Ações de enfermagem frente ao fenômeno da não imunização

A vacinação é mundialmente reconhecida por autoridades sanitárias e profissionais de saúde. Mas um movimento recente tem chamado atenção: a não imunização. 

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A imunização é um evento mundialmente conhecido e reconhecido por autoridades sanitárias e por profissionais de saúde. Ela realiza intervenções preventivas com impacto na redução da morbimortalidade de doenças, sendo responsável pela erradicação de doenças como a varíola e redução de doenças que geram grande mal a comunidade, como a poliomielite.

No Brasil, o programa nacional de imunização alcançou alto nível de cobertura vacinal, erradicando a poliomielite e controlando muitas doenças como o tétano neonatal, coqueluche, sarampo e difteria.  A Criação do Programa Nacional de Imunização (PNI), por determinação do Ministério da Saúde foi um grande avanço para saúde pública no Brasil. No entanto, após muitos benefícios gerados pela vacinação gratuita e ampla cobertura vacinal um evento nos chama atenção que é a não vacinação. 

Movimento antivacinas

Por isso, é importante refletir sobre o evento antivacinação. Mesmo com o impacto na redução de casos de mortes pelas doenças imunopreveníveis, foi criado um movimento com estratégias enfraquecimento da imunização da população. De Acordo com APS et al (2018), são movimentos que utilizam a divulgação de informações falsas, questionando e eficácia das vacinas, relacionando-as com o aumento de doenças como o autismo. Uma outra associação temporal realizada pela famosa “Fake News”, foi a ocorrência de casos de paralisia temporária após a imunização com a vacina contra o vírus papiloma humano (HPV). Esta associação não possui associação temporal ou base causal.

Para Mizuta (2019), existe um movimento antivacina, o que leva a população a um comportamento de indecisão/retardo na utilização das vacinas induzindo atitudes de risco, não só a saúde individual do não vacinado, mas de todos à sua volta. Algumas epidemias já foram evitadas por causa do evento, tais como: epidemia de sarampo, coqueluche e varicela.

A vacinação continua sendo principal agente protetor de doenças atingindo todos os grupos sendo eles de risco para a doença ou não, principalmente, pelo efeito de imunização de rebanho, evento que evita a circulação do patógeno na população. Evidenciando a diminuição da incidência e prevalência das doenças. As vacinas, como qualquer outro medicamento, podem trazer eventos adversos. No entanto, são indubitavelmente mais leves do que as doenças e suas possíveis sequelas.

Como a enfermagem pode atuar frente ao movimento antivacinação?

A enfermagem é uma das profissões protagonistas na atuação da atenção básica, produtora do serviço de atenção à saúde do (PNI), que possui como um de seus objetivos reduzir erros referente a imunização. Hoje, um dos principais erros, não está necessariamente para o evento do procedimento da imunização, mas sim para diminuir erros elementares que afastem a população da proteção conferida pela imunização.

Caso o sistema de saúde promova o enfraquecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a vacinação pode não ser aderida pela sociedade. Esse problema gera diminuição das visitas domiciliares, da presença no território, da promulgação de medidas de educação à saúde, no tocante a formar conhecimento a cerca de imunização e dos prejuízos da não imunização.

Diante de tais evidencias, o enfermeiro pode utilizar algumas ações para diminuir os eventos relacionados a antivacinação, tais como:

  • Realizar investigação epidemiológica;
  • Identificar a taxa de vacinação relacionada a cobertura vacinal; 
  • Identificar a maneira correta de atender ao público de acordo com cada território;
  • Realizar visitas domiciliares e captar usuários no território;
  • Realizar parceria com locais de circulação coletiva, como: instituições escolares, religiosas e outras instituições a fim de realizar educação em saúde sobre a imunização;
  • Orientar sobre a importância da imunização, principalmente, nos grupos de risco;
  • Manter a ordem e a disposição do atendimento ao público, nos Postos de Vacinação;
  • Preencher corretamente as fichas para controle e aprazamento das doses e datas subsequentes da vacina com a finalidade de realizar o controle da dispensação de doses, contribuindo para próximas avaliações epidemiológicas;
  • Colaborar na elaboração de projetos de treinamento local para voluntários da comunidade e pessoas ligadas a instituições coletivas.

É importante compreender que a educação em saúde, não é informação, mas um processo de construção individual e coletiva sobre saúde que considera a ciência e os determinantes sociais de saúde. Barbieri, Couto e Aith (2017) nos alertam que muitas pessoas com alto nível educacional, de classe social elevada estão entre os que mais promovem os eventos antivacinas. A conversa individual com o profissional de enfermagem ou com outros profissionais de saúde pode ser um caminho para a solução do problema. A administração de uma vacina é um dos últimos passos na cadeia de ações relacionados a imunização e relativa à proteção da população contra as doenças transmissíveis. 

A equipe de enfermagem possui grande responsabilidade nas atividades relacionadas a imunização. No entanto, na maioria das vezes, a equipe de enfermagem se limita a cumprir normas estabelecidas e centradas na execução do procedimento, realizando condutas obsoletas apenas relacionadas lógica procedimental. Com algumas ações e um planejamento eficaz, podemos atingir a população e construir um saber mais consolidado em relação aos benefícios da imunização pela população, bem como a esclarecer falsas notícias ou informações sobre eventos relacionados a não vacinação ou anti-imunização.

Papel do Agente Comunitário de Saúde

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) pode ser um grande intercessor no processo de educação em saúde. O ACS faz parte da comunidade e compõe o corpo de profissionais que geram o serviço de saúde. Pode ser peça fundamental para a construção de estratégias de educação em saúde relativos a imunização. Além disso, pode identificar usuários e locais onde a educação em saúde poderá obter um maior alcance no território, bem como identificar os possíveis usuários que possuem falsas informações sobre a imunização, principalmente, por meio de visitas que identifiquem a relação das famílias e suas cobertura vacinal.

O esclarecimento rápido e efetivo é o melhor instrumento de prevenção contra os movimentos antivacinação. No entanto, é preciso planejamento das ações para que se possa gerar um maior alcance das ações de educação a saúde sobre a imunização e sobre informações desqualificadas. Portanto, é necessário compreender a necessidade de utilizar a comunicação em massa, como redes sociais como instrumento de informação à saúde, desmistificando falsas notícias. Além disso, é necessário aumentar a discussão no meio acadêmico objetivando maior atuação profissional acerca da imunização. 

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Referências:

  • Aps LRMM, Piantola MAF, Pereira SA, Castro JT, Santos FAO, Ferreira LCS. Eventos adversos de vacinas e as consequências da não vacinação: uma análise crítica. Rev Saude Publica. 2018;52:40.
  • Barbieri CLA et al. A (não) vacinação infantil entre a cultura e a lei. Cad. Saúde Pública 2017; 33(2):11.
  • Mizuta AH , Succia G de M, Montallia V.M.M , et al. Percepções acerca da vacinação e da recusa vacinal. Rev Paul Pediatr. 2019;37(1):34-40.

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