Veja as principais emergências urológicas que você precisa conhecer

Neste artigo, relacionamos as principais emergências urológicas que todo profissional da saúde deve conhecer por demandar diagnóstico e tratamento precoce.

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Cada vez mais os profissionais de saúde se especializam em um determinado segmento da Medicina. Tratamentos para doenças raras, cirurgias com as mais detalhadas técnicas, acupuntura e medicina ayurvédica nos consultórios brasileiros.

Tudo isso se deve a anos de dedicação a cada subespecialidade. Porém, nesse caminho muito se esquece sobre conhecimentos básicos que qualquer médico pode precisar durante uma viagem a um país com realidade mais carente ou em um plantão de emergência médica ou mesmo para ajudar um parente que liga cheio de dúvidas.

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Neste artigo, relacionamos as principais emergências urológicas que todo profissional da saúde deve conhecer por demandar diagnóstico rápido e tratamento precoce com vistas a evitar complicações sérias e, porque não dizer, fatais. Acompanhe conosco abaixo e veja se já não se deparou com algum desses casos:

urologia

Parafimose

Definição: Retração do prepúcio atrás da glande não podendo mais ser colocado facilmente na posição ortotópica. Há edema do prepúcio retraído que, se assim permanecer por tempo prolongado, pode evoluir com isquemia e necrose.

Diagnóstico: Clínico.

Tratamento: Deve-se tentar reduzir o edema associado através de realização de pressão firme da glande de distal para proximal, seguida pela redução do prepúcio. Em caso de muita dor, pode ser realizada analgesia ou bloqueio do pênis. Mediante falha de medidas conservadoras, faz-se necessária intervenção cirúrgica, através da incisão de uma fenda dorsal.

Retenção urinária

Definição: Quadro urológico muito frequente que cursa com importante dor suprapúbica. Podemos relacionar como causas principais de retenção urinária, os seguintes diagnósticos: hiperplasia prostática benigna,massas pélvicas/urogenitais, alguns medicamentos (sedativos, anti-histamínicos), traumatismo iatrogênico por tentativas sucessivas de sondagem uretral, estenose de uretra, distúrbios neurológicos.

Diagnóstico: Clínico.

Tratamento: Descompressão e esvaziamento da bexiga através de sondagem uretral (Foley, Coudé, dilatadores uretrais) ou suprapúbica, seguida pelo tratamento da causa subjacente. Se a retenção urinária se mantiver, há risco de infecção e insuficiência renal.

Priapismo

Definição: Ereção persistente do pênis ou a que ocorre sem ser desencadeada por estímulo sexual. É definido um período de 4 horas de duração. Esse quadro está relacionado a uso de certos medicamentos (como cocaína, trazodona), em pacientes com anemia falciforme ou neoplasias hematológicas e também pode ser idiopático. Há 3 tipos:

Isquêmico: Mais comum. Compromete pouco o fluxo de saída do sangue nos corpos cavernosos. É bem doloroso. Os corpos cavernosos evoluem com rigidez,porém a glande se mantém macia.

Não isquêmico: Marcado pela perda da regulação do fluxo de sangue nos corpos cavernosos. Pode ter resolução espontânea, não necessitando, portanto, de intervenção imediata.

Intermitente: Quando há eventos recorrentes e autolimitados de priapismo
isquêmico, como na anemia falciforme.

Diagnóstico: Clínico.

Tratamento: A principal complicação é a evolução para disfunção erétil. Quando o diagnóstico e o tratamento ocorrem em menos de 24h do início dos sintomas, cerca de 50% dos pacientes podem evoluir com disfunção erétil. Essa probabilidade aumenta para quase 100% quando os sintomas persistem por mais de 36 horas. O tratamento se divide em algumas etapas:

  • Bloqueio anestésico do pênis;
  • Aspiração do corpo cavernoso através de agulhas de grosso calibre;
  • Irrigação do corpo cavernoso na tentativa de diluir o sangue em estase e os coágulos;
  • Em caso de falha: aplicação intracavernosa de fenilefrina diluída com monitorização
    hemodinâmica.

Lesão renal

Definição: Comumente lesionado em casos de trauma fechado. Pode ou não haver hematúria e a intensidade deste sintomas não está diretamente relacionada à gravidade
da lesão.

Diagnóstico: Clínico aliado a exames de imagem.

