5 maneiras de dizer “não” ao seu paciente e evitar um conflito

Pacientes muitas vezes sentem-se frustrados quando o médico deixa de prescrever algo dentro da sua expectativa, e comumente nós médicos nos vemos cercados pela insistência, e quando se está em encurralado, sob o olhar contestador do paciente, saber dizer não torna-se um missão quase impossível. Nos últimos anos esta questão tem sido debatida com maior …

250-BANNER4Pacientes muitas vezes sentem-se frustrados quando o médico deixa de prescrever algo dentro da sua expectativa, e comumente nós médicos nos vemos cercados pela insistência, e quando se está em encurralado, sob o olhar contestador do paciente, saber dizer não torna-se um missão quase impossível.

Nos últimos anos esta questão tem sido debatida com maior intensidade, principalmente nos EUA onde o uso desenfreado de analgésicos opióides tem sido tratado como um problema do sistema de saúde.

Um estudo realizado com 192 médicos trazia uma simulação onde haviam dois cenários, um com necessidade real de opióides e outro não, porém em ambos os casos os médicos eram impactados por 50% dos pacientes pedindo diretamente este tipo de medicação. O resultado apontou que os médicos foram influenciados pelo pedido do paciente, prescrevendo a medicação, mesmo no cenário onde não haveria tal necessidade.

“A priorização da experiência da dor tem sido reforçada pela prática moderna de avaliar regularmente a satisfação do paciente”. Disse a Dra. Anna Lembke em seu artigo publicado New England Journal Of Medicine (NEJM).

Porém, não somente pelos dependentes de narcóticos este tipo de solicitação chega até os médicos. Muito pacientes traduzem uma necessidade de exames complementares não necessários, antibióticos para infecções não bacterianas, medicações para emagrecer sem indicação ou muitas outras que tenham descoberto terem efeito milagroso em seus amigos ou parentes.

No fundo grande parte dos pacientes não possuem ideia do custo elevado que a prescrição de medicamentos ou exames complementares possui no sistema de saúde, ou mesmo no real impacto que o uso de medicações impõe em resistência bacteriana ou mesmo desenvolvimento de dependência física/psicológica, efeitos adversos e diminuição do efeito por uso inadequado.

Frente a este cenário, levantamos algumas maneiras de dizer uma negativa para o paciente e evitar a insatisfação/frustração do mesmo:

  1. Incluir o “Não” em uma explicação: Ao invés de diretamente dizer não ao seu paciente, inclua uma explicação sobre a conduta, incluindo motivos e benefícios sobre a solicitação do paciente, deixando claro que trata-se de uma escolha responsável e que a solicitação não está totalmente descartada no futuro.
  2. Entenda os motivos: É muito comum o paciente fazer uma solicitação pois leu a respeito ou ouviu a respeito de um amigo/familiar. Abrir uma debate com o seu paciente, permitindo entender os motivos da solicitação pode trazer a segurança e esclarecimento para mudar sua cabeça.
  3. Esteja aberto a negociação: Um debate claro com o paciente permite que você negocie com o mesmo e transmita uma posição de importância para a sua solicitação. Grande parte dos pacientes pedem algo muito específico que acreditam ser escolha certa, porém eles realmente não sabem se querem isso. Uma explicação racional permite o entendimento e é provável que você sempre tenha uma melhor resposta ao final.
  4. Demonstre empatia pelo paciente: Muitos pacientes apresenta uma variedade extremamente complexa de sentimentos durante uma consulta médica. Envolve desde experiências anteriores, medos e sintomas de sua doença atual. Grande parte destes gostariam apenas de ser compreendido, respeitado e ouvido, demonstre interesse pela pessoa.
  5. Quando necessário, seja firme: Grande parte das vezes os pacientes entendem a explicação, e aceitam com satisfação a negativa, quando feita de maneira diplomática. Entretanto, algumas vezes, os pacientes não irão aceitar. Neste tipo de situação mantenha a sua posição firme, porém sempre educado e gentil. Tome as devidas anotações e caso o paciente torne-se agressivo, chame outro colega para intervir junto à você.

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 Referências:

  1. Lembke A – Why doctors prescribe opioids to known opioid abusers. N Engl J Med. 2012; 367(17):1580-1 (ISSN: 1533-4406)
  2. McKinlay JB et al. Effects of patient medication requests on physician prescribing behavior: results of a factorial experiment. Med Care. 2014; 52(4):294-9
  3. Neil Chesanow – 10 Ways to Say No to Patients — and Still Keep Them Smiling – MedScape Feb. 2016

 

 

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