A doença arterial coronariana (DAC) multiarterial está presente em metade dos pacientes com SCACSST e está associada a risco aumentado de IAM recorrente e mortalidade. O tema foi um dos destaques do terceiro dia do congresso ESC 2023, em Amsterdã, com a apresentação dos resultados de o trial MULTISTARS AMI.
O estudo COMPLETE demonstrou que entre pacientes com SCACSST e DAC multiarterial, a revascularização completa foi superior à intervenção coronariana percutânea (ICP) apenas da lesão culpada quanto à redução de eventos isquêmicos e morte. A diretriz da ESC orienta a revascularização de rotina de lesões remanescentes antes da alta hospitalar, mas o momento ideal é incerto.
Métodos
O estudo randomizado, controlado, multicêntrico europeu, MULTISTARS AMI, investigou se a revascularização completa imediata no momento da ICP primária foi não inferior à ICP estagiada (dentro de 19 a 45 dias) entre pacientes hemodinamicamente estáveis com DAC multiarterial (definida como pelo menos uma lesão coronariana com diâmetro ≥70% estenose na angiografia coronária baseada na estimativa visual em uma coronária não culpada de ≥2,25 mm e ≤5,75 mm de diâmetro) após SCACSST e ICP da coronária relacionada ao infarto. 840 pacientes foram alocados 1:1 para ICP imediata ou estadiada. O desfecho primário foi um composto de morte por todas as causas, IAM não-fatal, acidente vascular cerebral (AVC), revascularização não planejada por isquemia ou hospitalização por insuficiência cardíaca (IC) dentro de um ano após a randomização.
Resultados
Em um ano, o desfecho primário ocorreu em 35 pacientes (8,5%) no grupo ICP imediata e em 68 pacientes (16,3%) no grupo estadiada (taxa de risco 0,52; [IC] 95% 0,38 a 0,72; p<0,001 para não inferioridade; p<0,001 para superioridade). O tempo médio desde a randomização até os procedimentos estadiados foi de 37 dias (intervalo interquartil 30-43). IAM não fatal ocorreu em 8 pacientes (2,0%) no grupo imediato e em 22 pacientes (5,3%) no estadiado (taxa de risco [HR] 0,36; [IC] de 95% 0,16 a 0,80), e revascularização não planejada causada por isquemia foi realizada em 17 pacientes (4,1%) no grupo imediato e em 39 pacientes (9,3%) no estadiado (HR 0,42, IC 95% 0,24 a 0,74). Morte por todas as causas, AVC e hospitalização por IC não diferiram entre os grupos.
Conclusão e mensagem prática
Este trial tem implicações para a prática clínica, pois demonstrou que a ICP imediata de lesões não culpadas é tão eficaz e segura quanto a estadiada para reduzir mortes e eventos isquêmicos. Os resultados foram consistentes em todos os subgrupos pré-especificados, particularmente entre mulheres e homens, jovens e mais velhos e em diabéticos e não diabéticos.