Você sabe tratar a síndrome de abstinência neonatal?

O New England Journal of Medicine fez uma revisão da literatura sobre a síndrome de abstinência neonatal, veja aqui os principais pontos.

A síndrome de abstinência neonatal refere-se a um grupo de sintomas que pode ocorrer em 55% a 94% dos recém-nascidos cujas mães eram viciadas ou tratadas com opioides durante a gravidez. O New England Journal of Medicine fez uma revisão da literatura sobre o assunto, veja aqui os principais pontos.



Características clínicas

A síndrome de abstinência envolve principalmente os sistemas nervoso central e autônomo e o sistema gastrointestinal. As manifestações clínicas variam de tremores leves e irritabilidade à febre, perda de peso excessiva e convulsões. Os sinais geralmente se desenvolvem nos primeiros dias após o nascimento.

Esses lactentes apresentam maior risco de internação na UTI, complicações no parto, necessidade de tratamento farmacológico e tempo de internação prolongado, desfechos que separam a mãe e seu bebê em um momento crítico para o desenvolvimento infantil.

O tempo médio de hospitalização para bebês com a síndrome é de 17 dias em geral e 23 dias para aqueles que necessitam de tratamento.

Identificando lactentes em risco

Estratégias de prevenção primária são necessárias para enfrentar a epidemia do uso de opioides e o desenvolvimento associado da síndrome de abstinência neonatal. A identificação de lactentes em risco é importante para garantir uma avaliação clínica precisa, promover a intervenção precoce e mitigar os sinais de abstinência no recém-nascido.

No entanto, muitas mulheres ainda relutam em divulgar o uso de substâncias por causa social e legal. O uso de uma abordagem não julgadora e aberta é recomendada para facilitar a divulgação de informações. Na ausência do auto-relato materno, ferramentas de avaliação estão disponíveis para auxiliar os médicos.

Veja também: ‘Veja as recomendações das diretrizes americanas para a síndrome de abstinência neonatal’

Manejo

De um modo geral, faltam orientações quanto aos cuidados não farmacológicos, uma vez que não foram realizados ensaios clínicos de grande qualidade. Idealmente, o tratamento deve ser multidisciplinar, colaborativo, sem julgamento e com base nas necessidades da mãe e do bebê, de modo que os cuidados não ocorram isoladamente.

A participação da mãe no cuidado do filho afetado tem o potencial de beneficiar os dois, com melhora nas manifestações da síndrome e aumento da ligação e parentalidade. Além disso, uma avaliação psicossocial abrangente da família é recomendada para garantir o apoio adequado e segurança do recém-nascido.

O cuidado inicial de todas as crianças que foram expostas a substâncias no útero deve ser individualizado, de suporte e não-farmacológico. O padrão atual envolve limitar a exposição a luzes e ruídos, massagem, uso de um leito de água, recrutamento de voluntários para abraçar o bebê, entre outros. A nutrição adequada para minimizar a perda de peso também deve ser parte da terapia inicial.

O tratamento farmacológico é um componente importante quando o tratamento não-farmacológico é insuficiente. Aproximadamente 60% a 80% dos lactentes com síndrome não têm resposta ao tratamento não-farmacológico e necessitam de medicação.

Apesar da importância do tratamento farmacológico, não existe um padrão universalmente aceito, e existem variações na prática atual com relação ao uso de doses com base no peso ou sintomas, bem como o limiar para iniciar o tratamento, doses iniciais, protocolos de desmame e tratamento adjuntivo medicamentos. Em geral, a farmacoterapia de primeira linha consiste na substituição de opioides por uma solução de morfina oral ou metadona.

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A Dra. Ana Carolina Pomodoro, pediatra e colunista da PEBMED, fala sobre o a síndrome:

“Conhecemos a Síndrome de Abstinência Neonatal há mais de quatro décadas, mas nos últimos 10 anos houve um importante aumento na prevalência, além de alterações na substância exposta e na forma como lidamos com essa questão clinicamente, o que motivou algumas pesquisas.

Apesar dos diversos estudos na área, ainda precisamos de mais clareza e consistência para lidar com essa síndrome e saber como é definida, medida e gerenciada.

A revisão da literatura a respeito desse assunto, publicada no New England Journal of Medicine, é muito interessante, pois nos dá uma visão melhor a respeito de suas características clínicas, prevenção, identificação e tratamento. Essa revisão completa pode ser acessada aqui“.

Referências:

  • Neonatal Abstinence Syndrome. N Engl J Med, 2016 vol: 25375 pp: 2468-79. DOI: 10.1056/NEJMra1600879

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