A pré-eclâmpsia é um distúrbio multissistêmico grave que complica 2% a 4% das gestações e é responsável por mais de 70 mil mortes maternas e 500.000 mortes fetais no mundo todos os anos.
A aspirina (AAS) reduz a incidência de pré-eclâmpsia precoce (antes de 34 semanas) em 62% em gestantes de alto risco. No entanto, ela pode estar associada a um aumento do risco de sangramento periparto, que pode ser diminuído pela interrupção da aspirina antes do termo (37 semanas de gestação) e por uma seleção mais criteriosa de mulheres com maior risco de pré-eclâmpsia no primeiro trimestre da gravidez.
Diante disso, um trabalho desenvolvido por um grupo espanhol foi publicado recentemente no JAMA e teve como objetivo determinar se a descontinuação do AAS (entre 24 e 28 semanas) em gestantes com relação sFlt-1:PlGF (Fator semelhante a tirosina quinase 1: Fator de crescimento placentário) normal não foi inferior à continuação do AAS, para prevenir pré-eclâmpsia.
Metodologia
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, realizado em 9 maternidades em toda a Espanha. Foram recrutadas gestantes de alto risco de pré-eclâmpsia durante a triagem do primeiro trimestre e com uma relação sFlt-1:PlGF normal (dosada entre 24 e 28 semanas). As mulheres receberam 150 mg de ácido acetilsalicílico no momento da triagem do primeiro trimestre. O tempo de avaliação do estudo foi de 2019 a 2021.
As mulheres foram divididas em grupo intervenção e grupo controle e foram seguidas até o parto. O grupo intervenção foi constituído por gestantes em que o AAS foi descontinuado e o grupo controle foi formado por gestantes que mantiveram o AAS até 36 semanas.
Principais resultados
Foram avaliados os dados de 936 gestantes, sendo 473 no grupo intervenção e 463 no grupo controle. As características sociodemográficas eram muito semelhantes entre os dois grupos.
A incidência de pré-eclâmpsia precoce foi de 1,48% (7/473) no grupo intervenção e 1,73% (8/463) no grupo controle (diferença absoluta -0,25% [IC 95%, -1,86% a 1,36%]), indicando não inferioridade.
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Conclusões
A interrupção do AAS entre 24 e 28 semanas de gestação não é inferior à continuação até 36 semanas para prevenção de pré-eclâmpsia precoce em gestantes com alto risco de pré-eclâmpsia e uma razão sFlt-1:PlGF normal.
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