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É notável o crescente interesse pelo veganismo nos últimos anos. Dados ingleses apontam que a quantidade de britânicos adeptos dessa alimentação quadruplicou, chegando a mais de 600000 pessoas. E esse número só deve aumentar progressivamente. Mas, afinal, essa dieta faz bem para saúde?
Há quem diga que são inúmeros os benefícios do veganismo
A Doutora Rebecca Jones, médica generalista e vegana, criou uma página no Facebook para outros médicos veganos. Ela alega que, quando praticado com cuidado, o veganismo tem muitos benefícios. Estudos comprovam sua relação com redução do risco de doenças cardíacas, diabetes e diversas neoplasias: de mama, do estômago, do cólon e da próstata.
Azmina Govindji, diretora da Azmina Nutrition e porta-voz da British Dietetic Association, acrescenta que a alimentação plant-based tem sido associada à menor incidência de obesidade, diminuição da circunferência abdominal e índice de massa corporal (IMC).
Além disso, há quem atribua a esse tipo de alimentação a maior disposição e sensação de bem-estar. Frutas, legumes, oleaginosas e grãos integrais são fontes de fibras, antioxidantes e potássio ajudando na manutenção de um peso saudável, redução do colesterol (LDL) do sangue e regulação da pressão arterial.
Há quem alega que ela é muito restritiva para ser saudável
Ser vegano não é sinônimo de ser saudável. Pão branco e batata frita, por exemplo, fazem parte do cardápio, o que não os torna automaticamente nutritivos. Logo, é engano acreditar que orientar pacientes com sobrepeso a aderir de forma exclusiva à alimentação vegana irá necessariamente contribuir para a regulação do peso.
Os substitutos veganos para os laticínios, linguiças veganas e refeições prontas podem implicar no consumo de grande quantidade de sódio e calorias, mesmo sendo de origem vegetal.
Outra preocupação está na deficiência de certos nutrientes, que pode implicar em sintomas que variam desde astenia e cefaleia até alopecia e perda de memória. Às vezes, o que é ainda pior, os pacientes são completamente assintomáticos e as deficiências só se tornam aparentes nos exames de sangue.
Os veganos precisam garantir quantidade suficiente de proteína, cálcio, iodo, ácidos graxos, ômega 3, zinco e ferro diariamente, nutrientes mais presentes em alimentos de origem animal. E você certamente já deve ter visto seu amigo vegano com suplementos de vitamina B12 e ômega 3.
Diante da menor desconfiança do início de algum sintomas novo após introdução de dieta vegana, procure seu médico para investigação.
Leia mais sobre benefícios da dieta vegana: Dieta vegana ajuda a prevenir o diabetes?
E quando se trata da adoção do veganismo pelas crianças e adolescentes?
O ambiente familiar muda por inteiro quando os pais são veganos. Então, a tendência dos filhos de seguirem os passos dos pais é muito grande porque em casa, em geral, só há comida plant-based.
De acordo com a nutricionista infantil Judy More, deve-se ter cuidado em adotar alimentação vegana para as crianças, uma vez que o impacto é muito maior. Deve-se planejar com muito cuidados e adicionar suplementos. Há inclusive evidências de menores taxas de crescimento. Além de déficits cognitivos e anemia por menor ingesta de iodo e ferro, respectivamente.
O que é necessário antes de adotar essa dieta
Se algum paciente pensar em se tornar vegano, a melhor atitude é recomendar que o mesmo leia sobre o assunto, riscos e benefícios. O site Vegan Society ajuda a entender sobre consumo equilibrado e consciente dos principais grupos alimentares, bem como sobre os suplementos.
De acordo com Azmina, a alimentação vegana bem planejada pode conter todos os nutrientes necessários, exceto vitamina B12. Não adianta simplesmente eliminar carnes e laticínios sem pensar em quais serão as fontes de nutrientes que irão substituir. Além da deficiência supracitada, você se sentirá fraco, esgotado e logo após cada refeição faminto outra vez.
O melhor tipo de alimentação vegana é a rica em leguminosas, oleaginosas, substitutos dos laticínios e algum suplemento de vitamina B12. Com o crescimento da quantidade de adeptos, invariavelmente aparecerá pacientes questionando seus médicos sobre o veganismo. Também será mais frequente a presença de pacientes com deficiências nutricionais ao aderirem sem orientação uma alimentação plant-based.
Azmina acredita que os médicos precisam estar informados e preparados para lidar com essas situações. Doutora Rebecca optou pelo veganismo por motivos inteiramente éticos, porém, a leitura de artigos comprovando seus inúmeros benefícios a estimula a orientar seus pacientes portadores de doenças crônicas a com cuidado e cautela, seguirem seu exemplo e mudarem o estilo de vida.
Referências:
- Harris S. Doutor, eu virei vegano … Medscape. https://portugues.medscape.com/verartigo/6503649#vp_3