No dia 2 de abril comemora-se a conscientização sobre o autismo. Durante todo o mês de abril temos esse espaço de discussão sobre o autismo no calendário nacional de saúde. Sabemos que a discussão deve ser feita durante todo ano pela importância da temática.
Autismo
O que chamamos na sociedade de autismo consideramos na saúde como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que é o nome técnico oficial para designar a condição. Na antiga CID 10 a classificação do autismo se encontrava dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento. Já no CID 11, temos melhores especificações e o diagnóstico de autismo passa a fazer parte dos transtornos do Espectro do Autismo-TEA.
Os Transtornos do Espectro Autista têm sido discutidos no Brasil e as pessoas com essa condição e suas famílias têm cada vez mais conquistado marcos importantes na legislação brasileira e garantia de direitos. A lei Berenice Piana feita em 2012, criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo.
Com a regulamentação do decreto 8.368 de 2014, foi garantido os direitos às pessoas autistas, equiparando às pessoas com deficiência. Dos direitos garantidos em lei destacam-se o direito à saúde no âmbito do SUS, respeitadas as suas especificidades; direita à proteção social das pessoas com TEA em situações de vulnerabilidade; e, direito à educação, em sistema educacional inclusivo.
Sabemos que o TEA engloba vários níveis de comprometimento relacionados à distúrbios do desenvolvimento neurológico, interação social e fala, alterações comportamentais e habilidades psicomotoras, podendo provocar alteração no desenvolvimento típico da criança.
As alterações no desenvolvimento são mais percebidos após os dois anos de idade, mas também podem ser identificados nos primeiros 12 meses. O apego a rotinas fixas de atividades diárias, manuseio atípico de objetos (colocar em fileira ou girar), interesse excessivo por brinquedos ou objetos que rodam ou que realizam ações repetitivas e a criação de um mundo próprio pode ser mais percebido pela família e identificado por profissionais.
Muitas vezes o relato familiar gira em torno de considerar a existência de um mundo próprio da criança autista. Isso se dá pelo comportamento desconexo com a realidade e com a pouca interação social. Além disso, a escolha de objetos específico para o brincar é um ato comum. Quando não consegue realizar um desejo ou uma vontade específica, a criança pode ter aumento do estado de ansiedade, podendo apresentar agressividade ou ter crises comportamentais.
Outras manifestações que podem sugerir o diagnóstico de TEA na criança é o retrocesso das habilidades adquiridas; dificuldade ou recusa em manter contato visual com outra pessoa, dando preferência do olhar para objetos inanimados; não apresentar sorriso social na idade esperada; resistência ao toque, abraço, colo, gestos de carinho; alterações sensoriais; poucas vocalizações; não apontar ou realizar imitações ou fazer com pouca frequência; irritabilidade em ambientes movimentos e sons altos.
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Atendimento
Enfermeiras em diversas áreas do serviço vão realizar atendimentos a crianças, adolescentes e adultos com TEA. Isso provoca a necessidade de conhecimento da condição de existência e faz com que uma linha de cuidados seja basicamente seguida por essas profissionais. Vamos apresentar algumas possibilidades de cuidado, uma vez que a enfermeira atua como agente terapêutico e deve acolher a pessoa com TEA e sua família. Desta forma, a enfermeira deve:
- Priorizar o atendimento à essas pessoas;
- Realizar avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor da criança nas consultas de puericultura, o brincar e os objetos utilizados;
- Orientar os pais quanto à estimulação da criança com brincadeiras ao lar livre, lar harmonioso, contato afetivo, alimentação.
- Quando houver necessidade de hospitalização, colocar a pessoa com TEA em quarto privativo, reduzir estímulos sonoros, luminosos, etc. Orientar os pais/ família a levarem objetos pessoais e permanecerem em tempo integral. Cuidados simples devem ser realizados com cautela e com auxílio do acompanhante, quando possível (ex.: verificação da temperatura).
- As consultas de enfermagem devem ser claras, rápidas e objetivas.
- Deve ser realizado planejamento pedagógico individualizado na escola ou creche para a criança, com o objetivo de estimular a socialização.
- Trabalhar a aceitação diagnóstica;
- Educar quanto as possibilidades terapêuticas e importância da estimulação precoce;
- Orientar a cerca da intervenção e estimulação precoce;
- Identificar as maiores dificuldades da pessoa com autismo;
- Avaliar se há comportamento ritualizado e repetitivo, avesso a mudanças na rotina;
- Entender as rotinas da criança, adolescente ou adulto;
- Compreender a condição sensorial, comunicação e interação social;
- Avaliar movimento repetitivos de membros inferiores e principalmente superiores;
- Avaliar a consciência para perigo;
- Utilizar formas de comunicação adequada, como lúdica;
- Esclarecer a família sobre o capacitismo e preconceito, excluindo esses comportamentos como aceitável na vida da família;
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