As intervenções de enfermagem são ações autônomas baseadas na literatura científica, tendo em vista o diagnóstico de enfermagem identificado na coleta de dados. Dentre elas, no cuidado direto é possível aplicar a acupuntura auricular. Trata-se de uma técnica proveniente da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que tem um sistema de diagnóstico e tratamento próprio de acordo com a avaliação individual do sujeito.
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Como funciona a acupuntura auricular?
A acupuntura auricular vem sendo cada vez mais difundida pelas evidências de efetividade e segurança, além do baixo custo de aplicação. Refere-se a uma modalidade de cuidado da acupuntura sistêmica e tem como princípios de ação a harmonização de canais energéticos pela estimulação do microssistema da orelha; e a estimulação do sistema nervoso central por meio do nervo vago e nervo trigêmeo.
Atualmente são reconhecidos mais de 200 acupontos na orelha. Esses representam os órgãos internos como coração, pulmão, fígado, rim, útero; as partes do corpo como região dos olhos, cervical, dedos das mãos e dos pés; e pontos específicos como ponto da sede, do vício, da hipertensão, e da ansiedade.
A acupuntura auricular é englobada na CIPE e NIC pelo termo acupressão (estimulação mecânica de pontos sistêmicos ou reflexos). No entanto, a técnica pode ser realizada com outros dispositivos, como agulhas, sementes de mostarda, cristais radiônicos, cristais, esferas com ouro ou prata, dentre outros.
Dentre as indicações da acupuntura auricular estão condições de manutenção e promoção da saúde, assim como o tratamento complementar de condições agudas ou crônicas de doença psíquica e/ou física. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a efetividade da acupuntura nas reações adversas da radioterapia e quimioterapia, rinite alérgica, cólica biliar, depressão, disenteria, epigastralgia, dor facial, enxaqueca, hipertensão essencial, hipotensão primária, leucopenia, correção da má posição fetal, náusea e vômitos, cólica renal, dismenorreia primária, dor no joelho, dor lombar, enjoo matinal, dor no pescoço, periartrite do úmero escapular, dor pós-operatória, artrite reumatoide e Acidente Vascular Encefálico.
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A Coordenação Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (CNPICS) do Ministério da Saúde com o Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) elaborou em 2020 cinco guias baseados em evidências científicas para o tratamento de condições comuns, dentre as quais estão à ansiedade, tabagismo, insônia, obesidade, e lombalgia (Tabela 1). Apesar de já encontrarmos estudos com qualidade metodológica para essas condições mais frequentes, ainda são escassos aqueles com foco em grupos específicos, como crianças e gestantes, por exemplo.
Tabela 1 — Pontos de acupuntura auricular indicados para condições clínicas comuns de acordo com os guias de auriculoterapia desenvolvidos pela CNPICS e UFSC.
Condição | Principais Pontos |
Ansiedade | Shenmen, Simpático, Subcórtex, Coração, Ansiedade e Suprarrenal. |
Insônia | Shenmen, Simpático, Sub córtex e Coração |
Tabagismo | Shenmen e Pulmão |
Obesidade | Shenmen, Estômago, Endócrino e Fome |
Lombalgia | Shenmen, Subcórtex, Simpático, Rim e Lombar |
No Brasil, em 2019, estima-se que foram realizadas 423.774 sessões de auriculoterapia na Atenção Primária à Saúde e 492.005 sessões na atenção secundária e terciária. Tal dado contrasta-se com os dados de 2017 e 2018 que registraram 40.818, 217.973 sessões na Atenção Primária à Saúde, respectivamente. Ressalta-se que é uma técnica de cuidado proveniente da cultura milenar chinesa que pode ser realizada por profissional de saúde ou não, desde que tenha capacitação.
Para a aplicação da auriculoterapia o enfermeiro deve ter formação em acupuntura ou realizar um curso na modalidade de extensão, com carga horária que varia de acordo com a instituição ofertante (varia de 20h a 90h). No curso, são abordados os conceitos e critérios diagnósticos de acordo com a racionalidade a ser seguida, a anatomia da orelha e a localização dos pontos. Geralmente eles têm carga horária teórica e prática.
Referências bibliográficas:
- Almeida V. Guias orientam uso de auriculoterapia em diferentes condições de saúde. 2020. Disponível em: http://observapics.fiocruz.br/guias-orientam-uso-de-auriculoterapia-em-diferentes-condicoes-de-saude/. Acesso em 15 de dezembro de 2021.
- Azevedo C, et al. Complementary and integrative therapies in the scope of nursing: legal aspects and academic-assistance panorama. Escola Anna Nery. 2019;23(02) doi: 10.1590/2177-9465-EAN-2018-0389.
- Butcher, et al. Classificação das intervenções de enfermagem (NIC). 7ª ed. Guanabara Koogan. 2020.
- CNPICS. Coordenação Nacional De Práticas Integrativas E Complementares Em Saúde. Relatório de Monitoramento Nacional das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde nos Sistemas de Informação em Saúde. 2020. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/pics/Relatorio_Monitoramento_das_PICS_no_Brasil_julho_2020_v1_0.pdf. Acesso em 15 de dezembro de 2021.
- Garcia TR. Classificação Internacional para Prática da Enfermagem- CIPE®: Versão 2019-2020. Porto Alegre: Artmed; 2020.
- WHO. World Health Organization. Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials. Geneva: 2002. 87 p.