Cerca de 20% das fraturas do tornozelo apresentam lesão da sindesmose tibiofibular. Um dos princípios do tratamento destas fraturas é promover a redução anatômica da sindesmose. Algumas técnicas radiográficas têm sido propostas para avaliar a redução conseguida com a cirurgia. A boa redução parece se relacionar com o resultado funcional nestas fraturas.
Estudo
Um estudo foi publicado em setembro de 2021 na revista Injury com o objetivo de analisar a qualidade da redução da sindesmose do tornozelo utilizando tomografia computadorizada (TC) assim como seu impacto no resultado funcional precoce.
Trata-se de um estudo prospectivo do tipo coorte incluindo pacientes com mais de 17 anos apresentando fratura do maléolo lateral e medial com ruptura da sindesmose. Foram excluídos casos envolvendo fratura exposta, lesões associadas, cirurgia adiada por mais de 24 horas, fratura do maléolo posterior adicional, pontuação ASA ≥ 3, complicação que exigiu cirurgia de revisão, desvio articular ≥ 2 mm.
Estudos tomográficos do tornozelo operado foram comparados ao do lado contralateral através de imagens obtidas 2-4 dias após a cirurgia inicial. No seguimento final, um ano após a cirurgia, para todos os pacientes que completaram o estudo, o desfecho foi avaliado utilizando o questionário AOFAS (American Ortho- pedic Foot and Ankle Score) e a escala EVA (Escala Visual Analógica para dor).
Dos 41 pacientes, 34 participantes completaram o acompanhamento. Houve predomínio do sexo masculino (20 pacientes – 58,82%) e a média de idade foi de 48,46 ± 16,1 anos. Utilizando a classificação AO/Weber, 22 pacientes (64,71%) sofreram fratura tipo B (transidensmal), enquanto em 12 pacientes (35,29%) a fratura era do tipo C (suprasindesmal). A redução foi classificada como anatômica em 26 pacientes (76,50%), enquanto em oito pacientes (23,50%) a redução da sindesmose foi não anatômica. Nos 26 pacientes em que a redução foi anatômica, 17 (65,39%) eram do sexo masculino e houve 18 (66,67%) fraturas do tipo B. Nos pacientes com redução não anatômica, três pacientes (37,5%) eram do sexo masculino e houve igual número de tipo B e Fraturas C. A análise estatística mostrou escores significativamente favoráveis tanto para o escore AOFAS quanto para a escala EVA para os pacientes com redução anatômica.
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Considerações
A análise funcional mostrou uma forte associação entre a qualidade da redução observada na TC com o escore AOFAS e com a escala EVA. Novos estudos são desejáveis para fornecer mais evidências em relação aos achados deste estudo.
Referências bibliográficas:
- Kaftandziev I, Bakota B, Trpeski S, Arsovski O, Spasov M, Cretnik A. The effect of the ankle syndesmosis reduction quality on the short-term functional outcome following ankle fractures. Injury. 2021 Sep. doi: 10.1016/j.injury.2021.04.047
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