ACC 2023: CLEAR OUTCOMES, uma alternativa para os intolerantes às estatinas

Estudo traz uma droga alternativa para reduzir eventos cardiovasculares graves em pacientes que não toleram as estatinas.

Em uma das primeiras sessões do congresso da American College of Cardiology 2023, foi abordado o estudo CLEAR OUTCOMES (Cholesterol Lowering via Bempedoic Acid, an ACL-Inhibiting Regimen). A intolerância às estatinas é um problema que impede muitos pacientes de atingir níveis de LDL-C associados aos benefícios cardiovasculares. O ácido bempedóico, um inibidor da ATP citrato liase, inibe a síntese de colesterol a montante da HMG-Co-A redutase, a enzima inibida pelas estatinas. Ele é um pró-fármaco ativado no fígado, mas não em tecidos periféricos, resultando em uma baixa incidência de eventos adversos relacionados aos músculos.

Saiba mais: Confira os principais destaques do congresso da American College of Cardiology

Embora aprovado para diminuir o LDL-C, os efeitos do ácido bempedóico sobre os desfechos cardiovasculares não havia sido avaliado até o momento.

No estudo, foram randomizados 13970 pacientes, de 32 países, que estavam em prevenção primária ou secundária com LDL-c ≥ 100 mg/dl, intolerantes a estatinas (documentadas em termos de consentimento pré-inclusão no estudo) para receber ácido bempedóico, 180 mg/dia ou placebo, e que foram seguidos por 40 meses (em média). No baseline, cerca de 70% dos pacientes estavam em prevenção secundária: 50% eram mulheres, 23% usavam estatinas (dose baixa) e a média de LDL-c era 139 em ambos os grupos.

Os desfechos foram:

  • Primário: desfecho composto de 4 componentes de MACE (IAM não fatal, AVC não fatal, revascularização miocárdica ou morte cardiovascular);
  • Secundário: tempo para ocorrência de três componentes-chave de MACE (IAM, AVC ou morte cardiovascular).

O desfecho primário ocorreu em 11,7% dos participantes que tomaram ácido bempedóico e em 13,3% dos que tomaram placebo. Não houve diferença estastística entre os grupos em relação à mortalidade. O desfecho primário teve redução de 13% e o secundário de 15%, sendo 23% para IAM e 19% para revascularização coronariana.

Aqueles que receberam ácido bempedóico tiveram queda de LDL-c em cerca de 20% a 25%, em média, ao longo do estudo (menor que a redução pelas estatinas em literatura). Os participantes do grupo placebo também tiveram uma redução modesta do LDL-c (até 10%, em média), o que provavelmente reflete um monitoramento mais próximo do paciente e a adição de outros agentes redutores de colesterol como parte de sua terapia de base.

Os participantes que tomaram ácido bempedóico apresentaram taxas mais altas de vários eventos adversos, incluindo insuficiência renal, gota e cálculos biliares, bem como enzimas hepáticas elevadas, provavelmente devido à atividade da droga no fígado. No entanto, esses efeitos colaterais foram bem tolerados e não levaram a uma taxa mais alta de descontinuação da terapia.

De acordo com a literatura, o ácido bempedóico não é tão eficiente como as estatinas e sua associação com os inibidores de PCSK9 para reduzir colesterol ou desfechos cardiovasculares. No entanto, o estudo traz uma droga que é uma alternativa de tratamento eficaz para reduzir eventos cardiovasculares graves em pacientes que não toleram as estatinas.

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