Vacinação para covid em adolescentes: orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria

No último dia 14, a SBP publicou um documento que faz recomendações com relação à vacinação de covid-19 para adolescentes e traz aspectos da doença.

No último dia 14, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento chamado “Vacinas covid-19 em crianças e adolescentes”, em que aborda aspectos epidemiológicos da doença nessa faixa etária e coloca recomendações com relação à vacinação para covid-19 nesse grupo.

mãos de técnicos aplicando vacina em vacinação covid em adolescentes

Vacinação covid em adolescentes

O documento ressalta a importância da doença nessa população. Apesar de menos comum do que nos adultos, os casos de maior gravidade, principalmente os relacionados à síndrome respiratória aguda (SRAG) e síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), não são desprezíveis na população pediátrica brasileira. O documento ressalta que mais de 2000 crianças e adolescentes perderam a vida pelo covid-19 até o momento, no Brasil.

Além da questão da mortalidade em si, existem preocupações relacionadas à persistência de sintomas após a fase aguda da infecção (covid longa), com relatos de persistência de sintomas como fadiga, cefaleia, sonolência, perda de concentração e anosmia, entre outros. O impacto disso nas crianças e adolescentes, inclusive relacionado ao desenvolvimento neuropsicomotor, ainda não foi avaliado formalmente, o que preocupa os profissionais que atuam nos cuidados das crianças, devido ao potencial de sequelas relacionadas.

Entre o grupo pediátrico acometido com doença de maior gravidade, encontram-se as crianças abaixo de 2 anos de idade e os acima de 12 anos de idade, os portadores de comorbidades, como obesidade, asma e doenças neurológicas, e grupos populacionais minoritários, como as populações indígenas.

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Com base nesses dados, a SBP coloca como fundamental a avaliação da vacinação para covid-19 nessa população, sempre baseado em estudos que preencham os requisitos para o licenciamento de uma vacina.

No Brasil, até o momento, a única vacina licenciada para uso em maiores de 12 anos de idade é a vacina da Pfizer®, uma vacina que utiliza a tecnologia do RNA mensageiro. A liberação dessa vacina em pessoas entre 12 e 17 anos de idade é baseada em diferentes estudos clínicos. Em especial, um estudo multicêntrico realizado nos Estados Unidos com 2260 adolescentes entre 12 e 15 anos demonstrou que a vacina é segura nessa população, com perfil de segurança e efeitos adversos favorável, além de uma boa resposta imunológica.

A avaliação desse estudo é que a realização de duas doses da vacina com intervalo de 21 dias entre elas leva a uma eficácia da vacina de 100 % (IC 95%: 75,3-100) a partir do sétimo dia da segunda dose. Outras vacinas ainda estão em estudo para liberação pela Anvisa, porém, em alguns países, já são liberadas para essa população, como no exemplo da vacina Coronavac®, que foi liberada para uso acima de 6 anos de idade no Chile.

A SBP também ressalta a importância da vacinação em massa da população pediátrica, tanto para evitar a doença nessa população, como para reduzir a transmissão comunitária. A vacinação permitirá que os adolescentes possam retomar suas atividades sociais, inclusive o ensino presencial, possibilitando uma melhora nos quadros de transtornos mentais vistos nessa população frente à pandemia.

Efeitos adversos da vacina Pfizer em adolescentes

Com relação aos eventos adversos relacionados à vacinação, a maioria apresenta pouca gravidade, sendo semelhantes aos eventos adversos de outras vacinas, e incluem cefaleia, fadiga e dor local.

Apesar disso, foram descritos raros episódios de miocardite e pericardite após a vacina da Pfizer®, principalmente após a segunda dose, e ocorrendo na primeira semana após a vacina. A maioria dos casos ocorreram em pessoas do sexo masculino entre 16 e 30 anos de idade, com boa resposta ao tratamento instituído, mínima intervenção e rápida recuperação. Sendo assim, o Center of Disease Control (CDC) continua recomendando a vacinação em adolescentes, pois os riscos da vacinação não superar os riscos de adoecimento. A SBP e a Sociedade Brasileira de Pediatria se posicionam da mesma forma que o CDC com relação a essa questão.

Recomendação da SBP para uso da vacina da Pfizer em adolescentes

A SBP, portanto, recomenda a vacinação para covid-19 em todos os adolescentes acima de 12 anos de idade, com e sem comorbidades, com a vacina liberada até o momento, ou seja, da Pfizer.

A sociedade também se posiciona a favor de realização prioritária da vacina nos adolescentes pertencentes aos grupos de risco, semelhantes aos adultos: diabete mellitus, doenças pulmonares crônicas, doenças cardiovasculares, doença hepática crônica, doença renal crônica, doença neurológica crônica, imunossupressão congênita ou adquirida (incluindo HIV/Aids), hemoglobinopatias, síndrome de Down, obesidade (Z-escore > +3) e gestantes e puérperas.

Também há recomendação de monitoramento contínuo de eventos adversos associados à essa vacina nessa população, com a devida notificação de ocorrências aos órgãos competentes.

Suspensão de vacinação em adolescentes sem comorbidades pelo Ministério da Saúde

Apesar da orientação da SBP, o Ministério da Saúde recomendou, ontem, dia 16, a suspensão da vacinação para Covid-19 em adolescentes sem comorbidades. A vacinação para adolescentes com comorbidades continua mantida, além da vacinação para adolescentes com deficiência e aqueles privados de liberdade, estes últimos devido ao maior risco de contaminação.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) se posicionou sobre o tema, confira mais detalhes aqui!

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