Zika: risco de microcefalia pode depender de características maternas

O risco de microcefalia associada ao vírus da zika pode depender das características dos anticorpos produzidos por mulheres grávidas em resposta à infecção.

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O risco de microcefalia associada ao vírus da zika (ZIKV) pode depender das características dos anticorpos produzidos por mulheres grávidas em resposta à infecção, uma descoberta que tem, segundo os pesquisadores, implicações no desenvolvimento de uma futura vacina.

“Nossos resultados apoiam a hipótese de que um mecanismo mediado por anticorpos pode estar associado ao desenvolvimento de danos cerebrais e de microcefalia pelo zika. Portanto, o desenvolvimento de uma vacina pode ser problemático, pois precisaria induzir anticorpos protetores e evitar aqueles com potencial para aumentar o risco de microcefalia”, explicou o coordenador do estudo, o médico Davide Robbiani, do Laboratório de Imunologia Molecular da Universidade Rockefeller, em New York, Estados Unidos, em entrevista para a Reuters Health.

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A microcefalia ocorre em cerca de 5% dos bebês nascidos de mães com infecção pelo zika. “A razão de algumas mulheres grávidas infectadas pelo vírus dão à luz recém-nascidos, aparentemente saudáveis, enquanto outras têm bebês com microcefalia ainda é desconhecida”, explicou Robbian, em entrevista para o Journal of Experimental Medicine.

Um surto de zika no Brasil, identificado no início de 2015, foi seguido de um aumento anormal de microcefalia entre os recém-nascidos, bem como um aumento no número de casos de Síndrome de Guillain-Barré.

Entre 2013 e 2014, o vírus causou um surto na Polinésia Francesa com 28 mil pessoas infectadas, incluindo casos da mesma síndrome. Os surtos nas Américas levaram a uma nova investigação do que ocorreu no país, relacionando aos casos de microcefalia em recém-nascidos.

mulher grávida acompanhada de um médico devido à infecção pela zika

Metodologia do estudo da zika

Os cientistas examinaram amostras de soros maternos coletados no momento do parto de 160 mães, em Salvador, infectadas com zika entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, período do surto de microcefalia. Foram avaliadas 43 amostras de mães de bebês com microcefalia e 117 de mães de bebês aparentemente saudáveis.

Testes laboratoriais extensivos não mostraram diferenças marcantes entre as mães na atividade de anticorpos contra a dengue ou outros vírus relacionados ao zika, sugerindo que a exposição prévia a esses vírus não aumenta o risco de microcefalia.

No entanto, mães com um título intermediário ou superior de aprimoramento de anticorpos contra o vírus zika (ou seja, a concentração específica de anticorpos que melhoram com mais eficiência a infecção) estavam em maior risco de dar à luz um bebê com microcefalia, em relação às mães com títulos mais baixos.

“Os anticorpos contra o zika em mães de bebês microcefálicos foram mais eficazes em neutralizar o vírus do que os anticorpos contra o zika produzidos por mães de recém-nascidos saudáveis. No entanto, esses anticorpos também mostraram uma capacidade aprimorada de aumentar a entrada do vírus zika nas células cultivadas”, dizem os pesquisadores.

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Uma análise de macacas grávidas infectadas pelo vírus também indicou que o dano cerebral fetal era mais comum em mães com títulos de melhoramento.

O estudo sugere que as características dos anticorpos maternos estão associadas e podem contribuir para o desenvolvimento da microcefalia associada ao vírus zika.

“Podem existir anticorpos que, em vez de proteger, aumentam o risco de microcefalia do zika. Então, o próximo passo é descobrir quais anticorpos são responsáveis por isso e como eles promovem dano fetal”, explicou Davide Robbiani em um comunicado para a imprensa.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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