Em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos os critérios sobre diagnóstico e apresentação clínica da leptospirose.
Trata-se de uma infecção sistêmica zoonótica pela bactéria espiroqueta Leptospira spp., transmitida por contato com urina contaminada de roedores. Determina quadro de síndrome febril miálgica com complicações hemorrágicas e evolução para insuficiência respiratória e/ou renal nos casos graves.
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História epidemiológica: investigar a história epidemiológica de exposição a enchentes, água não tratada, ratos e bueiros.
Fase precoce: corresponde à síndrome febril aguda com febre alta (39-40ºC); calafrios; mialgias intensas (principalmente em panturrilhas e lombar); vasodilatação cutânea e de mucosas (principalmente conjuntival) com eritemas; sufusão conjuntival (hiperemia e edema da conjuntiva); fotofobia; dor ocular; tosse; pode levar à desidratação (por sudorese, vômitos, diarreia e taquipneia); hepato e/ou esplenomegalia linfadenopatia. Geralmente, é autolimitada e dura entre 3-7 dias, sem sequelas.
Fase tardia (15% dos pacientes): as manifestações clínicas graves iniciam após a 1ª semana da doença ou podem ocorrer precocemente em evoluções fulminantes. A manifestação clássica da leptospirose grave é a síndrome de Weil, composta pela tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. A icterícia (icterícia rubínica) aparece entre o 3º-7º dias da doença e é um preditor de pior prognóstico.
As manifestações graves da leptospirose, como hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pacientes anictéricos. A hemoptise franca indica extrema gravidade e pode ocorrer de maneira súbita, levando à insuficiência respiratória e ao óbito. A leptospirose também pode causar síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), na ausência de sangramento pulmonar.
A diátese hemorrágica de outras formas, geralmente associada a trombocitopenia, pode ocorrer com fenômenos hemorrágicos na pele (petéquias, equimoses e sangramento nos locais de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos internos, inclusive no sistema nervoso central.
Importante lembrar que a complicação pulmonar comumente precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. O óbito pode ocorrer até mesmo nas primeiras 24 horas de internação.
Achados comuns:
- Forma anictérica = forma branda: comprometimento sistêmico limitado;
- Forma ictérica = forma grave: pode ser acompanhada de comprometimento renal, pulmonar e gastrointestinal importantes;
- Manifestações hemorrágicas: pancapilarite, levando a petéquias, hematomas, hemorragias mucosas, pulmonar; até mesmo hemorragia peritoneal e cerebral (quadros graves).
Convalescença e sequelas: duração de 1-2 meses com possível astenia, anemia, persistência da febre, cefaleia, mialgias, mal-estar geral, desaparecimento lento da icterícia e sorologia decrescente quanto a títulos de anticorpos. A leptospirúria pode durar de 1 semana a vários meses após os sintomas.
Fatores de risco: exposição ocupacional, atividades recreacionais, exposição doméstica, lesões de pele, acidente laboratorial.
Sinais de alerta:
- Dispneia, tosse e taquipneia;
- Alterações urinárias, geralmente oliguria;
- Fenômenos hemorrágicos, incluindo escarros hemoptoicos;
- Hipotensão;
- Alterações do nível de consciência;
- Vômitos frequentes;
- Arritmias;
- Icterícia.
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