Covid-19: cuidados com as famílias dos infectados

A família possui um encargo emocional grande na prática de cuidado e tratamento da Covid-19, por isso, é necessário oferecer apoio.

A relação das famílias brasileiras com a pandemia da Covid-19 passou por diversas áreas, dentre elas, esferas do governo e organizações envolvidas para resolver o grave problema de saúde pública, o que gerou muita tensão nos lares de todo país. Notícias falsas e o excesso de informações causaram uma onda de temor, enquanto o cuidado e o acolhimento com essas famílias pouco foi estabelecido. 

O colapso diante de tantas infecções, trouxe a incerteza quanto ao adoecimento de seus familiares, gerando uma necessidade de atenção à saúde desses entes. A família é uma importante aliada no processo de tratamento, colaborando, inclusive, com a equipe de saúde. Portanto, ações de cuidado precisam ser desenvolvidas para cuidar dos familiares  dos usuários confirmados.

Como seria cuidar dos familiares de um indivíduo infectado pela Covid-19?

O uso da tecnologia e disponibilidade de informação para esse momento é fundamental. Por isso, o atendimento online, via WhatsApp ou outra plataforma digital, facilitou a comunicação das equipes de saúde com os familiares. Na verdade, esse processo pode ser dividido em dois momentos: cuidado familiar de usuários internados no intra-hospitalar e no extra hospitalar. 

De acordo com Lima, Brêda e Albuquerque(2013), a família sempre ficou à margem dos cuidados que são realizados em prol da saúde mental, sendo necessário a própria buscar o serviço de atendimento. Hoje, entende-se que o acolhimento e cuidado da família é fundamental para a constituição terapêutica do sujeito e para o cuidado da comunidade.

Cuidados com o isolamento em casa após infecção da Covid-19: 

Quando o usuário é infectado e o quadro clínico não é agravante, é recomendado realizar o isolamento em casa. Nesse caso, os familiares vão precisar de alguns cuidados não só para o indivíduo infectado: 

  • Orientação: ter o conhecimento e direcionamento correto para tomar os devidos cuidados e se proteger; 
  • Isolamento: é importante indicar que a pessoa contaminada fique isolada em um cômodo da casa, sem contato com outras pessoas; 
  • Máscara é indispensável: todos os moradores da casa devem ficar o tempo todo de máscara, sejam eles infectados ou não;
  • Banheiro compartilhado: caso só haja um banheiro, após a utilização da pessoa infectada, a mesma deve desinfectar o local com álcool 70% ou solução de água sanitária 50 ml + 950 ml de água. É necessário passar na tampa do vaso sanitário e em todos os outros locais possíveis. Se a pessoa for idosa,  o familiar deve dar o suporte, utilizando os EPIs; 
  • Cuidados gerais: panos úmidos com água sanitária devem ser colocados em todos os cômodos para desinfecção local;
  • Utensílios: talheres e copos devem ser descartáveis ou separados especificamente para as pessoas infectadas. 
  • Roupa de cama: deve ser isolada até que a pessoa se recupere, sendo higienizada de forma separada, não podendo ser lavada com roupas de casa;
  • Medicamentos: devem ser ofertados em copos descartáveis e evitando o contato direto com a pessoa;
  • Descartes: o lixo que deve ser específico para a pessoa infectada;
  • Mantenha distância: ao conversar com o familiar infectado, é recomendado e seguro manter a distância de, pelo menos, 1,5m. Afinal o tempo de isolamento é necessário;

Ações de cuidado com a família

A família possui um encargo emocional grande na prática de cuidado, por isso, é necessário oferecer apoio. Muitos necessitam realizar o cuidado com medidas de segurança e outros aguardam seus entes queridos hospitalizados. Os familiares constituem medos diversos, da morte, da perda, da infecção, da incerteza e tantos outros sentimentos. Por isso, nessas situações é necessário acolher a família com alguns cuidados que podem ser realizados:

  • Realize o acolhimento com os familiares;
  • Tranquilize os familiares e apresente as medidas de segurança;
  • Explique a condição de saúde dos usuários internados ou isolados;
  • Avalie o estado de ansiedade dos familiares;
  • Avalie possíveis alterações alimentares ou no sono;
  • Indique atividades possíveis que possam ser realizadas e reduzam o nível de estresse;
  • Realize periodicamente atendimento aos familiares;
  • Integre os familiares em grupos de divisão de experiências;
  • Utilize a tele-enfermagem e meios de comunicação para dar atenção à saúde desse público;
  • Estimule atividades individuais de autocuidado.

A pandemia trouxe inúmeros desafios, por isso, terapias aos familiares e pessoas infectadas possuem profunda importância. O site do Ministério da Saúde disponibilizou um canal para escuta ativa de pessoas com fragilidade psíquica relacionada, o que pode ajudar em diversos quesitos enquanto passamos pelas ondas da Covid-19. 

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Referências bibliográficas:

  • Lima CB, Brêda MZ, Albuquerque MCS. Acolhimento ao familiar da pessoa em sofrimento psíquico nos estudos de enfermagem. Rev Bras Promoc Saude, Fortaleza, 26(4): 571-580, out./dez., 2013.
  • SILVA, Isabela Machado da et al . As relações familiares diante da COVID-19: recursos, riscos e implicações para a prática da terapia de casal e família. Pensando fam.,  Porto Alegre ,  v. 24, n. 1, p. 12-28, jun.  2020 

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