AIDS 2023: Envelhecimento e declínio cognitivo em PVHIV

Dificuldades de rastreio e divergência de recomendações dos guidelines pode dificultar a prevenção e retardo do declínio cognitivo em PVHIV.

Em Brisbane, Austrália, está acontecendo a 12ª Conferência do IAS 2023, focada em discussões e atualizações pertinentes ao combate à AIDS em todo o mundo. Um dos temas do primeiro dia de palestras foi o envelhecimento de pessoas que vivem com HIV.

Com a maior disponibilidade e melhoria dos antirretrovirais, o mundo tem vivenciado o envelhecimento da população de indivíduos vivendo com HIV. Esse fato gera novas necessidades a serem abordadas pelos médicos que cuidam desses pacientes.

IAS 2023

Declínio cognitivo

Entre as comorbidades associadas ao envelhecimento, o declínio cognitivo tem chamado a atenção e tem sido alvo de diversas pesquisas. A Conferência do IAS 2023 teve uma sessão de palestras sobre o assunto, discutindo as últimas evidências de patofisiologia e manejo. Os principais pontos abordados estão sumarizados a seguir: 

Estudos mostram que PVHIV parecem envelhecer cognitivamente mais rápido do que indivíduos sem HIV. Pacientes com carga viral-HIV (CV) indetectável aproximam-se dos indivíduos não infectados pelo vírus. 

Uma das causas supostas para essa resposta em pacientes com HIV é a presença de doença cerebrovascular acelerada em PVHIV. 

Deposição de amiloide e HIV

Um achado controverso é a deposição de amiloide nas células cerebrais em alguns pacientes com HIV. Em indivíduos com o vírus, mesmo os com CV indetectável, a transcrição de porções do HIV é contínua e porções de DNA e RNA viral podem ser detectados no LCR, de formas variáveis, nesses pacientes. 

O manejo do declínio cognitivo envolve prevenção e detecção precoces, uso de TARV, rastreio de comorbidades, incluindo depressão, e rastreio do distúrbio neurocognitivo associado ao HIV, conhecido como HAND. Para esse rastreio, pode-se utilizar ferramentas como o teste do MoCA. 

Prevenção

Dentre as intervenções não-farmacológicas para prevenção de declínio cognitivo, a atividade física ganha destaque como talvez a principal aliada. PVHIV que apresentavam níveis mais altos de atividade física tinham maior chance de não terem declínio cognitivo. Mesmo níveis mais baixos de atividade física parecem trazer benefícios na diminuição de declínio cognitivo com a idade. 

Uma dieta equilibrada e evitar a obesidade também parecem contribuir com a diminuição do declínio cognitivo, embora com efeitos menos pronunciados e menos estudados do que os da atividade física.

Dificuldades de rastreio

Uma dificuldade levantada é a adoção de políticas de rastreio para déficit cognitivo em PVHIV em países com baixo ou médio nível socioeconômico, em que há escassez de recursos. Dentre os desafios, destacam-se o desconhecimento da real prevalência do diagnóstico, a falta de ferramentas específicas para PVHIV traduzidas e adaptadas para países com baixo ou médio nível socioeconômico, assim como a escassez de especialistas para o manejo dessa comorbidade. 

Atualmente, a maior parte dos guidelines recomenda o rastreio de HAND em todas as PVHIV. O guideline europeu do EACS, por sua vez, recomenda o rastreio somente em indivíduos sintomáticos.

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