Você sabe reconhecer e tratar as 30 afecções dermatológicas mais comuns na infância? (parte 2)

Dando continuação à nossa série de postagens sobre dermato na Pediatria, vamos falar hoje sobre as alterações causadas por infecção bacteriana ou por infestação parasitária.

Dando continuação à nossa série de postagens sobre dermato na Pediatria, vamos falar hoje sobre as alterações causadas por infecção bacteriana ou por infestação parasitária, abordando celulite, erisipela, escabiose, escarlatina, foliculite superficial, furúnculo, hidradenite, hordéolo, impetigo e pediculose.

Se você perdeu a primeira parte, sobre alterações comuns no RN / lactente pequeno e alterações com componente alérgico / reação a algum fator de exposição, pode ler aqui.

Celulite – a criança chega com lesão que apresenta eritema, edema e bordas mal definidas. Essa lesão se dá após uma infecção bacteriana atingir a hipoderme. Pode ser tratada com analgesia e antibioticoterapia sistêmica (oxacilina, cefalotina, penicilina procaína, penicilina cristalina, cefalosporinas de primeira geração, ampicilina, eritromicina, amoxicilina + clavulanato). Celulite de face e orbitária devem ser tratadas com antibiótico parenteral.

Erisipela – um pouco diferente da celulite, na erisipela há eritema vivo, intenso edema doloroso, com bordas bem delimitadas, avançando rapidamente sobre a pele adjacente. Podem surgir bolhas e necrose com ulceração posterior. Também há linfangite e linfoadenopatia regional aguda. Pode ser tratada com penicilina procaína, penicilina cristalina, cefalosporinas de primeira geração, ampicilina, eritromicina, amoxicilina + clavulanato.

Escabiose – ainda muito comum em famílias com hábitos de higiene comprometidos, se expressa por pápulas eritematosas, vesículas, nódulos, túneis e prurido intenso, mais comum em axilas, palmas e plantas nos lactentes, e espaços interdigitais, axilas, punhos, regiões glútea e genital nos escolares e adolescentes. Geralmente há escoriações, crostas melicéricas e pústulas decorrentes de infecção secundária. Pode ser tratada com enxofre precipitado a 8 ou 10% em creme, loção cremosa ou vaselina sólida, loção de permetrina a 1 ou 5%, deltametrina loção, ou ivermectina.

Escarlatina – voltou a assustar alguns pais após recente suposto surto numa escola em São Paulo. Há exantema universal eritematodescamativo (que começa pela face e tronco e progride para os membros) após cerca de 24 horas de febre e faringoamigdalite. Tem marcada palidez perioral característica (sinal de Filatov), lesões purpúricas lineares em regiões de dobras (sinal de Pastia) e língua em framboesa ou morango. A doença termina com descamação fina de palmas e plantas. Pode ser tratada com penicilinas, cefalosporinas e eritromicina.

Foliculite superficial – algumas crianças apresentam pequenas pústulas muito superficiais, centradas por pelo, em qualquer área do corpo. Nessa faixa etária, é comum no couro cabeludo com reação ganglionar regional. O tratamento é com antibiótico tópico ou loções antiacneicas.

Furúnculo – o paciente chega com lesão eritematoinflamatória muito dolorosa, centrada por pelo, com evolução de dias. Há necrose central (carnegão) que acaba por eliminar-se. Comum nas axilas e nádegas. A celulite perilesional é comum. A resolução se dá em 10-14 dias. Lesões importantes de face devem ser tratadas com antibiótico parenteral. Lesões muito dolorosas ou com flutuação devem ser drenadas.

Hidradenite – há queixa de nódulos inflamatórios indolentes que levam à formação de fístula e bridas cicatriciais, podendo ter evolução aguda ou crônica, em áreas ricas em glândulas apócrinas (axilas, mama e regiões paragenitais). O tratamento da lesão aguda é feito com assepsia local e antibiótico tópico (mupirocina, neomicina, bacitracina, eritromicina, clindamicina), antibiótico sistêmico (amoxicilina + clavulanato, eritromicina, cefalosporina). Se houver flutuação, está indicada drenagem cirúrgica. Nos casos crônicos, pode ser necessária a cirurgia.

Hordéolo (terçol) – outra lesão que costuma preocupar os pais por causa da localização, é a infecção profunda dos folículos ciliares e glândulas de Meibomius, sendo diferente do calázio, que é o processo inflamatório crônico que requer excisão cirúrgica. O tratamento é feito com compressa quente, podendo associar terramicina pomada oftálmica.

Impetigo – muito frequente na população com higiene deficiente, é causado por estafilococo e estreptococo, havendo vesículas ou bolhas que se transformam em pústulas e se rompem, gerando lesões exulcerocrostosas que parecem queimadura de cigarro. Se houver poucas lesões, o tratamento pode ser feito com antibiótico local (mupirocina, neomicina, bacitracina). Nos casos mais extensos, há necessidade de antibiótico sistêmico.

Pediculose – altamente frequente, principalmente nos escolares. A presença de pústulas com escoriação e história de coceira intensa à noite sugerem infestação pelo piolho. O prurido é o sintoma mais comum, mas a infestação ocorre frequentemente sem sintomas. O prurido antecede em alguns dias às lesões (eritema, descamação e escoriação) localizadas principalmente na região occipital. Retirada mecânica do parasita e da lêndea é fundamental no tratamento. Também é possível usar permetrina 5% e ivermectina.

Leia aqui a última parte com as alterações causadas por infecção viral.

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Referências:

  • Tratado de Pediatria da SBP, 4ª Ed, 2017
  • P., CLOHERTY, J., EICHENWALD, C., STARK, R.. Manual de Neonatologia, 7ª edição. Guanabara Koogan, 03/2015.
  • Azulay, Rubem David. Dermatologia / Rubem David Azulay, David Rubem Azulay, Luna Azulay-Abulafia – 5ª edição, ver. e atual. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

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