O tratamento padrão das fraturas de tornozelo é a redução aberta e fixação interna (RAFI). Entretanto, mesmo se obtendo uma redução anatômica, alguns pacientes evoluem com queixas de dor e resultados funcionais ruins, com 1% evoluindo para osteoartrose. Essa progressão da dor residual na maioria das vezes é decorrente de uma lesão condral não observada no tratamento inicial.
As lesões condrais podem ser encontradas em cerca de 63% a 79% das fraturas de tornozelo segundo estudos anteriores e podem ser diagnosticadas e tratadas por artroscopia. Foi publicada, no último mês, na revista Plos One, uma revisão sistemática com estudos comparativos realizados para relatar os resultados funcionais, achados artroscópicos e a taxa de complicações da artroscopia para fratura aguda no tornozelo.
Métodos
Os bancos de dados do PubMed, Embase e Cochrane foram pesquisados independentemente por dois pesquisadores desde o início das publicações até 9 de outubro de 2022, para estudos comparativos. Os desfechos foram avaliados utilizando o Olerud–Molander Ankle Score (OMAS), American Orthopaedic Foot and Ankle Society (AOFAS) Ankle–Hindfoot Scale, complicações pós-operatórias, achados artroscópicos, Escala Visual Analógica de dor (EVA), e tempo cirúrgico. Um total de dez ensaios envolvendo 755 pacientes foram incluídos nesta meta-análise.
Resultados
Os resultados revelaram que artroscopia para fraturas no tornozelo era superior em relação aos resultados funcionais e EVA quando comparadas com redução aberta e fixação interna (ORIF).
Nenhuma diferença significativa foi observado na taxa de complicações pós-operatórias e no tempo de operação entre os grupos artroscópico e RAFI. Uma alta incidência de lesões condrais ou osteocondrais, lesões ligamentares e corpos livres com fraturas no tornozelo foram encontrados por artroscopia do tornozelo.
Conclusão
Artroscopia para fraturas do tornozelo pode ser benéfico para oferecer resultados funcionais e de dor superiores a RAFI. Talvez com o aumento da experiência cirúrgica, a ocorrência de complicações pós-operatórias e a extensão do tempo de operação nas artroscopias não serão mais uma preocupação em potencial para os cirurgiões.