Veja orientações da diretriz para tratamento de diabetes em idosos

Confira diretriz para o tratamento da diabetes no grupo de pacientes idosos, definido como aqueles com idade igual ou superior a 65 anos.

O diabetes mellitus (DM) é uma doença prevalente em todo o mundo e acomete pessoas de diversas faixas etárias. A população idosa se destaca por apresentar particularidades que devem ser consideradas na escolha do melhor esquema terapêutico. Por este motivo, em 2019 foi publicada uma diretriz para o tratamento da condição nesse grupo de pacientes idosos, definido como aqueles com idade igual ou superior a 65 anos.

Este ano, o Congresso Americano de Diabetes (ADA 2022) também trouxe novidades para a Endocrinologia no que tange o tema do diabetes. Ouça os highlights aqui.

Ouça também: Novidades no tratamento do diabetes: monitorização contínua da glicemia [podcast]

As principais recomendações da diretriz de 2019, para idosos, são:

  • Reforçar da necessidade de uma abordagem multidisciplinar e que o endocrinologista deve ser o especialista responsável por conduzir o tratamento daqueles que apresentem diabetes tipo 1 ou que demandem um esquema terapêutico mais complexo para o alcance das metas ou que apresentem múltiplas comorbidades ou hipoglicemias severas recorrentes.
  • Recomenda-se o uso da glicemia de jejum e ou da hemoglobina glicada (HgA1c) como testes de triagem para diagnóstico de diabetes e pré-diabetes. Se normal, repetir a cada dois anos.
  • Naqueles que, pelos exames anteriores, preencham critério para pré-DM, recomenda-se a realização de teste oral de tolerância à glicose 75 g (TOTG) se apresentarem os seguintes critérios: sobrepeso ou obesidade, história familiar de DM em parentes de primeiro grau, etnias de alto risco, história de doença cardiovascular, hipertensão arterial, nível de HDL colesterol inferior a 35 mg/dl e/ou trigliceridemia superior a 250 mg\dl, apneia do sono ou sedentarismo.
  • Naqueles diagnosticados com pré-DM não se indica a metformina como terapia inicial e sim mudanças de estilo de vida.
  • Os pacientes devem ser avaliados quanto ao estado geral de saúde. Esta avaliação inclui os seguintes elementos: status funcional, acuidade visual, acuidade auditiva presença de depressão, cognição, índice de massa corporal, risco de quedas, pressão arterial, tabagismo, uso de álcool, uso de medicamentos, comorbidades e triagem para câncer.
  • Avaliação periódica da cognição através do Miniexame do Estado Mental ou do Escore Cognitivo de Montreal. Se o primeiro exame é normal, reavaliar a cada dois a três anos. Se alterado ou limítrofe, a cada ano. Naqueles com déficit cognitivo, o tratamento deve ser simplificado e os alvos terapêuticos devem ser menos rigorosos.
  • Os alvos terapêuticos dependerão das características de cada paciente. Nos idosos com boa saúde, deseja-se HgA1c inferior a 7,5%, glicemia de jejum entre 90 e 130 mg\dl e glicemia ao deitar entre 90 e 150 mg\dl; naqueles com mais de três doenças crônicas, com déficit cognitivo leve ou demência inicial, deseja-se HgA1c inferior a 8%, glicemia de jejum entre 90 e 150 mg\dl e glicemia ao deitar entre 100 e 180 mg\dl. Já naqueles institucionalizados, com demência grave e comorbidades graves terminais (como câncer avançado, doença renal crônica em diálise, insuficiência cardíaca avançada ou dependentes de oxigenioterapia por penumopatias) deseja-se HgA1c inferior a 8,5%, glicemia de jejum entre 100 e 180 mg\dl e glicemia ao deitar entre 150 e 250 mg\dl.
  • Juntamente com as mudanças de estilo de vida, a metformina é o medicamento oral de escolha inicial, exceto naqueles com taxa de filtração glomerular estimada inferior a 30 ml\min ou intolerância gastrointestinal. Se o controle não for alcançado, recomenda-se o acréscimo de outros agentes. Evitar o uso de sulfonilureias ou glinidas e utilizar insulina com cautela, especialmente naqueles com doença renal crônica. Observar as peculiaridades de cada classe.
  • O alvo de pressão arterial é inferior a 140 \90 mmHg. Em grupos de alto risco, como naqueles com história de acidente vascular encefálico ou doença renal crônica progressiva, alvos inferiores a 130\80 mmHg podem ser tentados com cautela. Das classes de anti-hipertensivos, os inibidores de enzima de conversão de angiotensina (IECA) ou bloqueadores de receptores de angiotensina devem ser a escolha de primeira linha.
  • Os alvos de LDL colesterol são os recomendados por diretrizes já existentes. Para aqueles com idade superior a 80 anos ou com baixa expectativa de vida, o controle não deve ser excessivamente rigoroso. Níveis de triglicerídeos acima de 500 mg\dl demandam o uso de óleo de peixe e\ou fenofibrato.
  • Pacientes com saúde bastante prejudicada e que já tenham uma medida prévia de relação albumina\creatinina inferior a 30 mg\g, é dispensável a medida anual deste índice para rastreio de Nefropatia Diabética. Retinopatia e Neuropatia Diabética devem ser rastreados e, quando presentes, demandam maior cautela na definição do esquema terapêutico e na abordagem multidisciplinar.

A leitura completa do documento é fundamental para o entendimento de maiores detalhes, porém fica claro que a população idosa demanda uma conduta mais tolerante e cautelosa nas escolhas terapêuticas para o controle do DM.

Para ampliar ainda mais seus conhecimentos, leia também sobre orientações nutricionais em pacientes diabéticos:

  1. ADA 2022: nutrição no diabetes – quebrando paradigmas
  2. Perfil dietético: qual o seu impacto nos pacientes diabéticos?
  3. Nutrição geriátrica: as peculiaridades da perda de peso nos idosos

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • LeRoith D, Biessels GJ, Braithwaite SS, et al. Treatment of diabetes in older adults: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2019;104(5):1-55.

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