ESC 2023: Clopidogrel além dos 12 meses na SCA?

Estudo avaliou a DAPT após 12 meses de uma SCA em pacientes que não só tinham alto risco isquêmico, como também alto risco de sangramento.

Quando um paciente com síndrome coronariana aguda (SCA) é submetido à angioplastia com colocação de stent, as principais diretrizes orientam a manutenção de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) por no mínimo 12 meses. Contudo, em pacientes de alto risco para eventos isquêmicos, há dúvida se a manutenção da terapia por período maior agrega benefícios.

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ESC 2023: Vale a pena prolongar clopidogrel além dos 12 meses na SCA?

Novos estudos

Nos estudos DAPT e Pegasus-TIMI-54, a manutenção de DAPT com clopidogrel, prasugrel e ticagrelor mostrou uma redução dos eventos cardiovasculares maiores (MACE: IAM, AVC ou morte cardiovascular) com um NNT em torno 60 a 80:1, mas às custas de um aumento no risco de sangramento, com um NNH de 80 a 100:1. O presente estudo, OPT-BIRISK, objetivou estudar DAPT após 12 meses de uma SCA em pacientes que não só tinham alto risco isquêmico, como também alto risco de sangramento.

Fatores de risco para sangramento (um ou mais):

  • Idade > 75 anos
  • Sexo feminino
  • Anemia ferropriva
  • AVC prévio
  • DM em tratamento medicamentoso
  • DRC com taxa de filtração glomerular < 60 mL/min

Fatores de risco para evento isquêmico (um ou mais):

  • Idade > 75 anos
  • Doença multivascular
  • Uso de stent com comprimento > 30 mm
  • Lesão trombótica na coronária
  • Lesão de bifurcação necessitando de 2 ou mais stents
  • Lesão de tronco de coronária ou DA proximal
  • Troponina positiva
  • Doença aterosclerótica prévia conhecida
  • IAM ou angioplastia nos 9 meses anteriores
  • DM em tratamento medicamentoso
  • DRC com taxa de filtração glomerular < 60 mL/min

Métodos

Um total de 7.758 pacientes foram randomizados para o grupo DAPT, que manteve AAS com clopidogrel, e o grupo monoterapia, que utilizou apenas clopidogrel. A idade média da amostra foi de 65 anos, sendo 41% de mulheres.

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Resultados

O desfecho primário foi a ocorrência de sangramento conforme classificação Bleeding Academic Research Consortium (BARC) tipos 2, 3 ou 5. Esse desfecho ocorreu em 2,5% dos pacientes em monoterapia, versus 3,3% no grupo DAPT, com risco relativo de 0,75 (IC95% 0,57-0,97, p < 0,05). Quando analisados os eventos trombóticos por MACE, o risco também foi menor no grupo em monoterapia: 2,6% vs 3,5% (p < 0,05).

Conclusão

Esses resultados reforçam a ideia de que DAPT é uma estratégia temporária, durante evento agudo, por no máximo 1 ano, e que a manutenção além desse período dependerá muito do risco de sangramento: se baixo, pode manter DAPT; se alto, trocar para monoterapia, que pode ser com AAS (conforme diretrizes) ou com clopidogrel (conforme estudo atual).

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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