Brasil passa a integrar coordenação para novas abordagens sobre saúde mental

O Brasil passou a integrar oficialmente o Grupo de Coordenação da Plataforma Epidemic Intelligence from Open Sources (EIOS) na gestão de 2023-2024. O objetivo central da iniciativa é fornecer recomendações estratégicas e aconselhar sobre as atividades e prioridades, além de participar da comunidade de inteligência epidemiológica, prestando assessoria técnica sobre a iniciativa do EIOS globalmente.  …

O Brasil passou a integrar oficialmente o Grupo de Coordenação da Plataforma Epidemic Intelligence from Open Sources (EIOS) na gestão de 2023-2024. O objetivo central da iniciativa é fornecer recomendações estratégicas e aconselhar sobre as atividades e prioridades, além de participar da comunidade de inteligência epidemiológica, prestando assessoria técnica sobre a iniciativa do EIOS globalmente. 

O Grupo de Coordenação é composto por doze organizações, redes e órgãos governamentais. Os membros cumprem mandatos de dois anos e, pelo Brasil, a cadeira é ocupada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS). Apenas a Organização Mundial de Saúde (OMS) possui um assento permanente. 

O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, destacou o princípio da multiplicidade como um dos carros chefes da ferramenta. “Esse princípio abraça a realidade de que sempre vai haver múltiplos sistemas de vigilância. Não é realístico falar sobre um único sistema para todo risco de saúde pública. Devemos abraçar esta ideia para que possamos alcançar nossos objetivos com êxito”, ressaltou. 

médica conversando com paciente com saúde mental afetada pela covid-19

Efeitos na realidade brasileira

Para a infectologista do Hospital Clementino Fraga Filho, Isabel Cristina Melo Mendes, que também é colunista do Portal de Notícias PEBMED, a participação do Brasil no Grupo de Coordenação é muito importante para consolidar o sistema e as ações da vigilância nacional, difundir e fortalecer o conhecimento científico produzido no país na área. 

“Além disso, a troca de informações e experiências pode levar ao desenvolvimento de novas ações que reflitam nossas necessidades. Os participantes atuais do Grupo de Coordenação incluem agências já grandemente consolidadas e com experiência na resposta a ameaças à saúde pública, como os CDCs americano, europeu e africano, mostrando a relevância internacional dos membros na coordenação do EIOS”, comemorou Isabel Mendes. 

Plataforma EIOS 

A plataforma Epidemic Intelligence from Open Sources (EIOS) foi desenvolvida pela OMS visando apoiar os países e a comunidade internacional na detecção precoce de doenças, agravos e eventos de saúde pública, propor informações para análise de riscos de surtos, epidemias ou pandemias e monitorar potenciais ameaças à saúde para direcionar medidas de prevenção e controle em tempo real. 

O sistema trabalha com fontes oficiais e não oficiais, conta com Really Simple Syndication (RSS) de notícias, grupos moderados de especialistas, entre outros. 

Vale destacar que a tecnologia do RSS permite aos usuários da internet se inscreverem em sites que fornecem “feeds” RSS, que mudam ou atualizam o seu conteúdo regularmente. Para isso, são utilizados Feeds RSS que recebem estas atualizações, desta maneira o utilizador pode permanecer informado de diversas atualizações em diversos sites sem precisar visitá-los um a um. Assim, a plataforma consegue detectar rumores de possíveis ameaças de saúde pública mais rapidamente. 

“Sistemas como o EIOS cumprem esse papel a nível global, sendo uma importante ferramenta para detecção e controle de surtos, além de promover a integração de conhecimentos produzidos em diferentes países”, pontuou Isabel Mendes. 

Como resultado, os profissionais de saúde têm acesso a informações para que possam prever rapidamente e de maneira sistematizada o sinal de um potencial surto e/ou epidemia. 

Emergência de covid-19 

O sistema EIOS rastreou o primeiro artigo relatando um cluster de pneumonia em Wuhan, na China, às 03h18 (UTC) em 31 de dezembro de 2019. A partir daí, a plataforma recebeu um imenso aumento no volume de dados desde então. 

Até o final de 2020, o sistema EIOS havia marcado 26,3 milhões de artigos com a categoria coronavírus, o que representa 85% dos quase 31 milhões de artigos importados pelo sistema ao longo do ano. 

Esse é um aumento de seis vezes em relação aos 5 milhões de artigos que o sistema ingeriu em todo o ano de 2019 – um testemunho claro da imensa quantidade de informações que acompanha a pandemia do covid-19 e um enorme desafio para os profissionais de saúde que trabalham na área de inteligência de saúde pública. 

Vigilância em saúde 

A vigilância em saúde de um país é considerada um dos pilares para a garantia do bem-estar social da população e entre as funções da vigilância está a resposta às emergências de saúde pública. Para isso, são necessárias ações de monitoramento contínuo da situação de saúde da população, país, estado, região e município, incluindo a análise do cenário, avaliação de riscos, monitoramento e análise do comportamento dos principais indicadores epidemiológicos, contribuindo para um planejamento de saúde abrangente. 

Devido à importância de uma vigilância baseada em eventos, desde 2020, o Ministério da Saúde implantou o uso de EIOS no país. Atualmente, são 490 profissionais capacitados que atuam em rotina de detecção ativa de potenciais ameaças à saúde, o que inclui enfermidades, lesões, epizootias, desastres, atos intencionais, além de monitorar quaisquer doenças desconhecidas ou incomuns. 

A SVS possui uma rede estruturada para vigilância, alerta e respostas às emergências em saúde pública composta por: 

  • Unidades de inteligência epidemiológica para detecção, verificação, avaliação, monitoramento e comunicação dos riscos associados à saúde que apóiam a resposta desses eventos; 
  • Núcleos de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, que realizam detecção, monitoramento, alerta e resposta a mudança no padrão epidemiológico detectado em âmbito hospitalar; 
  • Profissionais de diversas especialidades que podem ser mobilizados em situação de perigo iminente à saúde ou emergência em saúde pública. 

“Estamos vivenciando um tempo em que a globalização e a alteração das relações entre as cidades e natureza favorecem não somente o aparecimento de novas doenças, mas também sua rápida disseminação. A pandemia de covid-19 e os surtos em diversos países de monkeypox são exemplos desse fenômeno, que, segundo especialistas, devem continuar sendo frequentes nos próximos anos. Com isso, as ações de vigilância ganham papel especial, pois permitem detecção precoce de possíveis agravos e o direcionamento rápido de ações para diagnóstico e contenção de condições transmissíveis, diminuindo as chances de acometimento de um número maior de indivíduos”, salientou a infectologista Isabel Mendes. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • https://www.who.int/initiatives/eios https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/brasil-passa-a-compor-coordenacao-da-plataforma-201cepidemic-intelligence-from-open-sources201d

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