Essa semana no Portal da PEBMED falamos sobre o Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado no dia 21 de março. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos os critérios sobre diagnóstico e apresentação clínica da Síndrome de Down.
Definição: Trissomia do 21 que gera características físicas específicas e atraso no desenvolvimento.
Fisiopatologia: Alteração cromossômica mais comum nos humanos, além de ser a principal causa de deficiência intelectual.
Cabeça:
- Olhos: epicanto, fenda palpebral oblíqua, sinófris;
- Nariz: ponte nasal plana, nariz pequeno;
- Boca: palato alto (ogival), hipodontia, protusão lingual;
- Forma: braquicefalia;
- Cabelo: fino, liso e de implantação baixa;
- Orelha: pequena com lobo delicado, implantação baixa.
Pescoço:
- Tecidos conectivos: excesso de tecido adiposo no dorso do pescoço, excesso de pele no pescoço.
Tórax:
- Coração: cardiopatia.
Abdome:
- Parede abdominal: diástase do músculo reto abdominal;
- Cicatriz umbilical: hérnia umbilical.
Sistema Locomotor:
- Superior: prega palmar única, clinodactilia do 5º dedo da mão, braquidactilia;
- Inferior: pé plano, distância aumentada entre 1º e o 2º dedo do pé;
- Tônus: hipotonia, frouxidão ligamentar.
Desenvolvimento Global:
- Déficit pondero-estatural;
- Déficit psicomotor;
- Déficit intelectual.
Trissomia simples: Não disjunção cromossômica geralmente de origem meiótica (95% dos casos). Ocorrência casual e caracteriza-se pela presença de um cromossomo 21 extra livre, descrito no exame de cariótipo como 47, XX + 21 para o sexo feminino e 47, XY + 21 para o sexo masculino.
Translocação / translocações Robertsonianas: Rearranjos cromossômicos com ganho de material genético (3 a 4% dos casos). Ocorrência casual ou herdada de um dos pais. Mais frequentemente a translocação envolve o cromossomo 21 e o cromossomo 14. No exame do cariótipo é descrito como 46, XX, t(14;21)(14q21q) para sexo feminino e 46, XY, t(14;21)(14q21q) para sexo masculino.
Mosaico: Presença de um duas linhagens celulares, uma normal com 46 cromossomos e outra trissômica com 47 cromossomos sendo o cromossomo 21 extra livre (1 a 2% dos casos). Ocorrência casual.
Como comunicar o diagnóstico ou suspeita:Deve ser feito com muito respeito e ética, lembrando que muitas vezes a família vai receber uma criança fora das suas expectativas.
Deve ser feito quando os sinais e sintomas são reconhecidos por mais de um membro da equipe.
Deve ser feito com a mãe acompanhada pelo pai da criança ou alguém que represente um relacionamento significativo.
É importante deixar os pais tenham a oportunidade de ver, acariciar e amamentar o RN antes do diagnóstico, aumentando vínculo com o bebê.
Deve ser feito em local sem interrupções.
O pediatra deve mostrar aos pais as características do exame físico que levaram ao diagnóstico, além de informar o seu significado e orientar quanto aos exames e encaminhamentos necessários.
Importante oferecer na maternidade condições para que a família crie vínculo com o bebê e compreenda a importância dos exames e acompanhamentos.
- Catarata 15%;
- Pseudo-estenose do ducto lacrimal 85%;
- Vício de refração 50%.
Aparelho Auditivo:
- Perda auditiva 75%;
- Otite de repetição 50-70%.
Sistema Cardiovascular:
- CIA / CIV / DSAV 40-50%.
Sistema Digestório:
- Atresia de esôfago 12%;
- Estenose / atresia de duodeno 12%;
- Megacólon aganglionar/ Doença de Hirschsprung 1%;
- Doença Celíaca 5%.
Sistema Nervoso:
- Síndrome de West 1-13%;
- Autismo 1%.
Sistema Endócrino:
- Hipotireoidismo 4-18%.
Sistema Locomotor
- Subluxação cervical sem lesão 14%;
- Subluxação cervical com lesão medular 1-2%;
- Luxação de quadril 6%;
- Instabilidade das articulações em algum grau 100%.
Sistema Hematológico:
- Leucemia 1%;
- Anemia 3%.
Q 90.0 – Síndrome de Down, trissomia do 21, por não disjunção meiótica.
Q 90.1 – Síndrome de Down, trissomia do 21, mosaicismo por não disjunção mitótica.
Q 90.2 – Síndrome de Down, trissomia 21, translocação.
Q 90.9 – Síndrome de Down, não específica.
Essa família precisa ser acompanhada e amparada, estando ciente de que o cuidado será compartilhado entre ela e a equipe multiprofissional.O aconselhamento genético é um procedimento importante que deve ser oferecido a essa família.
De zero a 2 anos: Estimulação global, imunização, acompanhamento periódico para manter a saúde, estímulo ao aleitamento materno, solicitação de exames (cariótipo, hemograma, TSH, T3 e T4, ecocardiograma). Avaliar acuidade auditiva e visual aos 6 e 12 meses (posteriormente, de forma anual). Importante cuidar das doenças respiratórias de repetição, constipação e refluxo gastroesofágico. Orientar a postura cervical e radiografar quando necessário.
De 2 a 10 anos: Focar na manutenção de um estilo de vida saudável, no desenvolvimento de autonomia para realizar as atividades de vida diária, socialização, escolaridade, autocuidado, desenvolvimento de habilidades sociais e acompanhamento ponderoestatural. Solicitar anualmente hemograma, TSH, T3 e T4, avaliação da acuidade visual e auditiva. Orientar profilaxia de lesão cervical e prevenção de abusos físicos e sexuais. Acompanhamento odontológico também deve ser anual.