Whitebook: como identificar a doença de Lyme?

Em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook, vamos falar sobre a apresentação clínica e abordagem diagnóstica da doença de Lyme.

Em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, vamos falar sobre a apresentação clínica e abordagem diagnóstica da doença de Lyme.

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Este conteúdo deve ser utilizado com cautela, e serve como base de consulta. Este conteúdo é destinado a profissionais de saúde. Pessoas que não estejam neste grupo não devem utilizar este conteúdo.

médico escrevendo em prontuário sobre doença de lyme

Fisiopatologia

A transmissão de B. burgdorferi decorre de picadura de carrapato Ixodes, que adquire o patógeno durante os ciclos de vida após alimentação com sangue de mamíferos infectados.

O estágio de ninfa dos Ixodes é responsável por mais de 90% das transmissões para humanos.

A espiroqueta estabelece infecção inicial na pele adjacente ao sítio da picada, onde desenvolve o eritema migrans, e pode se disseminar para o sistema linfático ou sanguíneo, a partir dos quais podem atingir o coração, sistema nervoso central, articulações e olhos.

A sintomatologia em seres humanos ocorre em 1-30 dias após picadura. A doença disseminada se desenvolve 3-10 semanas após inoculação e a crônica ou tardia em meses após o período de latência.

Outras espécies também são reconhecidas como agentes etiológicos da doença: Borrelia afzelii e Borrelia garinii.

Apresentação clínica

Anamnese

Quadro clínico: A doença apresenta três manifestações clínicas principais: (i) doença precoce localizada, (ii) doença precoce disseminada e (iii) doença crônica disseminada. Os sintomas variam de acordo com o estágio da doença e incluem:

  • Rash cutâneo tipo Eritema migrans;
  • Febre;
  • Mialgia;
  • Mal-estar;
  • Artralgia;
  • Cefaleia;
  • Adenopatia local.

A doença de Lyme localizada é caracterizada pelo rash cutâneo e febre após 1-30 dias da picada do carrapato. A maioria dos pacientes apresenta o eritema migrans no sítio em 7-14 dias após remoção do carrapato. Os sintomas não específicos incluem fadiga, mialgia, artralgia, cefaleia, febre, calafrios e rigidez de nuca.

A doença disseminada precoce se desenvolve em 3-10 semanas após a inoculação. Os sintomas musculoesqueléticos e neurológicos (meningite linfocítica, paralisia de nervos cranianos, radiculopatia, neuropatia periférica, mononeuropatia multiplex, ataxia cerebelar, encefalomielite) são mais comuns, mas menos frequentes. Podem também ocorrer as alterações cardíacas (miopericardite) ou dermatológicas (linfocitoma). A manifestação ocular mais frequentemente consiste em conjuntivite e outras incluem ceratite, iridociclite, vasculite na retina, coroidite, neuropatia ótica e uveíte.

Já a doença de Lyme crônica ou tardia está relacionada à apresentações que ocorrem após meses a anos da infecção inicial, geralmente após período de latência. Os sintomas são primariamente reumatológicos (artrite persistente ou intermitente) e neurológicos (encefalopatia e/ou polineuropatia). Nesses casos, pode haver evolução para anormalidades musculares, neurológicas ou neurocognitivas (alterações da memória) em seis anos após infecção, mesmo se tratada. Pode também ocorrer acrodermatite crônica atrofiante.

Reconhece-se também a Síndrome Pós-Lyme, caracterizada por sintomas não específicos (cefaleia, fadiga, artralgias ou alterações cognitivas) que podem persistir por 6-12 meses após tratamento adequado.

A reinfecção geralmente se apresenta como eritema migrans.

Marcadores de gravidade: Pacientes HLA-DR4 ou HLA-DR2.
Fatores de risco: Exposição ambiental em áreas endêmicas.

Exame Físico

Os achados ao exame físico com doença disseminada precoce incluem:

  • Eritema migrans (lesão única ou múltiplas);
  • Cefaleia;
  • Febre;
  • Adenopatia regional ou generalizada;
  • Conjuntivite;
  • Cardite, geralmente com bloqueio atrioventricular dos diferentes graus;
  • Meningismo (meningite asséptica);
  • Neuropatia, especialmente do nervo craniano VII, e paralisia de Bell.

Abordagem Diagnóstica

O diagnóstico se dá por sorologia via imunoensaio (ELISA) ou imunofluorescência, seguido de Western-blotting. Outras abordagens possíveis incluem aspirado articular, análise de líquor e ECG (cardite).

Exames de rotina: Hemograma completo (linfócitos atípicos), coagulograma, VHS, proteína C reativa, eletrólitos, hepatograma completo, cultura, sorologia via imunoensaio (ELISA) ou imunofluorescência, seguido de Western-blotting, PCR para genes específicos e análise de aspirado articular e líquor adquirido por punção lombar.

Este conteúdo foi desenvolvido por médicos, com objetivo de orientar médicos, estudantes de medicina e profissionais de saúde em seu dia-a-dia profissional. Ele não deve ser utilizado por pessoas que não estejam nestes grupos citados, bem como suas condutas servem como orientações para tomadas de decisão por escolha médica. Para saber mais, recomendamos a leitura dos termos de uso dos nossos produtos.

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