Tratamento: As lesões podem ser classificadas, em graus progressivos de gravidade, de I a V, de forma que até V se pode adotar conduta conservadora, embolização arterial. Porém, diante de lacerações V, hematoma retroperitoneal em expansão ou pulsátil e hemorragia importante, deve-se realizar laparotomia de emergência.

Lesão vesical

Definição: Frequentemente associados a traumas que cursam com fratura pélvica ou traumas fechados na parte inferior do abdome com bexiga distendida. As lesões vesicais podem se apresentar como extraperitoneais em 60% dos casos, intraperitoneais ou mistas. Cursam com hematúria, desconforto suprapúbico, hematoma e incapacidade de urinar.

Diagnóstico: Clínico aliado a exames de imagem.

Tratamento: A lesão intraperitoneal requer reparo cirúrgico em duas a três camadas. Já a lesão extraperitoneal pode ser conduzida de forma conservadora, através da sondagem.

Lesão uretral

Definição: Podem ser anterior ou posterior, sendo esta relacionada a fraturas pélvicas. O paciente apresenta sangue no meato uretral, hematoma, fratura de pênis,
distensão vesical.

Diagnóstico: Clínico aliado a uretrografia retrógrada.

Tratamento: Cirúrgico. As lesões por arma de baixa velocidade podem ser abordadas com reparo primário. Já as lesões por arma de alta velocidade, evoluem com lesões por estilhaços, devendo ser realizado desbridamento extenso seguido pela colocação de cateter suprapúbico. Nesses casos, o reparo uretral deve ser adiado pelas possíveis lesões tardias desencadeadas pelos estilhaços, além de evitar complicações como hemorragia, disfunção erétil e incontinência urinária.

Trauma de pênis

Definição: Mais frequente durante atividade sexual vigorosa, com choque contra períneo ou osso púbico do parceiro. No momento do trauma, há dor e detumescência imediata, além dos pacientes referirem ouvir um barulho de estalo. Evoluem com hematoma local e uma deformidade em berinjela, como é conhecida. A presença de hematúria, disúria e sangue visível no meato uretral indicam lesão uretral concomitante.

Diagnóstico: Se a clínica não for suficiente, pode-se utilizar a USG e a RM.

Tratamento: Reparo cirúrgico do corpo cavernoso.

Amputação do pênis

Definição: Frequentes em quadros de surto psicótico que cursam com automutilação.

Diagnóstico: Clínico.

Tratamento: Cirúrgico, com reparo vascular.

Torção testicular

Definição: Emergência cirúrgica que demanda intervenção em até 6 horas com vistas a manutenção de viabilidade testicular. Cursa com dor testicular de início agudo, seguida de náuseas e vômitos.

Diagnóstico: Clínico, aliado ou não a ultrassonografia da bolsa escrotal.

Tratamento: Em caso de manutenção da viabilidade dos testículos, deve-se proceder com orquiopexia bilateral. Porém, diante de testículos isquêmicos, realiza-se a orquiectomia ipsilateral e orquiopexia contralateral.

Ruptura testicular

Definição: Há lesão da túnica albugínea. Mais freqüente nos traumas fechado. Há edema doloroso local após história de trauma na região, além de hematoma intratesticular.

Diagnóstico: Clínico aliado a ultrassonografia da bolsa escrotal.

Tratamento: Reparo cirúrgico da túnica albugínea.

Gangrena de Fournier

Definição: Fasciite necrotizante infecciosa do períneo, região perineal ou genital. Polimicrobina, porém mais relacionada a Escherichia coli, Bacteroides spp, Streptococcus pyogenes ou Staphylococcus aureus. Quadro mais frequente em portadores de diabetes, alcoolismo e doenças imunossupressoras. Os pacientes cursam com uma infecção genital e dor desproporcional aos achados ao exame físico. Os tecidos apresentam uma cor acizentada, odor fétido, crepitação a palpação local.

Diagnóstico: Clínico.

Tratamento: Antibioticoterapia de amplo espectro aliado a amplo desbridamento cirúrgico do tecido necrosado, com reavaliações seriadas. Há elevada morbimortalidade mesmo com adoção precoce do tratamento adequado.

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Referências:

  • PALKA J, 12 emergências urológicas que você precisa conhecer. Abril 2019. Medscape.

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