A enxaqueca é uma condição neurológica crônica caracterizada por dores de cabeça intensas e recorrentes, geralmente acompanhadas de outros sintomas, como náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som.
Neste episódio, o médico generalista e editor-médico do Portal PEBMED, Johnatan Felipe, foca nos cuidados terapêuticos para essa condição clínica. Confira!
Apresentação Clínica
Anamnese
É fundamental caracterizar a dor por tipo, localização, início, intensidade, tempo de ascensão, duração, frequência das crises, irradiação, fatores desencadeantes, de exacerbação e de alívio.
Sintomas associados (náuseas, vômitos, principalmente febre, rebaixamento do nível de consciência, perda de força muscular, disartria e outros); premonitórios; aura; trauma recente; uso de medicamentos; comorbidade; fatores ambientais relacionados; relação com período menstrual e/ou gestação; antecedentes pessoais e familiares; e impacto na qualidade de vida.
Cefaleia Tensional (CT)
Quadro clínico: Basicamente, existem três tipos de CT: a episódica infrequente, em que os ataques ocorrem < um dia por mês; a episódica frequente, em que as crises se manifestam de 1-14 dias por mês; e a CT crônica com dores de cabeça ocorrendo> 14 dias por mês.
Principais características clínicas:
- A maioria das crises se inicia no período da manhã, e a progressão ao longo do dia é comum;
- Início noturno deve fomentar investigação adicional;
- O gatilho mais comum para a dor é estresse físico ou mental, além de desidratação, alteração dos padrões normais de sono, abstinência de cafeína e flutuações hormonais;
- A CT pode coexistir com a migrânea com aura, com o paciente apresentando tipos distintos de crise.
Migrânea (Enxaqueca)
Quadro clínico
- Sintomas premonitórios: Sintomas que ocorrem cerca de 24-48 horas das crises: bocejos, euforia, depressão, irritabilidade, constipação, fissuras alimentares e rigidez de nuca;
- Aura: Cerca de 25% dos migranosos apresentam aura, que pode ocorrer antes ou durante a dor. Os sintomas podem ser positivos – visuais (escotomas cintilantes, objetos geográficos), auditivos (zumbido, músicas) e somatossensitivos (queimação, parestesia) – ou negativos (perda da visão, audição ou da força em determinada região do corpo);
- Cefaleia: Normalmente unilateral, característica latejante, associada a foto, fono ou osmofobia. O quadro álgico geralmente é acompanhado de náusea e vômitos;
- Pósdromo: Após a resolução da dor, o paciente sente-se cansado, e movimentações súbitas podem retornar a dor. É normal a pessoa se sentir exausta nessa fase.
Fatores desencadeantes
- Estresse emocional;
- Chocolate;
- Hormônios (estrogênio);
- Menstruação;
- Nitratos;
- Vinho;
- Aspartame;
- Privação de sono.
Complicações
- Status migranoso: Crise com duração de mais de 72 horas;
- Aura persistente sem infarto é definida por sintomas de aura que persistem ≥ 1 semana, sem evidência de infarto em neuroimagem;
- O infarto-enxaqueca é definido por uma crise de enxaqueca, ocorrendo em um paciente com enxaqueca com aura, na qual um ou mais sintomas de aura persistem por mais de 1 hora e a neuroimagem evidencia um infarto em uma área cerebral relevante;
- Convulsão desencadeada por aura de enxaqueca é uma convulsão desencadeada por uma crise de enxaqueca com aura.
Exame Físico
No exame cefaliátrico, é importante a inspeção estática e dinâmica da cabeça e região cervical, além da palpação (e percussão) dos ossos (frontal, maxilar e mandibular), articulação temporomandibular, músculos da cabeça e pescoço, nervos periféricos, artérias (carótida comum e temporal) e globo ocular. Ausculta das artérias carótidas com a campânula do estetoscópio.
Saiba mais conferindo o episódio completo do podcast do Whitebook. Ouça abaixo!