ACP 2023: HIV e atualizações sobre profilaxia pré-exposição

Palestra durante o congresso da American College of Physicians discute o que deve ser feito frente ao paciente com alto risco de contrair o HIV.

A evolução no campo da prevenção e tratamento do HIV tem sido notável nas últimas décadas, trazendo novas perspectivas e esperança para profissionais da saúde e pacientes. Neste contexto, a palestra “HIV para o clínico” apresentada pela Dra. Erica N. Johnson no Congresso do American College of Physicians 2023, trouxe informações atualizadas e relevantes para os médicos que atuam na área, com destaque especial para as últimas novidades em relação à profilaxia pré-exposição (PrEP) para o HIV. 

A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma estratégia medicamentosa que pode ser utilizada por pessoas com alto risco de contrair o HIV para reduzir suas chances de infecção. A PrEP é altamente eficaz quando tomada regularmente, reduzindo o risco de transmissão em mais de 99% nos EUA, segundo dados trazidos pela Dra Johnson. É importante que os médicos considerem a PrEP como uma opção para seus pacientes que possam estar em maior risco de contrair o HIV. 

Formulações disponíveis

A PrEP está disponível em duas formulações nos Estados Unidos: tenofovir disoproxil fumarato (TDF) e emtricitabina/tenofovir disoproxil fumarato (FTC/TDF). Ambas as formulações são tomadas por via oral uma vez ao dia e demonstraram ser altamente eficazes na prevenção da transmissão do HIV quando tomadas consistentemente. O TDF está disponível desde 2012, enquanto o FTC/TDF foi aprovado em 2014. 

Desenvolvimentos recentes na PrEP incluem a disponibilidade de uma formulação injetável chamada cabotegravir de longa duração (Cab LA). Essa opção envolve receber uma injeção a cada dois meses em vez de tomar um comprimido diariamente. O Cab LA mostrou-se altamente eficaz em ensaios clínicos e foi aprovado pelo FDA em 2020. No entanto, é importante observar que o Cab LA pode não ser o mais apropriado para todos, devendo o médico considerar a situação individual de cada paciente. 

Um dos possíveis efeitos colaterais da PrEP é a lesão renal. O TDF foi associado à diminuição da função renal em algumas pessoas, especialmente aquelas com doença renal pré-existente ou outros fatores de risco. Outro possível efeito colateral da PrEP é a perda óssea. O TDF foi associado à diminuição da densidade mineral óssea em algumas pessoas, especialmente aquelas com fatores de risco pré-existentes para osteoporose. Deve-se monitorar a função renal e a saúde óssea dos pacientes em uso da PrEP e considerar a troca para FTC/TDF ou Kab LA se houver preocupações nesse sentido. 

Em relação ao potencial de interações medicamentosas com a PrEP, o TDF e o FTC/TDF, que são metabolizados pelo fígado, podem interagir com outros medicamentos que também o são. Assim, é importante revisar cuidadosamente as listas de medicamentos do paciente e, se possível e pertinente, considerar a troca para uma formulação diferente de PrEP ou ajustar a dose de outros medicamentos. 

Outras abordagens necessárias

A palestrante reforça também que, além da realização de exames para rastreio e do tratamento de ISTs, os profissionais de saúde também devem discutir outras estratégias de redução de risco com seus pacientes que estão tomando PrEP (prevenção combinada), incluindo o uso consistente de preservativos, a redução do número de parceiros sexuais e evitar comportamentos sexuais de alto risco. A PrEP não é um substituto para preservativos ou outras estratégias de redução de risco: embora possa reduzir significativamente o risco de transmissão do HIV, ela não protege contra outras ISTs ou gravidez indesejada. 

Apesar de sua eficácia comprovada, a adoção da PrEP tem sido limitada entre determinadas populações nos EUA. Dados apresentados na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI) mostraram que, de 2015 a 2020, houve um aumento no número de novas prescrições de PrEP entre os inscritos no Medicaid. No entanto, esse aumento foi desproporcionalmente observado entre indivíduos brancos e homens que fazem sexo com homens, destacando a necessidade de esforços direcionados de divulgação para garantir que todas as populações que possam se beneficiar da PrEP tenham acesso a ela.  

Conclusão

Em resumo, os estudos vêm comprovando que a PrEP é uma opção altamente eficaz para reduzir o risco de transmissão do HIV entre indivíduos que correm alto risco de adquirir o vírus. Os médicos devem estar cientes dos últimos desenvolvimentos em relação à PrEP, incluindo a disponibilidade de uma formulação injetável. O rastreio regular do HIV e outras ISTs também é importante para prevenir a propagação dessas infecções e melhorar os resultados de saúde dos pacientes, assim como estimular estratégias de prevenção combinada. Também são necessários esforços para aumentar a adoção da PrEP entre todas as populações que poderiam se beneficiar dela, diminuindo as iniquidades do acesso a ela. 

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