Vacinação em crianças contra a Covid-19: fazer ou não fazer, é uma questão?

A vacinação contra Covid-19 para crianças e adolescentes brasileiros ainda é tema de controvérsias, dúvidas e fake news sobre sua importância.

A vacina contra Covid-19, embora disponível para as crianças e adolescentes brasileiros, ainda é tema de controvérsias, dúvidas e fake news que questionam a sua importância. A vacinação desse público é  uma importante estratégia para redução do  número de mortes pela doença na faixa etária pediátrica em nosso país.  

Vacinação em crianças

Vacinação em crianças

Apesar de observado que maior parte das crianças e adolescentes infectados tem apresentado formas clínicas brandas da doença, com menos hospitalizações e óbitos quando comparados com a população adulta, a Covid-19 gerou impacto nesta população, sendo responsável por aproximadamente 34 mil casos notificados e mais de 2.500 mortes, além de ter provocado consequências com potencial gravidade, como a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, que já registrou mais de 1.400 casos confirmados e 85 óbitos. A taxa de letalidade (número de mortes em relação ao número de casos) por síndrome respiratória aguda grave entre crianças e adolescentes, no Brasil, foi de 7%.

Quando comparada a países desenvolvidos, a taxa de mortalidade atribuída à Covid-19 em menores de 19 anos foi muito mais relevante em nosso país (41 óbitos para cada 1.000.000 de indivíduos contra taxas de 11 e 4,5 nos EUA e Reino Unido, respectivamente, até novembro de 2021).

Estudos populacionais demonstram que crianças e adolescentes são tão expostos ao Sars-Cov-2 quanto adultos e também são vetores de transmissão do vírus, apesar de o fazerem de forma menos relevante que adultos.  

As pesquisas com a vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer/BioNTech, foram realizadas tanto para adolescentes de 12 a 17 anos como para crianças de cinco a onze anos, para que os imunizantes pudessem ser distribuídos a essas faixas etárias. 

Estudos

Em relação aos adolescentes, o estudo de Frenk e colaboradores (2021) publicado no New England Journal of Medicine (NEJM), concluiu que a vacina era segura, apresentava resposta imune melhor do que em adultos jovens, com boa eficácia contra a doença causada pelo Sars-Cov-2. Estudos posteriores que avaliaram segurança da vacina, especialmente em relação a miocardite/pericardite, desfecho raro após as vacinas de RNAm, mostraram que a prevenção de casos, número de hospitalizações e óbitos por Covid-19 superavam a ocorrência de casos de miocardite em todos os grupos etários.

Publicado em janeiro de 2022, o estudo de Walter e colaboradores, também pelo NEJM, obteve bons resultados. Após duas doses em uma apresentação com dez microgramas (correspondente a 1/3 da apresentação utilizada em adolescentes e adultos) as crianças de cinco a onze anos apresentaram resposta de anticorpos neutralizantes em concentrações equivalentes às observadas em indivíduos de 16 a 25 anos, demonstrando não inferioridade. Além disso, apresentou eficácia de 90.7% (IC95%, 67,7 – 98,3) para prevenção da Covid-19 pelo menos sete dias após administração da segunda dose, por um período de aproximadamente dois a três meses, sem observação de eventos adversos graves associados.  

Mais recentemente, na segunda quinzena de janeiro de 2022, foi aprovada a administração da vacina Sinovac/Coronavac para crianças brasileiras a partir dos seis anos de idade, com esquema de duas doses de vacina de 3mcg (600 SU), com intervalo de 28 dias, ou seja, o mesmo esquema e dose utilizados  para a população adulta. Análises para crianças de 6 a 16 anos de idade, no Chile,  mostraram que após sete dias da segunda dose da vacina, foi observada, em relação às crianças não vacinadas, efetividade de 74,23% (IC95%: 72,7-75,6) contra infecção por SARS-CoV2, 74,12% (IC95%: 72,375,7) contra Covid-19 sintomática, e 90,24% (IC95%: 79,1-95,4) contra internação hospitalar pela doença. Apesar das limitações metodológicas, que incluem questões como curto período de seguimento, a vacina foi considerada segura, dado os eventos adversos relatados em outros países, além do fato de ser a vacina mais utilizada no planeta na população adulta e com base em um plataforma conhecida, que é a de vírus inativado.

Contexto atual

Hoje, após mais de sete milhões de doses aplicadas da vacina nas crianças em outros países, não foram encontrados eventos adversos que justifiquem preocupação ou justifiquem a suspensão da vacina. Os efeitos mais comuns encontrados foram febre, cefaleia, vômitos, fadiga e inapetência. Até dezembro de 2021, foram relatados oito casos de miocardite, com evolução clínica favorável.

Leia também: Pfizer pretende iniciar nos EUA, nos próximos meses, vacinação contra a Covid-19 em crianças menores de 5 anos 

Desta forma, sociedades médicas como a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade Brasileira de Infectologia entendem que os  benefícios da vacinação na população de crianças  e adolescentes superam os eventuais riscos associados, no contexto atual da pandemia. Mesmo na presença de variantes menos graves, porém mais transmissíveis, torna os grupos não vacinados mais vulneráveis aos riscos de infecções e suas potenciais complicações.

Referências bibliográficas:

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