Foram diversos dias que ficamos enclausurados dentro de nossas casas e sem o contato com nossos familiares e amigos. Muitos ainda continuam dentro dos lares respeitando o distanciamento social. Além disso, a forma de existência mudou depois da pandemia e as relações de trabalho tiveram profundas modificações sendo que o trabalho de muitas pessoas passou a se desenvolver de dentro do quarto, do escritório ou da sala de suas casas. Dos encontros por meio da tecnologia, afastados da forma convencional de se vestir para ir para o trabalho, muitos afastados da autoestima e vaidade ligado ao processo de socialização, fomos aos poucos modificando nossa forma de viver e interagir com as pessoas.
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O medo do contato social foi aos poucos se transformando em uma inabilidade de convívio. Com o avanço da vacinação as pessoas começaram a voltar para as ruas e muitas ainda, com medo, desenvolveram um fenômeno que começa a ser estudado, por especialistas em saúde mental em todo mundo. A atrofia social é causada pela regressão da habilidade de convívio, podendo causar uma inabilidade de convívio de pessoas frente a outras pessoas. O termo psicovírus tem sido usado para tratar do potencial efeito psicológico que o coronavírus vem tomando na vida das pessoas. Uma das áreas mais afetadas nessa complexa e vasta ação do vírus em nossas vidas é nossa condição psíquica ligada ao contato social.
Mas ao final, quais são os principais sintomas da atrofia social? Vamos compreender quais são as diversas características da atrofia social. Sabe aquele comportamento que temos frente a outra pessoa, no qual parece que “perdemos o jeito” de cumprimentar as pessoas? O que fazer e como fazer? Bom, esse comportamento depois da pandemia tomou outro cenário. Estávamos acostumados a abraçar, beijar a ter contato em limites espaciais pequenos. Dos latinos talvez o povo brasileiro seja os que mais valorizam o contanto proximal. Por isso, desenvolvemos a partir da impossibilidade do contato ao longo dos meses e anos (2020 e 2021), uma atrofia na condição relacional que pode nos gerar outros problemas de saúde mental.
Sintomas da atrofia social
- Dificuldade de sair de casa (síndrome da gaiola);
- Ao sair de casa, se preocupar excessivamente quanto ao encontro;
- Não ficar confortável frente a uma pessoa;
- Ter sensação de angústia frente a outra pessoa;
- Não saber se portar frente a outras pessoas;
- Sentir ansiedade frente a cumprimentos;
- Desenvolver agorafobia (locais abertos ou com pessoas);
- Ter sintomas de ansiedade (Apreensão, Angústia, inquietação);
- Ter medo de sair de casa, de encontrar alguém e não saber como lidar com a situação;
- Ter dificuldade de comunicação associada a outros sintomas;
- Embotamento e dificuldade de expressar emoções;
- Pânico em encontrar alguém conhecido em via pública.
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Os sintomas da atrofia social uma vez percebidos podem ser modificados. O autoconhecimento pode ser uma saída, uma vez que pode apontar os limites do corpo e das relações para aquele momento. É claro que sintomas isolados não podem ser considerados como uma atrofia social que é a perda ou diminuição da capacidade de se relacionar ou ter contato social. Não podemos esquecer que passamos por uma pandemia e que é normal ter de forma isolada alguns desses sintomas. Atente-se apenas quando isso se tornar um mal em sua vida ou impede que você se relacione com as pessoas. Lembramos que a vacinação está evoluindo, mas medidas de proteção ainda devem ser realizadas por todos nós. O distanciamento social ainda é necessário. Algumas pessoas precisam ter contato com outras pessoas por causa de seus ofícios e ainda assim precisam manter as recomendações das autoridades.
Mensagem final
Caso se sinta mal, com sintomas, e perceba que tem dificuldade de se relacionar, busque o serviço de saúde mais próximo. Os profissionais de saúde devem incluir em suas linhas de cuidado a observação que a atrofia social pode ser uma realidade de muitos. Por isso, aborde o tema com os usuários e fique atento aos sintomas.
Referências bibliográficas:
- Almeida T. Solidão, solitude e a pandemia da COVID-19. Pensando famílias. 2020;24(2):3-14. ISSN 1679-494X.
- Faro A, et al. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos de Psicologia (Campinas). 2020;37:e200074. doi: 10.1590/1982-0275202037e200074
- Araújo APF, et.al. Como a pandemia tem influenciado no perfil psicológico das pessoas? Uma revisão de literatura acerca do acometimento das pessoas pelos transtornos da ansiedade e da depressão frente aos desafios de sobreviver na pandemia. Brazilian Journal of Health Review (Curitiba). 2021 may./jun;4(3):12300-12307.