A colecistite aguda é uma inflamação súbita da vesícula biliar, geralmente causada pela obstrução do ducto biliar por cálculos biliares. Isso resulta em dor abdominal intensa, febre e sensibilidade na região do quadrante superior direito. O tratamento envolve frequentemente o uso de antibióticos e, em alguns casos, a remoção cirúrgica da vesícula biliar.
Neste episódio, Felipe Victer, médico cirurgião e editor-médico do Whitebook, aborda sobre os aspectos fisiopatológicos, terapêuticos e clínicos da colecistite aguda.
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Apresentação Clínica
Anamnese
Epidemiologia
- A colelitíase pode ser encontrada em 10-15% da população;
- Comumente se desenvolve na presença de doença calculosa biliar, embora também possa se manifestar na forma acalculosa em 5-10% dos casos;
- Dos pacientes com colelitíase sintomática, apenas 10-15% desenvolvem colecistite;
- A forma calculosa apresenta maior incidência em mulheres jovens, enquanto a forma acalculosa, em homens idosos, especialmente em estado crítico;
- Em gestantes, o quadro apresenta-se, principalmente, no segundo e terceiro trimestres. Trata-se da segunda razão de abdome agudo não obstétrico mais frequente na gravidez, atrás apenas de apendicite.
Quadro clínico
- Abdome agudo: Dor abdominal em epigástrio e/ou hipocôndrio direito, geralmente em cólica, podendo irradiar para a região interescapular e o ombro direito após ingesta alimentar rica em gorduras. Início súbito com aumento da intensidade e mantendo-se por um período superior a 6 horas;
- Colelitíase sintomática: Dor em região de hipocôndrio direito/epigástrio, em cólica, que piora com alimentação, especialmente de alimentos gordurosos, intermitente;
- Anorexia;
- Náuseas e/ou vômitos;
- Febre baixa;
- Calafrios;
- Sudorese;
- Dispepsia;
- Distensão abdominal;
- Pode se manifestar com poucos sintomas em idosos e crianças;
- Icterícia (15% dos casos): Justificada por edema pericolecístico (desde que bilirrubina total < 4 mg/dL), coledocolitíase associada ou, ainda, síndrome de Mirizzi (compressão extrínseca do colédoco por cálculo impactado no ducto cístico), todos apresentando hiperbilirrubinemia > 4 mg/dL.
Fatores de risco
- Colecistite calculosa:
- Sexo feminino;
- Obesidade ou perda ponderal rápida;
- Cirurgia bariátrica;
- Gestação;
- Transplante cardíaco, pulmonar ou renal;
- Progressão da idade.
- Colecistite acalculosa:
- Estado crítico;
- Grandes cirurgias, traumas ou queimaduras;
- Sepse;
- Nutrição parenteral total;
- Jejum prolongado;
- Imunossupressão;
- Portadores de HIV, H. pylori, Giardia lamblia, Salmonella typhi;
- Diabetes melito.
Exame Físico
- Abdome flácido, peristáltico, distendido;
- Dor à palpação do hipocôndrio direito (principalmente em ponto cístico: intercessão do rebordo costal direito com linha hemiclavicular);
- Sinal de Murphy: Parada súbita da inspiração durante a palpação profunda do ponto cístico;
- Massa/plastrão doloroso em quadrante superior direito (vesícula distendida);
- A ausência de sinais ao exame físico não descarta o diagnóstico de colecistite, especialmente em idosos.
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