Como fazer uma avaliação cardiovascular – parte 4: colesterol [podcast]

No episódio de hoje do nosso podcast, Dr. Ronaldo Gismondi fala sobre o colesterol, tema polêmico que teve muitas mudanças nos últimos anos.

No episódio de hoje do nosso PODCAST sobre avaliação do risco cardiovascular e prevenção da aterosclerose, Dr. Ronaldo Gismondi fala sobre o colesterol, tema polêmico que teve muitas mudanças nos últimos anos.

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Confira a transcrição do podcast

Colesterol

Hoje nós vamos para outro fator muito importante. Hoje nós vamos para outro fator muito importante e muito polêmico que é o colesterol. O colesterol teve muitas mudanças nos últimos anos e é muito importante você se atualizar. Nós temos tudo isso nos nossos textos do portal. O primeiro passo é: para você falar de colesterol hoje, você tem que dosar as frações. Eu vou falar de HDL, que é o bonzinho; LDL, que é o malvado; o VLDL, que tem uma relação com os triglicerídeos– quando triglicerídeos está abaixo de quatrocentos, você divide o seu valor por cinco e você tem o VLDL. O LDL, que é o malvadão, na maioria dos laboratórios não é dosado diretamente, mas sim calculado a partir dos demais valores, nas chamadas fórmulas de Friedwald.

Qual o alvo de colesterol? Para a prevenção da aterosclerose a sua meta é baseada no risco cardiovascular. Esse ano eu acho que vamos começar a ter mudanças importantes, porque pela primeira vez nos laboratórios vai deixar de vir um valor fixo no resultado. O doente pegava e fala assim: “bom, normal, ótimo, mais ou menos”; agora, não. Agora é baseado na idade, no risco porque é a avaliação mais moderna. Um homem de trinta anos sem comorbidades não tem o mesmo valor de meta que o pai dele com sessenta com hipertensão e diabético. São situações diferentes e para cada um há uma meta importante, e essa meta baseada na estimativa do risco cardiovascular que você tem pelas calculadoras do Whitebook. Então você deve dosar o colesterol, estimar o risco e a meta se baseia nisso.

Quando você está acima da meta ou quando o seu risco cardiovascular é muito alto e aí independe do colesterol – que às vezes está até normal – mas você usar estatina. Então a estatina entra hoje ou quando o risco cardiovascular é alto, ou quando colesterol está acima da meta para aquele risco. Lembrar que as estatinas mais potentes são artovastatina e rosuvastatina, as duas já tem patente e acessíveis para boa parte da população; infelizmente não para todos ainda. O alvo vai depender do risco, quanto maior o risco da pessoa, maior a tendência de você usar a dose máxima de estatina que você pode usar.

A segunda droga só vai andar se você mesmo com a dose máxima de estatina não atingir a meta necessária. O ezetimiba é mais antigo, mais acessível no mercado, mas com resultados muito discutíveis na medicina baseada em evidência. Já os inibidores do PSCK9, evolocumabe e a lirocumabi, eles mostram redução expressiva do LDL, e o primeiro estudo que saiu – ainda é só o primeiro – mostra que eles talvez possam reduzir o risco cardiovascular como as estativas fazem. Problema: são injetáveis e caríssimos, e não tão acessíveis para a maior parte da população, mesmo aquelas do plano de saúde.

Quando que eu uso fibrato? Fibrato não é um droga para colesterol, é para triglicerídeo, e você só vai usar quando o triglicerídeo estiver acima de quinhentos – acima de quatrocentos a quinhentos. É nesse cenário em que o triglicerídeo se torna uma importância. De cento e cinquenta até quinhentos ele está alto, mas não precisa de remédio, ele precisa bons hábitos: dieta, exercício e parar de usar álcool – são as três coisas que baixam o triglicerídeo. Então o fibrato entra, e lembrar que fibrato – em especial o gemfibrozil não pode ser usado com estatina, outros fibratos até podem, mas sempre com cautela porque potencializa o risco de rabdomiólise e lesão hepática.

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