A importância dos cuidados paliativos durante a fase final da vida

Reafirmar a vida e ver a morte como processo natural é um dos princípios dos profissionais que aplicam a abordagem dos cuidados paliativos em seu cotidiano.

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“Reafirmar a vida e ver a morte como um processo natural” é um dos princípios fundamentais dos profissionais que aplicam a abordagem dos Cuidados Paliativos (CP) em seu cotidiano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define os CP como uma abordagem que melhora a qualidade de vida de adultos/crianças e seus familiares quando enfrentam problemas associados a doenças potencialmente fatais. O objetivo principal é prevenir e aliviar o sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação e tratamento correto de sintomas e outros problemas, sejam eles físicos, psicossociais ou espirituais.

Além disso, é preconizado que o início da abordagem seja desde o diagnóstico em conjunto com os tratamentos propostos e serviços especializados, aumentando a sua inserção na assistência à partir da progressão da doença e maior demanda de necessidades.

Embora muitos profissionais de saúde enfrentem diariamente a morte, poucos estão preparados para este momento e as etapas que a antecedem: a progressão da doença e a fase final de vida. Infelizmente, a formação educacional que os profissionais da saúde recebem nas universidades, ainda é muito deficitária em relação a estes temas, poucas universidades possuem disciplinas que abordam finitude, morte ou a abordagem dos CP, deixando um vazio imenso na formação profissional.

Tampouco, o tema da morte é discutido em sociedade criando uma lacuna de palavras não ditas, dúvidas não esclarecidas, vontades não estabelecidas e cuidados não realizados entre profissionais da saúde, pacientes e seus familiares.

Diagnosticar que o paciente está nessa etapa da doença é complexo, ainda mais em ambientes hospitalares, onde a cultura focada em “cura“ e continuação de procedimentos invasivos são aplicados muita das vezes à custa do conforto do paciente.

profissional de saúde e a empatia

Os principais desafios dentre os profissionais de saúde são:

  • Nenhum diagnóstico definitivo
  • Obstinação em intervenções irrealistas ou inúteis.
  • Esperar que o paciente melhore.
  • Desacordo entre os profissionais sobre a condição do paciente.
  • Falha em reconhecer os principais sintomas e sinais de progressão da doença e fase final de vida.
  • Falta de conhecimento sobre o que prescrever ou como realizar assistência.
  • Preocupações sobre retirar ou manter o tratamento
  • O mito em relação ao medo de acelerar a morte, caso reconheça o processo.
  • Preocupações com a reanimação
  • Barreiras culturais e espirituais.
  • Medo relacionado aos desconhecimento do que a ética profissional prevê em relação ao tema.
  • Escassa capacidade de comunicação com o paciente e família.

E quais são os efeitos no paciente e família caso não seja reconhecido o processo de fase final de vida:

  • Paciente e família não sabem que a morte é iminente e não podem se preparar
  • O paciente perde confiança na equipe, pois sua condição se deteriora sem reconhecimento de que isso está acontecendo
  • Paciente e parentes recebem mensagens conflitantes da equipe multiprofissional, aumentando o sofrimento.
  • O paciente morre com sintomas descontrolados, levando a uma angústia e a morte indigna.
  • Paciente e família sentem-se insatisfeitos
  • Necessidades culturais e espirituais não são atendidas
  • Na morte, a reanimação cardiopulmonar pode ser iniciada de forma inadequada
  • Tudo o que precede pode levar a problemas complexos durante a morte e o luto dos familiares.
  •  Queixas sobre cuidados.

Principais cuidados na fase final de vida:

  • Avaliação abrangente dos principais sintomas associados a fase final de vida (dor, dispneia, delirium…), bem como as consequências desses sintomas para o paciente e sua família.
  • Explicar os objetivos de cuidados de conforto para aliviar a dor e outros sintomas para o paciente e a família.
  • Usar uma comunicação apropriada para que a família/ cuidador entendam o plano de cuidados e alinhem as expectativas para esta fase.
  • Ter conhecimento das principais medicações que são prescritas nesta fase e disponibilizar a administração da forma mais rápida possível.
  • Detectar quaisquer efeitos adversos de drogas e intervir adequadamente para controlá-los.
  • Personalizar o plano de cuidados na medida do possível.
  • Revisar o plano de cuidados regularmente.
  • Trabalhar em equipe multiprofissional com abordagem interdisciplinar.

Conclusão

Pacientes com enfermidades potencialmente fatais irão passar por diferentes etapas que devem ser reconhecidas adequadamente pelos profissionais da saúde. Identificar a fase final de vida e o processo ativo de morte, não irá acelerar a história natural da doença do paciente, mas será ponto de partida para elaboração do melhor cuidado para o paciente e sua família.

Decerto que disciplinas que abordem esses temas precisam ser incluídas na formação dos profissionais que entrarão no mercado de trabalho e habilidades e competências devem ser adquiridas pelos profissionais que já estão inseridos no sistema de saúde.

Pessoas vivem até o último segundo, portanto, deveriam ser cuidadas até este momento, os seus corpos e as suas tradições devem ser respeitados após a morte e as suas famílias necessitam ser acolhidas durante todo o processo de luto. Curar nem sempre será possível, mas cuidar transpassa a tradicional formação e nos leva a outro lugar dentro da assistência: o de mediadores de um processo de dignidade ao final da vida.

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Referências:

  • World Health Organization. 10 facts on palliative care. [site]; 2017, [citado em abril de 2019].
  • World Health Organization. Improving acess to Palliative care [Infográfico]. WHO; [Internet]; 2015; [citado em abril de 2019].
  • Schroeder K, Lorenz K. Nursing and the Future of Palliative Care. Asia Pac J Oncol Nurs.[Internet]; 2018; [citado em abril de 2019]: Jan-Mar;5(1):4-8.
  • ANCP – Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos. São Paulo: Solo Editoriação e Design gráfico; 2012.

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