Como fazer uma avaliação cardiovascular – parte 3: hipertensão arterial sistêmica [podcast]

Hoje, Dr. Ronaldo Gismondi fala sobre a hipertensão arterial sistêmica, o principal fator de risco para doenças cardiovasculares.

No episódio de hoje, Dr. Ronaldo Gismondi fala sobre a hipertensão arterial sistêmica, o principal fator de risco para doenças cardiovasculares. Ouça em nosso PODCAST:

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hipertensão arterial sistêmica

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Hipertensão arterial sistêmica

Hoje nós vamos para o mais comum, o principal dos fatores de risco que é a hipertensão arterial sistêmica. Idade e sexo são importantes, mas infelizmente não tem o que fazermos, pelo menos em relação à idade, não dá para ficarmos mais jovem. Mas para a pressão nós temos que fazer e a pressão está na moda. No final de 2017 os americanos inovaram mais uma vez e propuseram um corte mais baixo: você passa a chamar de hipertenso quem está acima de cento e trinta por oitenta, isso não é unanimidade, nem lá nos Estados Unidos, muito menos em outras regiões, e no Brasil a nossa diretriz – que é anterior à americana – ainda usa o corte de cento e quarenta por noventa.

Qual é o alvo ideal? Na ausência de uma unanimidade, eu trabalharia da seguinte forma: você tem um paciente jovem, com grande vida pela frente, risco alto, ele tem vários fatores e ele tolera bem o anti-hipertensivo, esse é o cara para quem você pode utilizar o limiar mais baixo. Agora você tem o doente cujo o risco não é tão alto, que é mais velho, que já usa uma penca de anti-hipertensivo, o efeito colateral não vai valer a pena, para esse você trabalha com uma meta em torno de cento e quarenta por noventa. Nós temos não só um texto e um vídeo sobre a diretriz americana, como sobre a hipertensão, suas metas, inclusive uma revisão clínica sobre o assunto.

Qual seria a logo inicial de escolha para controlar a pressão arterial? Nós temos três opções: os tiazídicos – vamos lembrar, o americano usa o clortalidona, que é mais potente e tem meia vida maior que a hidroclorotiazida, mas não está na farmácia popular. Vocês podem usar ieca e bra, será que ieca e bra são iguais? Se você perguntar a quem estuda hipertensão, ele vai dizer que ieca libera bradicinina, e que esta tem um efeito de proteger o endotélio e vasodilatar – esse, inclusive, é o princípio de ação da nova droga para cardíaco o sacubitril. Mas não temos evidência de que usar o ieca ao invés do bra reduz o risco de infarto ou do derrame, então na ausência dessa evidência, pode ser ieca ou bra. Lembrar que o nosso bra da farmácia popular, a losartana, abaixa o ácido úrico, mas a losartana tem um problema: é um pouco menos potente que os outros bras. Tiazídicos, ieca ou bra, e bloqueador do canal de cálcio.

Qual bloqueador? Amlodipina e seus parentes. Os tienopiridínicos. E cá entre nós: esqueçam a prática intensivista, no ambulatório não comecem com dez miligramas, senão o paciente vai inchar o pé e não vai voltar em você, ou não vai querer tomar mais o remédio. Anlodipínicos devem ser começados aos poucos e se você passar de cinco miligramas, não esqueça de ter um diurético associado porque senão você vai encontrar edemas de membros inferiores, especialmente em quem é mais velho e quem é branco.

Lembrar que em negros – negros daquele padrão da pele mais escura, não o mulato – o tiazídicos e os bloqueadores do canal de cálcio funcionam maior, tem mais resultado clínico e podem ser uma opção inicial a ieca e bra. Lembrem de usar as medidas domiciliares da pressão, mas que em casa, aí sim, a meta é menor. Se você optou por usar por cento e quarenta e noventa no seu consultório, em casa é em torno de 130 por 80, e é isso que as diretrizes de mapa IRMPA mostram para você.

Medir em casa, de um modo sistemático e não só quando passa mal, pode ser uma ferramenta importante para te ajudar porque no dia da consulta, a pressão pode estar alta porque te viu, é o efeito “jaleco branco”, e tem uma situação menos comum, mas que pode acontecer, o doente só toma o remédio quando vai no médico. Então ela está boa com você, mas está ruim em casa. Eventualmente o estresse e a apneia do sono também fazem a hipertensão aparecer em casa, mas não no consultório; apneia especialmente importante para hipertensão noturna.

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