Crise epiléptica: o que é importante o enfermeiro saber?

Crise epiléptica é ocorrência de manifestações clínicas decorrentes atividade da neuronal cerebral anormal excessiva ou síncrona, local ou generalizada. 

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Define-se como crise epiléptica a ocorrência de manifestações clínicas decorrentes atividade da neuronal cerebral anormal excessiva ou síncrona, local ou generalizada. 

Epilepsia é um transtorno do encéfalo caracterizado por predisposição persistente de gerar crises epilépticas. Para ser considerada epilepsia, é necessária, ao menos, 2 crises epilépticas com intervalo maior que 24 horas entre elas.

As doenças epilépticas são classificadas em: focal, generalizada e de origem desconhecida.

Classificação das doenças epilépticas

Estado de mal focal:

  • Parcial Complexo: crises focais com alteração de consciência;
  • Parcial Simples: motor focal, sensorial focal e sintomas cognitivos.

Estado de mal generalizado:

  • Tipo ausência: alteração do nível de consciência sem sintomas motores;
  • Mioclônico: movimento muscular em formato de onda, com tremores leves a moderados;
  • Tônico-clônico: contração muscular vigorosa sempre associada à alteração de consciência. Tipo mais grave e que pode ser considerado uma situação de emergência.

Origem desconhecida:

  • Tônico-clônico: contração muscular vigorosa sempre associada a alteração de consciência. Tipo mais grave e que pode ser considerado uma situação de emergência;
  • Espasmo epilético: espasmos de baixa intensidade em uma parte do corpo;
  • Parada comportamental: paralisia temporária da consciência.

Sinais e sintomas

  • Comprometimento da fala ou outros domínios cognitivo;
  • Déjà vu;
  • Alucinações;
  • Distorções da percepção;
  • Medo;
  • Ansiedade;
  • Alegria sem motivo aparente;
  • Perda de consciência;
  • Mioclonia;
  • Alterações sensitivas;
  • Alterações autonômicas;
  • Abalos;
  • Alterações cognitivas;
  • Nistagmo;
  • Olhos voltados para cima.

Como guiar a etapa de coleta de dados?

Caso não tenha presenciado, identificar alguém que possa ter presenciado o evento, alteração da cognição ou consciência antes do episódio. Também descobrir como foi a queda, nível de consciência após o evento, sentimentos abruptos de medo ou pânico, alucinações olfativas ou gustativas, além de momentânea ruptura de contato visual pré evento.

História patológica pregressa e atual (que podem aumentar a probabilidade de epilepsia):

  • TCE;
  • Hipoglicemia;
  • Hiperglicemia;
  • Estado febril;
  • Infecção;
  • Hipotensão;
  • AVE;
  • Abuso ou abstinência de medicações ou drogas;
  • Câncer primário de SNC;
  • Metástase cerebral.

É fundamental examinar a latência das vias aéreas, exame cardiovascular, exame cutâneo e neurológico, para ajudar a fechar diagnósticos e prevenir complicações.

Atendimento do evento

Crises sem manifestações motoras e clínicas, não sofrem intervenção imediata, o paciente deve ser encaminhado para acompanhamento ambulatorial com o neurologista.

Em casos motores, deve-se observar tempo de duração e repercussão clínica, seguindo a seguinte sequência de atendimento:

  1. Suporte básico e avançado de vida, com especial atenção à manutenção da permeabilidade das vias aéreas;
  2. Preservação da integridade física, colocando travesseiro ou algum tecido sob a cabeça do paciente;
  3. Não conter os espasmos à força;
  4. Tratar causa.

De maneira geral, não precisa de tratamento específico, uma vez que as crises costumam ser autolimitadas. Entretanto, em casos de insuficiência respiratória aguda, permanência prolongada na crise ou recorrência do quadro, pode-se optar por:

  • Benzodiazepínico (diazepam) venoso ou retal em dose única (podendo repetir 3 vezes caso necessário);
  • Fenitoína em dose de ataque por via endovenosa em 30 minutos;
  • Midazolam em dose única (podendo repetir se necessário);
  • Valproato de sódio (prevenção);
  • Midazolam em infusão contínua (casos de difícil controle);
  • Tiopental (caso todas as outras alternativas tenham falhado).

 

Referências:

  • Alencar SP. Convulsão febril: aspectos clínicos e terapêuticos. Artigo de revisão. Rev Med UFC. 2015;55(1):38-42.
  • Bergey GK. Management of a First Seizure. CONTINUUM: Lifelong Learning in Neurology. 2016;22(1).
  • Fisher R. S. et al. Operational classification of seizure types by the International League Against Epilepsy. 2016 [internet].
  • Gómez-Ibáñez A, Urrestarazu E, Viteri C. Estado epiléptico no convulsivo en el siglo xxi: clínica, diagnóstico, tratamiento y pronóstico. Rev Neurol 2012; 54 (2): 105-113.
  • Guilhoto LMFF. Revisão Terminológica e Conceitual para Organização de Crises e Epilepsias: Relato da Comissão da ILAE de Classificação e Terminologia, 2005-2009. Novos Paradigmas? J Epilepsy Clin Neurophysiol 2011;17(3):100-105.
  • Liberalesso PBN.Estado de mal epiléptico. Diagnóstico e tratamento. Residência Pediátrica 2018;8(supl 1):35-39.

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