ACC 2023: Trial compara eficácia da minitoracotomia com esternotomia mediana

Estudo MINI foi apresentado durante o segundo dia do congresso anual da ACC.

O reparo da valva mitral por mini toracotomia é a abordagem cirúrgica para reparo da valva mitral já amplamente debatida e preferida pelos pacientes por ser menos invasiva. No entanto, existem pontos importantes a serem questionados: Pode-se reparar tanto quanto a cirurgia aberta? Pode-se reparar tão bem quanto a cirurgia aberta? É um procedimento seguro? 

O surgimento de estratégias percutâneas para tratar insuficiência mitral e a necessidade de testes para determinar quais procedimentos beneficiar e a quais grupos de pacientes, tornam a definição da escolha da abordagem cirúrgica ideal uma prioridade clínica. 

Métodos 

O estudo avaliou a eficácia e a segurança do reparo da valva mitral por minitoracotomia direita guiada por toracoscopia (Mini) versus esternotomia mediana convencional em pacientes com valva mitral degenerativa e regurgitação mitral (RM) importante. Os critérios de inclusão foram pacientes ≥18 anos com doença degenerativa da válvula mitral, necessitando de reparo da valva isolado (pacientes que necessitavam de cirurgia concomitante para fibrilação atrial e/ou fechamento do forame oval patente foram incluídos) e adequado para cirurgia cardíaca e circulação extracorpórea. 

O estudo foi randomizado, prospectivo, multicêntrico e baseado em experiência (cirurgiões com treinamento prévio) com 330 pacientes em 10 centros do Reino Unido, tendo sido operados 309 pacientes e acompanhados por até 5 anos.  

O desfecho primário foi funcionamento físico (FF) associado ao retorno às atividades habituais medidos pela mudança na escala de funcionamento físico, SF-36v2, em 12 semanas após a cirurgia inicial. 

Os desfechos secundários foram: função física em seis semanas, atividade física e eficiência do sono medida por acelerômetro em seis e 12 semanas, taxas de reparo da válvula mitral, qualidade do reparo da válvula mitral (taxa de IM moderada ou grave em 12 semanas e um ano), eventos adversos (morte, acidente vascular cerebral, hospitalização por insuficiência cardíaca e intervenção repetida na válvula mitral) e grau de regurgitação mitral. 

Resultados 

As características do baseline foram semelhantes entre os grupos sendo a idade média de 67 anos, sendo 30% mulheres, 92% de RM grave, 96% classificados como Carpentier Tipo 2 (excessivo movimento do folheto, característico da doença do prolapso da valva mitral), 50% em insuficiência cardíaca NYHA III/IV, risco perioperatório pelo EuroScore II baixo (1.7) e a taxa de reparo geral foi de 96%.  

Ao final de 12 semanas após a cirurgia, nenhum participante apresentou sintomas graves e 12 (3,8%) apresentaram RM moderada ao eco transtorácico. A FF melhorou desde o início até seis semanas em pacientes com a Mini, mas não com esternotomia, entretanto, ao final de 12 semanas, não houve diferença estatística entre os grupos [0,675 (-1,89,3,26); p 0,61]. Em relação aos desfechos secundários: a redução da RM para nenhum grau ou leve foi de 95% em ambos os grupos em 12 semanas e, 92% em 52 semanas. Além disso, em ambos os grupos, as dimensões e volumes do ventrículo esquerdo reduziram significativamente sem diferenças significativas entre os grupos e, a FF moderada a vigorosa e a eficiência do sono foram significativamente maiores com a Mini em 6 semanas. 

Foram avaliados, também, desfechos de segurança, tais como: morte, AVC com sequela, IAM, traqueostomia, disfunção renal, ventilação mecânica por mais de 48 horas, permanência na UTI, proporção de permanência na UTI > 48 horas, tempo de internação e alta precoce (< 5 dias) e dias de vida fora do hospital (DVFH – avalia também reinternações hospitalares após a alta).  

O tempo de internação pós-operatório foi reduzido com Mini, alta precoce duas vezes mais provável com o Mini, entretanto, o DVFH foi maior para Mini aos 30 e 90 dias. A mortalidade, as hospitalizações por IC e reintervenção na valva mitral em 1 ano foram semelhantes e baixas em ambos os grupos. 

Conclusão e mensagem prática 

Concluindo, a Mini foi segura em relação à cirurgia convencional aberta, proporcionou recuperação mais rápida inicial, porém não foi sustendada em 12 semanas e com menos dias de via fora do hospital. 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • https://www.acc.org/Latest-in-Cardiology/Clinical-Trials/2023/03/01/23/38/uk-mini-mitral

Especialidades