AIDS 2023: Impacto do uso de estatina em PVHIV de baixo risco cardiovascular

O estudo REPRIEVE procurou avaliar o efeito de pitavastatina na redução de eventos cardiovasculares maiores na população que vive com HIV.

A 12ª Conferência do IAS 2023 apresentou os resultados principais do estudo REPRIEVE, um estudo voltado para avaliar o impacto do uso de estatina em diminuir eventos cardiovasculares em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) consideradas de baixo ou médio risco para esses eventos. 

Estudos prévios têm demonstrado que PVHIV apresentam risco cardiovascular aumentado e excesso de placas ateromatosas mesmo quando mais jovens. Ao mesmo tempo, a terapia antirretroviral (TARV) isolada não é capaz de prevenir doença cardiovascular, uma vez que ainda permanece ativação imune residual. 

Baseado nos efeitos redutores de colesterol-LDL das estatinas, assim como em sua ação na ativação imune residual e inflamação, o REPRIEVE procurou avaliar o efeito de pitavastatina na redução de eventos cardiovasculares maiores (MACE), definidos como a ocorrência de infarto do miocárdio, angina instável, acidente vascular cerebral ou acidente isquêmico transitório, revascularização arterial, doença arterial periférica ou óbito por doença cardiovascular. A pitavastatina foi escolhida por ser uma estatina de moderada intensidade, sem interação com inibidores de protease, o que a torna uma possível candidata ao uso em PVHIV. 

Os critérios de inclusão incluíram infecção documentada pelo HIV, uso regular de TARV, contagem de linfócitos T-CD4 > 100 células/mm³, idade entre 40 e 75 anos, sem história conhecida de doença cardiovascular aterosclerótica, e risco cardiovascular baixo ou moderado conforme definido por um composto de avaliação de escore de risco ASCVD e colesterol-LDL: 

  • ASCVD < 7,5% e LDL < 190 mg/dL 
  • ASCVD ≥ 7,5% e ≤ 10% e LDL < 160 mg/dL 
  • ASCVD > 10% e ≤ 15% e LDL < 130 mg/dL 

Participantes em uso de estatina, genfibrozila ou inibidores de PCSK9, ou os com cirrose descompensada foram excluídos. 

Os principais resultados do estudo, que contou com 7769 participantes e teve uma mediana de 5 anos de seguimento, são apresentados a seguir: 

– Redução de 35% na ocorrência de eventos cardiovasculares maiores vs. placebo e de 21% no desfecho composto de eventos cardiovasculares maiores ou óbitos. Os resultados foram consistentes mesmo após ajuste para outros fatores, como risco ASCVD basal, idade, etnia, tabagismo, hipertensão, LDL, nadir de CD4, duração total de TARV e região do mundo. 

– Não houve modificação nos efeitos do tratamento baseados nos níveis de LDL, sexo ou idade. 

– Houve 30% de redução em LDL no grupo com pitavastatina em comparação com nenhuma modificação ao longo do tempo no grupo placebo. 

– Os resultados mostraram um efeito maior do que o esperado com a pitavastatina do que poderia ser explicado somente pelo efeito na redução de LDL. Os fatores associados a esse maior efeito ainda serão analisados. 

– O uso de pitavastatina foi considerado seguro, sem diferença com achados encontrados em estudos prévios. Eventos adversos relacionados ao uso de pitavastatina incluem mialgia e incidência de DM. 

-O número necessário para tratar (NNT) foi de 106, mas diminuiu conforme o risco basal de eventos cardiovasculares aumenta. Para um risco > 10%, o NNT passa a ser de 35 e, para um risco de 5 – 10, de 53. 

Os autores concluem que os resultados do REPRIEVE, junto com outras evidências, sugerem que terapia com estatinas, em conjunto com mudanças no estilo de vida, deve ser considerada em PVHIV, mesmo nos com risco considerado baixo ou moderado, para reduzir eventos cardiovasculares maiores ou morte. 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.