Visão da fisiatria na paralisia cerebral (PC)

Paralisia Cerebral descreve um grupo de desordens não progressivas ocorridas durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou de recém-nascidos.

O termo Paralisia Cerebral (PC) descreve um grupo de desordens não progressivas ocorridas durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou de recém-nascidos (até dois anos de vida). Esses distúrbios afetam o desenvolvimento e movimento, causando limitação na execução de tarefas. 

As desordens motoras podem ser acompanhadas de convulsões, distúrbios de comportamento, sensação, percepção, cognição, comunicação, visão, audição, deglutição, afecções cardiopulmonares, gastrointestinais, geniturinárias e/ou problemas musculoesqueléticos secundários. 

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Epidemiologia

A PC é a incapacidade física mais comum na infância. A prevalência é de cerca de 1 – 4 por 1000 nascidos vivos, sendo maior em países em desenvolvimento. O risco aumenta em recém-nascidos com baixo peso ou prematuros. 

A notícia boa é que a taxa de mortalidade geral de crianças com incapacidades graves está diminuindo em cerca de 3,4% por ano graças ao melhor entendimento e tratamento dessa afecção.

Etiologia e classificações

A etiologia é multifatorial, variando de causas pré-natais, neonatais ou pós-neonatais, que geram um insulto ao cérebro. Esse insulto gera morte celular e neurotoxicidade. 

Tipos clínicos

Avaliação fisiátrica

O médico Fisiatra realiza a avaliação das funções físicas, mentais, desenvolvimento neuropsicomotor, interação com o ambiente e atividades de vida diária.

Na PC é necessário realizar um exame musculoesquelético e neurológico detalhado, com o objetivo de avaliar amplitude de movimento articular, deformidades ou desalinhamentos (coluna, quadril, tornozelo, principalmente) força, tônus, espasticidade, sensibilidade, bem como, aplicar as escalas de classificações funcionais e prognóstico.

A classificação mais utilizada, na prática clínica, é a Gross Motor Functional Class (GMFCS), que divide o quadro clínico da PC em cinco categorias (I, II, III, IV e V) com base na mobilidade e uso de dispositivos auxiliares de marcha.

Tratamento

Vale a pena repetir que para otimizar o tratamento, o indivíduo com paralisia cerebral (PC) deve ser seguido por uma equipe multidisciplinar, contando com médicos de diferentes especialidades (Fisiatras, Neurologistas, Ortopedistas, Oftalmologistas, Gastroenterologistas, dentre outros) e terapeutas (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicoterapeutas, nutricionistas, educadores físicos, enfermeiros).

O tratamento deve ser baseado em metas reais e possíveis ao paciente (ter objetivos claros e focados), bem como é imprescindível conversar com a família sobre prognósticos, inserção social e escolar e direitos da pessoa com deficiência. Quando possível, deve-se estimular interesses profissionais e esporte. 

Hoje em dia, várias tecnologias, como, por exemplo, jogos e realidade virtual tem sido utilizada na reabilitação.

O Fisiatria tem o objetivo de melhorar a funcionalidade — melhora da independência nas atividades básicas da vida diária e os cuidados do dia-a-dia, qualidade de vida e mobilidade do paciente. 

Saiba mais: Adultos com paralisia cerebral têm maior risco de depressão e ansiedade

Faz o seguimento do desenvolvimento neuropsicomotor, tratamento de espasticidade — para evitar deformidades, dor e facilitar a atividade física, prescrição de tecnologias assistivas (órteses, andadores, cadeiras de rodas, etc) e gestão da equipe de reabilitação. Além de acompanhar a saúde geral, como o aparecimento de lesões de pele, constipação, refluxo gastroesofágico, alterações urinárias, alterações de deglutição, fala e sono.

O estímulo do brincar, a socialização com a família e com amigos e a manutenção dos exercícios diários é uma tarefa importante aos cuidadores. Isso ajuda a melhorar o conforto e qualidade de vida dos pacientes com paralisia cerebral (PC).

Referências bibliográficas:

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