Experiências brasileiras estiveram muito presentes no IAS 2023, com apresentações de resultados de muitos estudos conduzidos no país. Um deles, o ImPrEP, foi um estudo multicêntrico e internacional que avaliou aspectos relacionados ao uso de PrEP oral diária em homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero.
Novo estudo
Considerando os determinantes sociais de saúde e doença e as desigualdades no contexto brasileiro, uma das pesquisas do grupo brasileiro do ImPrEP procurou avaliar a incidência de HIV e fatores relacionados a não adesão da PrEP oral nessa população, de acordo com a raça autorrelatada. Os resultados foram apresentados nessa 12ª Conferência da International AIDS Society.
Métodos e resultados
Dos 3.928 participantes brasileiros incluídos, 47% eram brancos, 36% eram pardos e 15% eram negros. A taxa de incidência de HIV foi maior entre indivíduos negros (2,16/100 pessoas-ano; IC 95% = 0,54 – 8,63) comparados com pardos (1,49/100 pessoas-ano; IC 95% = 0,48 – 4,62) e brancos (1,00/100 pessoas-ano; IC 95% = 0,25 – 4,01).
Não adesão também foi maior entre negros (26,2%) em comparação com indivíduos pardos (24,2%) ou brancos (18,7%). Entre todas as raças, mulheres transgênero e participantes mais jovens apresentavam maiores chances de não adesão à PrEP.
Entre indivíduos negros e pardos, menor nível educacional e uso de sexo de forma transacional nos últimos 6 meses estiveram associados com maiores chances de não adesão.
Conclusão
Os autores destacam que os resultados demonstram a existência de diferenças raciais associadas aos desfechos da PrEP e que políticas públicas que visem a mitigar desigualdades raciais e sociais são necessárias no país.