectious Diseases. 2020;ciaa464. doi:10.1093/cid/ciaa464

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